Lembranças

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Borboleta? Minha mente entrou em conflito, ele não pode estar falando inseto então deve ser uma pessoa que ele apelidou assim, especificamente uma garota.
Delicadamente solto sua mão da minha, voltando para minha cama, deitando-me no colchão, mantenho meus olhos fixos em Urick, que já parou de tremer ao sentir seu corpo aquecido, enquanto ainda penso neste apelido. O observei até meus olhos não aguentarem mais ficarem abertos e começarem a arder e pesar, então sem muita resistência os fechei caindo em profundo sono

Ao acordar, ele ainda estava dormindo no chão, vou até o mesmo me abaixando a sua altura pondo minha mão a altura de seu nariz para ver se respirava e para meu alívio ele ainda respira.
Levanto-me do chão indo para fora, Aki, Akira e Aksel não estavam mais no quarto.

Agora ele me trata assim, me sinto uma idiota por ter sentido pena dele.
Voltando para o centro da aldeia ajudo as mulheres no plantio e na lavagem de roupa, também colho as frutas e ajudo algumas moças na tecelagem.
Uma aldeã vem até mim me chamando para dentro de sua casa, acompanho a mesma e, chegando lá, ela me entrega alguns vestidos novos para que eu possa usar enquanto eu ficar aqui

– muito obrigada, senhora Yiqui

– acredito que eles sirvam em você, o Soldado me disse para ajudar você até estiverem prontos para ir embora, e você não pode ficar usando a mesma roupa o tempo inteiro dia e noite

– agradeço muito –pego os vestidos de sua mão– vou usar um agora, esta roupa está terrivelmente suja e fedida

Volto para casa correndo alegre, ao chegar lá, tiro o meu antigo e ponho o novo que ela havia me entregado, um branco com rendas na bainha foi oque mais me chamou atenção, visto o mesmo e saio novamente para ajudar as mulheres novamente

– não, não, senhorita. Você já fez muito por hoje, está na hora de comer alguma coisa –disse uma das aldeãs

– mas eu estou bem, posso ajudar mais um pouco

– acho melhor a senhorita obedecer e ir comer, afinal, seus lábios já estão ficando esbranquiçados –disse o Soldado– já passa do meio dia, melhor se alimentar

Resolvi obedecer suas ordens e me juntar a Aki, Aksel, Urick e Akira que já estavam sentados no chão comendo.
Ao sentar, Aki me passa um pouco de grãos juntamente com um pedaço de carne de boi já que aqui o gado é farto, porém ficam na parte detrás do campo e os homens cuidam deles dia e noite

– Catherine, como foi sua experiência na vila perdida? Você viu alguma criatura tenebrosa? –perguntou Aksel

No mesmo instante, em minha cabeça  vejo a cena de Caecus quase arrancando meu olho naquele cenário. Sacudi minha cabeca tentando afastar essas lembranças

– sim, mas prefiro não falar disso ainda

– as lembranças do que ela viu ainda estão muito frescas, melhor esperem ela se recuperar para então tirar suas dúvidas. Afinal, receber o choque de realidade quando se está na vila perdida não é nada fácil, isso pode até gerar traumas

Meu estômago então se fecha, não sinto vontade de continuar comendo, preciso ocupar minha mente com alguma coisa... Trabalho!
Tento me levantar mas Aki segura minha mão me impedindo de fazer isso

– há tempo para todas as coisas debaixo do céu e da terra, minha criança. Tempo de chorar e de sorrir, tempo de plantar e de colher, tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de matar, e tempo de curar, e assim por diante. Em qual tempo você está?

– de descansar?

– tem certeza que este é o seu tempo? O que você sente, criança?

– cansaço

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