O culpado

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Então sua pele que antes estava intacta e com cor, se tornou pálida novamente, deus lábios rodados tomaram um tom roxo e seus olhos opacos de imediato apareceram ocultando o brilho que eu achei que tivesse. A mesma me toma em um abraço, ainda imóvel não devolvo o mesmo então ouço o som de uma lâmina rasgando a pele, Eleanor se separa de mim mostrando a espada atravessada em sua barriga, o sangue manchou suas vestes brancas tingindo a região rapidamente de vermelho.
O sangue escorreu de sua boca e uma lágrima escorre pelo seu rosto

– você só pensou em si, Urick, dizia me amar mas por que fez isso comigo?

– eu não tive escolha! Me perdoe, Eleonor. Será que não pode me perdoar?

– pense em tudo que já fez, Urick. Sacrifícios, cultos, magia, assassinato, acha mesmo que isso tem perdão? Você está marcado como mago vermelho para sempre

– Aki vai me ajudar a mudar isso! –gritou no meio da mata

– Aki? –a mesma sorri– acha justo você ter a oportunidade de mudar de vida e eu não? Paguei com sangue a sua liberdade, você não merece viver

– não... –lágrimas escorrem pelo meu rosto por tamanha tristeza– não fala assim

– você é perdido Urick, não tem lugar de pertencimento. Acha mesmo que Aki quer carregar um renegado para cima e para baixo? –sua voz que antes era suave se transformou em uma voz grossa, como a voz de um monstro, como se fosse várias vozes dentro de uma só, então Eleonor se desfigurou e surgiu o mago negro na minha frente, Erebus

– você. Claro que é você!

– quanto tempo, Urick –o mesmo me olha de cima a baixo– acho que suas mãos estão sujas

Olho para minhas mãos vendo que estavam sujas de sangue, ele pingava no chão enquanto escorria entre meus dedos, eram como se minha mão fosse uma fonte que jorrava sangue

– suas mãos sempre estarão sujas de sangue, Urick, porque é isso que você é. Um assassino

– você me obrigou –digo entre dentes– você e os outros sete! Vá embora! Eu não quero você aqui

– eu não estou aqui, Urick. Eu estou na sua mente

Com uma risada maléfica ele desaparece na escuridão, olho para todos os lados vendo que a noite estava normal como antes, de imediato olho para minhas mãos que não estão mais banhadas de sangue
Não dá para descrever o alívio que sinto ao perceber que era apenas mais um delírio, porém meu coração está cada vez menor e mais doído, preciso arrumar um jeito de parar esses delírios, preciso melhorar, preciso ficar são.
Vejo o sol raiar essa manhã, aqui estou eu sentado na grama recuperando o fôlego que havia perdido toda essa madrugada, o cansaço atingiu meu corpo e minhas mãos não param de tremer

– já está de pé, Urick? Está muito cedo –disse Zion, o aldeão, aparecendo atrás de mim

– bom dia, Zion, não conseguiu dormir essa noite? Você geralmente é um dos últimos a acordar depois do Benjamin, o que houve?

– tive uma noite ruim, estava muito quente essa noite

– eu também não consegui dormir muito bem, fomos parceiros da insônia essa noite

Logo os outros foram saindo de suas casas um atrás do outro e de repente todos começaram a correr em direção ao bosque e outros em direção ao campo. Eu e Tik nos levantamos indo na direção de um deles para perguntar oque havia acontecido

– o que aconteceu? –perguntei

– Hakon encontrou um corpo no bosque, um dos nossos –disse o aldeão

Aki, Aksel, Akira, e Catherine acordaram logo em seguida com toda essa confusão, Hakon voltou com o corpo o pondo deitado no meio do campo, ele estava muito machucado e estava sem uma perna, e oque doeu mais ainda, principalmente para Zion, é que este corpo pertence a Benjamin

– não... Não! –gritou Zion se lançando em cima do corpo– Benjamin, por que? Por que tinha que ser você? –o mesmo se pergunta chorando

Todos estamos comovidos e tristes com essa perda, mesmo estando com eles a dois meses qualquer coisa que acontecesse a um deles é motivo de tristeza, pois nos apegamos a cada um.
Algumas horas depois fomos enterrar seu corpo no canteiro de flores amarelas, cada um deixou uma flor amarela em cima de seu túmulo.

– quem pode ter feito isso? Ou quem?

– é difícil dizer –disse Hakon

– não é –Zion olha para mim com olhar de fúria. Ele se levanta vindo agressivamente na minha direção fazendo eu me afastar do mesmo– você. Por que acordou primeiro que todos esta manhã?

– eu expliquei a você, não consegui dormir. E mais, antes de mim, Hakon e os outros já estavam acordados, eu não não o único

– eu devia mesmo confiar em um renegado?

– Zion –repreendeu Hakon

– Zion –incrédulo permaneço o encarando– eu não fiz isso

– não devíamos ter trago ele para cá! Se ele não estivesse aqui, Benjamin ainda estaria vivo! Colocamos um assassino entre nós! –gritou Zion no meio da aldeia

– Zion! –a voz de Hakon se elevou a dele– entendo que está atônito pela morte do seu amigo, mas culpar alguém é algo grave demais, ainda mais acusando-o pelo seu passado

Zion se retira de nosso meio indo pata qualquer outro lugar onde eu não estivesse.

– não se importe com o que ele diz

Hakon põe a mão em meu ombro mas bruscamente a tiro me retirando também do local, indo para uma direção oposta a de Benjamin

Catherine narrando

Eu nunca vi Urick tão alterado como ele está agora. Isso me assustou, ainda mais as acusações que Zion fez dele.

– eu converso com ele –disse Aki– vá ver como está Zion, ele também precisa de amparo

Ambos se retiram, Aki seguiu pelo lado de Urick e Hakon seguiu pelo lado de Zion enquanto os aldeões retiravam o corpo de Benjamin para enterra-lo na mata.

A manhã de hoje não foi nada alegre, ninguém cantou, riu ou comeu direito, pelo contrário, houve choro, tristeza e desânimo entre eles. Hakon é o único que estava se mantendo forte pelo povo, pois eles precisam de uma referência, mas eu vi em momentos de isolação que o próprio Hakon se retirava do meio do povo e ia chorar sozinho no bosque.
Sei disso porque o vi algumas vezes fazendo isso.
A

kira consolava os outros, Aksel tentava distrair Mel dos acontecimentos brincando com ela, foi até bom, pois ele mesmo se poupa do clima pesado.

Uma nuvem de dúvida paira sobre nossas cabeças. Quem ou o que fez isso? E por que?

Em seguida, Aki retornou com Urick, eles se juntam a mim e e outros aldeões que me acompanham

– eu não fiz isso...

– nós sabemos, Urick –disse uma jovem aldeã interrompendo sua fala– não se importe com oque Zion diz, ele só está nervoso

– eu sinto muito –lamentou Urick

Após isso, Hakon para ao nosso lado com Zion, ele o põe frente a frente xon Urick, Zion está de cabeça baixa e não consegue olhar Urick nos olhos

– desculpa. Eu não queria ter dito aquelas coisas a você. Estava nervoso e querendo respostas. Pode me perdoar?

Segundos de silêncio se formam, Urick o encara seriamente enquanto Zion aperta os olhos esperando um não sair de sua boca

– sim. Eu perdoo você –disse Urick

Surpreso, Zion levanta a cabeça com os olhos arregalados. Ele sorri para Urick e para Hakon demonstrando alívio e felicidade

– estou orgulhoso de você, filho –disse Aki apertando seu ombro

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