Aflições

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– Aki, eu ouvi seus pensamentos. Você disse que estava segurando com toda a força no pouco de fé que ainda lhe resta. Se está sem esperança, por que ainda tem fé? Isto é possível?

Fico pensativo diante de suas falas

– não deixe seu coração enganar você, Aki, não permita que sua mente lhe confunda

– obrigado por vir me salvar. Espero que saiba o quanto sou grato

– eu sei. Em breve vai escurecer, encontre um lugar para descansar, você teve uma batalha árdua

Com um sorriso o agradeço mais uma vez, sigo meu caminho mas, ao olhar para trás, o Soldado havia desaparecido.
Ao crepúsculo da noite, estava abrigado debaixo de uma grande árvore velha. Meu corpo esta dolorido por causa dos golpes e não sinto fome alguma, apenas sono

...

Acordo sentindo cheiro de pão saindo do forno, talvez seja meu estômago me fazendo sentir coisas como forma de protesto por eu naonter comido nada ontem a noite.
Abro meus olhos sentindo o incômodo da luz solar entre as folhagens, ao perceber oque está diante de mim, perceno que não é coisa da minha cabeça, há realmente um pão assado em cima de um pano e um copo de água. Uma fina camada de fumaça sai do mesmo mostrando ainda estar quente.

Ao tomar o alimento em minhas mãos, vejo que há una marca no copo, uma letra S.

– muito obrigado, Soldado –agradeço a ele levantando o copo para cima enquanto olho para as folhagens das árvores que cobrem os céus

De imediato, uma brisa atinge meu rosto me dando a entender novamente que era ele.

Aksel narrando

Três dias... ‭‭já faz três dias que estou em profunda angústia e agonia. Não consigo mais diferenciar oque é dia e o que é noite, pois tudo se tornou escuridão para mim. Por que? Por que tenho que passar por esta angústia de novo? Novamente a depressão me rodeia, novamente minhas lágrimas regam meu rosto, novamente meu peito é apertado pela dor e meu coração massacrado pela terrível angústia e andando andando tristezas profundas me encontro.

Não se importa com meu choro que dura dia e noite sem cessar? Já não tenho mais lágrimas para chorar, os soluços doem meu peito e a falta de lágrimas em meus olhos. Este vale é a própria opressão, eu não me sinto vivo, sou apenas um corpo me arrastando tentando achar a saída daqui.
Soldado, dia e noite clamo diante de ti. Chegue à tua presença ao meu pedido de ajuda, inclina os ouvidos ao meu pedido de socorro. Pois a minha alma está cansada de males, e laços de morte me surpreenderam e prendem minha alma a ponto de eu não pensar em outra coisa a não ser a morte como um alívio para meu sofrimento.

Sou contado com os que vão para a cova; sou um homem sem força, jogado entre os mortos; como os feridos de morte que estão na sepultura, dos quais já não se lembras; são desamparados de tuas mãos. Você me pôs na mais profunda cova, estou preso e não vejo como sair. Os meus olhos desfalecem de aflição; dia após dia, venho chamando por ti. Você vai tomar a minha dor? Você vai mostrar sua bondade para mim? Você vai me tirar daqui?

Mas eu, lhe imploro por socorro. Por que rejeita a minha alma angustiada e oculta de mim o rosto? Apareça mais uma vez, me tire daqui! Ando aflito e prestes a expirar desde muito novo; os terrores deram cabo de mim. Eles me rodeiam como aves de rapina continuamente, a um tempo me circundam. Para longe de mim você levou meus amigos, agora, meus conhecidos novamente são as trevas. Por que quer que eu passe por isso novamente? Você me tiroj do abismo para me jogar nele de novo.

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