Tormenta

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– Eleanor... você... você disse que estava tudo bem, esqueceu?

– eu estava com uma adaga cravada em meu corpo, Urick. Como eu poderia estar bem? Você não merece o Soldado, não mercê ser perdoado, acha justo continuar vivendo enquanto eu morri injustamente? Você era o prodígio deles, você era o melhor que habitou naquela cidade, tudo isso aconteceu porque você quis fugir

– você disse que viria comigo e que não ligava para a punição! Só queria sair daquela tormenta!

– eu disse aquilo porque amava você r queria te apoiar! Não sabia que isso custaria a minha vida

– Eleanor... me perdoe, por favor –as lágrimas escorrem pelo meu rosto pingando na ponta da minha bota

– você não merece ser perdoado, Urick. Você cometeu um crime de sangue, sua punição é a morte e você fugiu dela. Só Só acabar quando estiver morto

Eleanor some diante dos meus olhos. Atordoado, volto a andar pela mata tentandoanter a calma e parar minhas lágrimas que não se cansam de escorrer pelo meu rosto.

...


A mata começou a ficar mais escura que o normal, a noite está chegando. Continuo minha caminhada até a luz da lua toma a floresta, mesmo sendo uma iluminação fraca, é o suficiente para enxergar algo.
Novamente uma gritaria começou, muitas vezes falavam em bom e alto som e não descobri de onde vem.
No meio de toda essa gritaria, surge uma voz que conheço muito bem, afinal, é linha própria voz.

Ao olhar para trás não vejo nada, mas ao me virar para frente, me assusto ao me ver. Seu sorriso maligno me causa arrepios e suas mãos mãos sujas de sangue, os olhos totalmente pretos e a aparência completamente decaída.

– que tal parar de brincar de salvador e aceitar quem você realmente é?

– e o que eu sou? –pergunto a mim mesmo

– você é Colby, também chama de Soren por poços distantes. Urick foi apagado assim que chegou a cidade dos magos. Você é um prodígio, Soren, o que fez com a gente?

– eu me libertei

– se libertou mesmo? Isso é liberdade para você? Éramos livres, Colby, fazíamos oque bem entendíamos e nao éramos punidos por isso, as pessoas nos temiam, éramos respeitados. Por que abriu mão de imenso poder para ser peregrino? Eu sinto falta do que tínhamos, eu sei que você se lembra de tudo. Se não se rebelasse, Eleanor ainda estaria viva

– justamente por isso que fugi, por que não éramos livres! Eu cresci atrás daqueles muros sem saber quem era meu pai e minha mãe, se eu tinha irmãos ou alguém esperando por mim dia após dia! Eu crescu vendo pessoas morrerem por nada e cresci no meio de magias perigosas e rituais de indicações insanos para obtermos o poder no necromante ao nosso favor. Eu nunca fui livre naquele lugar

– mas também não é livre agora

– eu conheço o mundo. Talvez não todo ele, mas eu vi tanta coisa –digo encantado

– você pode fugir para onde quiser, Colby, mas o seu cárcere está em um lugar de onde você jamais poderá escapar. Sua mente

– pare de me chamar de Colby! Este não é o meu nome, e também não é Soren, meu nome é Urick e sempre foi Urick

De repente meu corpo inteiro estremeceu e uma pontada violenta atinge meu peito ao ponto de meus joelhos encontrarem o chão.
Consigo sentir minhas pupilas dilatarem ocupando todo espaço branco do meu olho, meu coração acelera cada vez mais, a sensação que tenho é de que ele vai explodir.
O ar acaba e com toda a força o puxo tentando leva-lo aos meus pulmões, meu ouvido está zunindo e as vozes na minha cabeça começam a gritar coisas ruins sobre mim

"Assassino, traidor, você não mercê ser perdoado, você nunca poderá salvar alguém, traição causa sangue"

As imagens da morte de Eleanor não param de passar pela minha cabeça, como se aqui, agora deitado no chão sofrendo de dor, pudesse ver e reviver o momento. Começo a tossir, estou cuspindo sangue, ele mancha a terra, assustado encaro aquele sangue no chão sentindo o gosto metálico em minn boca. Estou morrendo de medo, pois não sei o que está acontecendo comigo.

Estou morrendo?

Estou perdendo os sentidos e os movimentos, não sinto minhas pernas e nem meus braços, a única coisa que consigo mover são meus dedos.
Ainda puxo o ar, de uma forma mais lenta, mas não perdendo as esperanças, minha visão fica embaçada querendo escurecer, será que vou morrer aqui e agora?

De repente, vejo botas diante de mim, levanto meus olhos enxergando a silhueta de um homem mas não vi quem era. Esse homem põe a mão em minha testa e imediatamente as vozes se calam e um silencio ensurdecedor reinou. Também, voltei a respirar normalmente, uma respiração profunda e calma. E então, eu apago no meio da mata.

Manhã seguinte


Estou ajoelhado diante do rio em total desespero, fugi de Aki ao perceber que meus surtos iriam começar. Ao ver meu reflexo na água, pude perceber que meus olhos estão pretos e meu proprio reflexo sorri para mim.
Com ódio, começo a cometer o ato mais inútil de socar a água no meio de gritos de ira, até que me canso.

– eu não estou no reflexo da água, estou dentro de você, me deixe guiar você

– não! Vai embora!

– eu não posso, Soren. Eu sou você e você sou eu

Sem pensar, sem hesitar, me lanço dentro do rio permitindo meu corpo afundar até chegar a areia. Lá, fico sentado abraçando minhas pernas, ckm os olhos fechado, solto o ar deixando as bolhas subirem, de repente sinto uma sensação de alívio expandir pelo meu peito, ao abrir meus olhos, vejo eu mesmo nadando na minha direção com a expressão mais maligna e cruel possível.

Eu nada fiz, apenas deixei ele vir até mim e acabar com isso de uma vez.
Mas outra pessoa entra na água e, me puxa pelo braço até a superfície fazendo o meu próprio eu se desmanchar a medida que vou sendo arrastado para a superfície.
Esse alguém é Aki, ele me põe novamente à margem do rio me arrastando ao subir primeiro que eu.
Quando consegue, toda a água que engoli meu corpo me faz por para fora através de fortes tosses

– o que estava fazendo?! –perguntou Aki nervoso com a situação

Nada respondi, mas Aki me tomou em um abraço e todo o choro preso naquele momento se soltou. Foi a primeira vez em dois anos que alguém me viu chorar depois de Eleanor.

Acordo deste sonho, que mais me é una lembrança, pois a poucos anos atrás, Aki realmente me salvou de una possível morte provocada por mim mesmo. Minha mente reorganiza todos os acontecimentos de ontem a noite, me lembro de ver um homem e ele acalmar toda o mar revolto que estava dentro de mim. Lembro de cuspir sangue, mas ao limpar meus lábios, percebo que não há sangue neles, talvez ele tenha secado... molho mais lábios com minha língua para tornar mais fácil de limpar, mas novamente nada sai, meus lábios estão limpos.

Aquele homem... aquele homem cuidou de mim? Quem ele era?

O Homem que fala através do vento Onde histórias criam vida. Descubra agora