Mørke

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*Este capítulo conta sobre a vida de Urick antes de sair da cidade de Nitron, onde foi criado como um mago vermelho.*
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Ouço os gritos desesperados da minha mãe enquanto incansavelmente tenta ultrapassar os fortes homens usando capas vermelhas que faziam uma espécie de barreira para que ela não passasse. Ela grita meu nome, eu grito por ela enquanto estou sendo arrastado contra minha vontade por homens desconhecidos depois do meu pai me vender por tão pouco.

Nossa família estava passando por um período de miséria, a única gota de azeite e o único pó de farinha cesaram no dia anterior. Morreríamos de fome.
Magos vieram a nossa terra em busca de crianças para uma causa grandiosa no futuro. Muitws famílias escondiam suas crianças e outras as vendiam como se fossem mercadorias baratas. Eu era um deles.
Ofereceram um quilos de prata a meu pai para que ele sobrevivesse, em troca, eles teriam a mim

– como sabem que estamos miseráveis e que morreremos de fome? –perguntou meu pai de maneira grosseira

– somos poderosos, nossos amigos nos deixam a par de tudo. E então? Temos um acordo? A criança ficará bem. Será bem alimentada e terá um lugar para dormir, nunca estará sozinho, eu, Erebus, me comprometo

– eu nunca vou permitir! –bradou minha mãe encarando os magos– meu filho é apenas uma criança, não posso entrega-lo de bandeja às mãos do carrasco!

– seu filho é um prodígio nato. Uma criança com um potencial incrível como o dele não pode se desperdiçar desta maneira. Deveria se sentir honrada, dentre milhares de crianças, escolhemos o seu filho

– não. Eu não vou permitir

– podem leva-lo –decidiu meu pai

Minha mãe o encarava com desgosto enquanto lágrimas molhava seu rosto. Ele se justificou dizendo que não morreríamos de fome e que eu ficaria bem, estaria em segurança.

Mal sabe ele!

Eu gritava, chorava, chamava por minha mãe enquanto me arrastavam até seu cavalo branco. Com facilidade me puseram no cavalo e me levaram para longe de meus pais. A última coisa que eu vi foi minha mãe cair de joelhos e emitir um grito de dor tão grande que posso jurar que os pássaros que vivem nas árvores voaram para longe.

Depois de várias horas cavalgando eu havia parado de chorar, mas a tristeza em meu coração fazia um buraco em meu peito criando um vazio desde já.
Paramos diante de muros altos e cinzentos, muito altos. Os grandes portões de ferro se abriram, não havia nenhuma brecha, ou grade para que eu pelo menos pudesse ter a chance de escapar.

Nos encaminharam a uma sala completamente escura onde a única iluminação era feita por diversas belas de vários tamanhos penduradas na parede com a ajuda de apoios de ferro.
Lembro de ver Erebus fechando os olhos buscando total concentração para executar algo, a primeira criança era uma menina, chamada Eleonor, ele a deu de beber em um cálice de bronze e então posicionou seus dedos em sua testa. A garotinha caiu desmaiada no chão depois de emitir sons de choro.

Assustado eu esperava minha vez enquanto as outras sete crianças passavam pelo procedimento.
Chegou a minha vez, ele me deu de beber do cálice, o gosto era amargo, não pude ver oque era porque o local estava mal iluminado, mas afirmo com clareza que não era sangue.
Seus dedos se posicionaram em minha testa e então, eu também desmaiei e não vi mais nada.
Lembro-me de despertar em um quarto gelado onde outras crianças também estavam.

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