O fim da misericórdia

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– olha, eu não estou nisso, eu realmente não quero morrer –disse Urick

Sem me importar com que Urick disse, saio detrás das moitas indo diretamente para onde todos estão na aldeia. Urick tenta me segurar, mas não houve sucesso.
Sem alternativas, ele e os outros me acompanharam, ando tranquilamente até ficar perto suficiente para que eles possam me ver, e, ao me verem, o foco deles se voltou a nós.

Eles também se prontificam, esperando qualquer movimento ou ação nossa, atentos e sedentos por sangue nks encarando profundamente eles não desviam o olhar.

– olha –diz o homem de coque anos um tom de deboche apontando para Akira– já nos encontramos antes. E a sua amiguinha também –ele aponta para mim e suspira frustrado– a gente teria se divertido tanto se seu namoradinho não tivesse interrompido

– seu... –Akira tenta avançar em sua direção mas Aki o impede– eu vou matar você!

– a oportunidade está aberta –ele abre os braços mostrando estar vulnerável sem nenhuma proteção– mas não garanto que consiga

– não dê ouvidos a ele, é isso que ele quer. Quer te causar raiva para tomar uma atitude inconsequente

O homem ri diante da situação enquanto me tira de cima a baixo. Urick sacou sua espada mesmo que ele não tenha dado sinais de que ele iria fazer algo

– não matem ela, ela virá conosco junto com as outras –disse o homem aos seus companheiros– o resto, matem todos

– eu juro pela minha vida que para levarem ela terão que me matar. E acreditem, eu não caio tão fácil

O homem se espanta, mas também se mostra fascinados segundos depois enquanto olha para Urick. Ao olharmos para ele, vimos suas pupilas dilatarem ao ponto de tomar todo seus olhos, ele pisca várias vezes querendo espantar esse fenômeno, mas parece não ter controle

– um mago vermelho? –ele ri em sarcasmo– isso é uma maravilha! Querem combater o mal tendo o mal ao seu lado, como queria protegê-la se um de vocês pode mata-la a qualquer momento? –perguntou ele a Akira

– cale-se, profano! –disse Aki– você não tem o direito de falar nada a respeito das minhas crianças

– somos cinco e eles estão em sete –disse Aksel analisando o ambiente– acho que podemos vencer

– podem? –perguntou o homem em triunfo

Ele assovia e espera que alguém apareça. Confesso que nós também, mas ninguém apareceu.
Ele novamente assovia, mas ninguém responde ao seu chamado, porém, poucos segundos depois, escutamos passos de alguém vindo até nós tranquilamente.

Sacamos nossas espadas nos preparando para guerrear... ou tentar

– não há como vencerem agora –disse novamente o homem em triunfo

– na verdade tem

Os passos que estávamos ouvindo era do homem ruivo, sua espada está em suas mãos, ele anda com calma na direção dos opressores.
Quando os olhos do homem de coque avistam o homem ruivo, ele se mostra temeroso, o homem ruivo não muda sua direção e está focado somente nele

– homens! Apareçam agora! –bradou o homem

– eles não vão vir. Estão mortos. E eu matei todos eles –ele para na frente do homem olhando dentro de seus olhos

– como... como você...? –incomformado e assustado ele pergunta

– Zen, o Soldado lhe deu inúmeras chances de mudar, mas seu coração é duro demais para isso e você recusou o caminho da bondade, cometeu crimes e atrocidades terríveis e não se arrependeu disso. Por este motivo, está condenado a morte

O home de coque se desespera e se ajoelha implorando pela vida, mas, o homem ruivo com um golpe só corta a garganta do homem chamado Zen, que imediatamente cai no chão com sua garganta esguichando sangue. Zen se afogou no próprio sangue, e então morreu debaixo de uma poça vermelha escura.
A espada do homem tuico começou a flamejar, e o sangue que nela estava desapareceu assim que as chamas começaram a queimar. Ele está intacto, nenhum respingo de sangue tocou em suas vestes e nem em seu rosto ou corpo.

Os homens que acompanhavam Zen foram tomados por um grande temor e apavorados começaram a dar indícios de que iam fugir.
O homem ruivo estão abriu passagem para nós e com a mão aberta ele aponta para os homens, querendo nos dizer que estava entregando eles em nossas mãos.
Tomados de coragem avançamos na direção dos homens que correram de pavor, mas não adiantou, os alcançamos e a fio de espada foram mortos todos eles.
Matamos os cinco homens, um para cada, e o sexto, que estava caído no chão implorando pela vida, Aki estendeu a espada para cima para mata-lo

– não! –disse o homem ruivo indo na direção de Aki

Aki abaixo a espada e deixou que o homem ruivo cuidasse disso, o homem ruivo o levanta do chão olhando dentro de seus olhos, o homem chora e seus lábios trêmulos denunciam tamanho medo.
O homem ruivo posiciona suas mãos na cabeça do rapaz, ele solta um grito de agonia misturado com dor, ele se ajoelha no chão e de seu corpo sai uma densa sombra, ela possui silhueta, mas não possui face.

Como uma névoa ela corre para longe, mas em rapidez e agilidade o homem ruivo a alcança e com sua espada em chamas rasga a sombra no meio fazendo a mesma soltar um grito agudo e desaparecer como se fosse pó.
O rapaz enfraquecido no chão, olha para todos os lados a procura de algo. Ele está completamente perdido enquanto toca o próprio corpo e nos encara com um olhar de medo porque não sabia oque iria acontecer.
Urick estendeu a mão ao rapaz para ajuda-lo a se levantar, temeroso ele se recusa, mas ao ver que Urick não apresentava ameaças, ele aceita sua ajuda e se levanta do chão

Imediatamente Urick o puxa para um abraço inesperado, o rapaz começa a chorar como criança, entre soluções e gemidos de dor ele tenta se explicar, mas Urick o acalma e diz que não precisa dizer nada agora.
Todos estamos espantados com essa atitude, se foi uma surpresa para o rapaz, imagine para nós, pois vimos o rude Urick demonstrando algum sentimento.

O rapaz se acalmou, ele agradece Urick enxugando as lágrimas de seu rosto, o homem ruivo se aproximando dele, põe a mão em seu ombro e diz que ele cuidaria dele agora e que deveríamos ajudar as mulheres, crianças e homens que ainda estão amarrados.
Havíamos esquecido completamente deles, são muitas informações e tudo acontecendo de uma vez que nao conseguimos lembrar do povo.
Fui diretamente na menina que a a roupa está suja de sangue enquanto os meninos desamarram as mulheres e o povo.

Tiro o cabelo que estava no rosto pálido da menina, não posso afirmar com clareza sua idade. Seus olhos morros encaram o corpo de seu agressor no chão, há hematomas em seu rosto e um leve corte em seu lábio, há também hematomas em seu pescoço mas está com marca de lábios... entendi oque isso significa... há marcas de dedos em seus pulsos e em seus braços, o busto de seu vestido está rasgado e ela o segura para não deixar nada a amostra.
Aksel veio até a moça carregando a capa de Aki, ele põe por cima de seu ombro com ela ainda de costas para ele.

Ela se assusta e bruscamente se vira para trás procurando fugir dele. Aksel levanta as mãos dizendo que não fará nada enquanto ainda no chão ela busca proteção em mim.

– está tudo bem, ele não vai te machucar

Ela se acalma e então o agradece. Seus olhos opacos voltam ao corpo de Zen

– seria cruel demais da minha parte estar feliz com sua morte?

– é compreensível –digo ajeitando a capa em seu corpo

– ele não era humano, era um monstro –lágrimas escorrem pelo seu rosto involuntariamente

– eu sei. Eu entendo oque você diz. Você quer falar sobre isso?

– eu não não conversar sobre isso agora –ela limpa as lágrimas que escorrem de seu rosto

– tudo bem. Vamos para sua casa, onde você mora?

– sete casas depois desta atrás de nós

– certo. Vamos levantar, vou cuidar de você

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