A cidade vermelha

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Aki segura minha mão me trazendo segurança em meio ao medo que quer tomar conta do meu corpo. Ele então prossegue o caminho de mãos dadas comigo mostrando que não estou sozinha.
Algumas folhagens das árvores são vermelhas, não naturalmente, mas de tanto escorrer sangue dos corpos, elas acabaram absorvendo essa cor para si.

Poças de sangue estão espalhadas pelo chão da floresta, é inevitável não pisar em alguma. Uma pequena minhoca acabou caindo no cabelo de Akira que com um pequeno surto a tira de sua cabeça ao perceber do que se tratava. Aksel riu da situação e o acalmou dizendo que a minhoca caiu de um dos corpos pendurados em um galho que está acima de nós

– isso não me ajudou em nada, Aksel

– por que não? Elas não vão te fazer mal

– só de pensar que a qualquer momento pode ter uma chuva de minhocas me da arrepios

– você tem medo de minhocas?

– não exatamente medo, e sim nojo. Aqueles corpos molengas rastejando no chão, frios e gosmentos as vezes –Akira sacode seu corpo– não gosto nem de pensar

Finalmente vimos a saída desta floresta tenebrosa feita por um círculo perfeito entre o tronco das árvores parecendo até ser um portal para um mundo novo.
Ao sairmos, vimos o por quê a cidade também é chamada de "cidade vermelha". Logo na entrada há um corpo empalado em uma lança e o odor é pior do que da floresta.

Andamos pela cidade na intenção de sair dela o mais rápido possível, Akira não soltava o braço de Aksel que tentava passar coragem e força para ele mesmo estando amedrontado.
Os corpos estão estirados nos postes, nas árvores, nas colunas dos estabelecimentos da cidade e o chão terroso é manchado de vermelho sangue. O povo está claramente oprimido, o pavor transborda em seus olhos e andam atônitos e com medo de suas próprias sombras.

– o que o Poeta quer conosco aqui? –perguntei

um inocente aqui que precisa ser salvo. Quando o encontrarem, diga a ele que o Soldado ouviu seu pedido de socorro e os enviou para salva-lo –disse o Poeta a todos nós

– e onde ele está? –perguntou Urick

em breve ele será posto no centro da cidade amarrado a um poste. Tentarão decapita-lo, mas eu não deixarei

Para não chamar tanta atenção, andamos pelas ruas como simples forasteiros até que encontramos um amontoado de pessoas gritando coisas coisas tipo "corte a cabeça!" "mate esse ser maligno!" E lá está ele. Um homem. com fios de cabelo branco com uma aparência triste, convencido de que aquele seria o seu fim. Ele está com os olhos inchados, provavelmente de tanto chorar e há hematomas em seu corpo, talvez tenha passado por uma tortura para confessar algo de que não tinha culpa.

Seguindo pela parte detrás do poste, sacamos nossas espadas. Ninguém estava tomando conta da parte de trás pois pensaram que o homem não tinha como fugir. Mas Urick, rápido e preciso, cortou a corda que o prendia.
Ele cai ajoelhado no chão, a multidão se surpreende e se zanga conosco por ter acabo com o entretenimento deles.
Começaram a nos maldizer e a nos acusar de sermos cúmplices de um suposto rebelde. Aksel ajuda o homem a se erguer do chão o pondo apoiado no meu ombro. Com uma voz fraca e baixa ela nos agradece, mas meus olhos estão atentos a multidão que nos encurrala

Temos espadas, mas será que conseguiremos dar conta de todos?

"Eu estou com vocês. Não se esqueçam que eu vim adiante". Soou a voz do Poeta através de uma suave brisa que percorreu entre nós.
Alguns homens com foices e adagas viera para cima fe nós, bravamente levantamos nossas espadas e lutamos para defender a vida do home  que está atrás de nós. Estamos fazendo de tudo para que eles não cheguem perto dele, o cercando formando uma roda deixando-o no centro para que haja proteção.

Um dos homens surpreendeu Akira por trás e o chutou nas costas, o afastando do homem que estava prestes a ser morto. Olho para trás vendo que Akira havia caído no chão e que o agressor empunhou uma grande foice para matar o homem e outro veio diretamente na direção de Akira para mata-lo

– não! –grito no meio da luta vendo toda aquela cena

Mas uma espécie de campo de proteção se formou em Akira e no homem, pois nenhuma lâmina cortante os feriu, pelo contrário, se voltou contra os homens maus, que com a força deste campo de proteção, foram empurrados para longe.

– Catherine!

Escuto Urick gritando meu nome, ao me virar para frente, vejo um homem alto forte, barbudo, com a espada prestes a me ferir, mas também recebi esta proteção que sem dúvidas dúvidas feita pelo Poeta.

– muito obrigada –agradeço ao Poeta

não desvie sua atenção da batalha, confie em mim, estou protegendo e cobrindo cada brecha que aparecer –disse ele

Ferimos muitos e matamos alguns, mas eles não paravam de aparecer.

– eles são muitos! –gritou Aksel

Escutamos um grito melódico vindo de cima de nós. "Iiihooou". Não sabemos quem o fez até que sua identidade foi revelada. Saltando pelas cordas que seguram os cartazes da cidade e entre os altos postes, esta pessoa faz uma aterrissagem perfeita já cortando o corpo dos inimigos, no meio do campo de batalha. A pessoa se levanta sem hesitar em lutar manuseando suas espadas em suas mãos nos ajudando contra os inimigos.

Pouco tempo depois depois de sermos rodeados por corpos mortos e os feridos recuarem, um caminho se abre no meio da multidão. Um senhor de idade usando uma túnica real vermelha vem em nossa direção acompanhado por seus guardas. Eles nos cercam apontando suas lanças para nós

acalmem-se –ecoou o Poeta em nossos corações– a ajuda já está aqui

– quem são vocês? E como ousam atrapalhar uma sentença justa?

– justa? O que tem contra este homem para que queiram sua morte? O que ele fez de tão grave? –perguntou Aki

– ele é um rebelde. Não só faz um alvoroço em nosso povo como também éum vândalo! Quebra nossas propriedades e destrói nossos negócios, comete vários crimes graves! Ele foi avisado várias vezes mas não nos ouviu, sua sentença agora é a morte sem o mínimo de misericórdia.

Uma murmuração se fez em meio a multidão. O rei, vendo que conseguimos gerar falatório, gritou para que todos se calassem

– eu não conheço vocês, aparecem aqui de repente e soltam este rebelde! Eu sou a autoridade aqui e vocês me desrespeitaram ao soltar um condenado que foi julgada sob justiça

– justiça? –perguntou ironicamebte o rapaz que nos ajudou tão de repente quebrando seu silêncio– sinto em lhe dizer, mas pena de morte também é assassinato

O rei se frustrou, mandou que seus soldados nos prendesse e que o homem fosse morto por uma de suas lanças. O pavor tomou conta de nós mas estamos prontos para o ataque sem abaixar nossas espadas. Mas o pavor não parece atingir o rapaz que misteriosamente mantém seu rosto coberto por un lenço preto e uma capa também da cor preta cujo capuz cobre sua cabeça. Pelo contrário, ele está confiante.
De repente um de seus soldados geme de dor caindo no chão, todos olham para ver quem fez isso, e aqui está ele!

O Soldado com sua espada na mão encarando diretamente o rei com os olhos transbordando algo indescritível. Não é ira, é justiça

– se encostar nos meus aprendizes eu não hesitarei em tirar suas vidas –ele aponta sua espada na direção no rei– isso inclui a sua

Os olhos do rei se arregalaram, ele não conseguia ter nenhuma reação diante do Soldado. Os soldados do rei recuaram e um silêncio ensurdecedor se fez na praça da cidade.

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