– minha criança! –disse Aki
– eu estava errada, Aki. Me perdoe
– por que sua cabeça está tão baixa? –o mesmo levanta minha cabeça segurando meu queixo– é motivo de festa pois quem era cego voltou a ver!
Meus olhos se enchem de lágrimas e então Aki me toma em um abraço apertado e em seguida Aksel e Akira fazem o mesmo. Faltou Urick, mas para ser sincera não espero nada dele.
Quando toda a emoção terminou, Aki me levou para dentro junto com os aldeões, na casa do chefe eles cuidaram dos meus arranhões e me deram de comer, também me dera um chá feito com cravo, lavanda e hortelã e algumas gotas de limão, me deram de beber e isso me deixou tão enjoada ao ponto de eu vomitar no chão da casa do chefeEra algo pastoso de cor escura, saiu junto com algumas larvas que se debatiam no meio dessa coisa pastosa e preta
– o que é isso? –perguntou Aksel com tom enjoado
– alimento enfeitiçado –disse Urick– Caecus alimenta o povo para ter escravos e comprometer seu orgânismo. É maus fácil se conectar com elas quando estão fracas
– como sabe sobre Caecus? –pergunto fraca
– não há nada que eu não saiba sobre seres das sombras
Tudo ao meu redor começou a girar, estava ficando tonta e minha vista embaçada
– Aki...
E então sinto Aki me segurar em seus braços quando meu corpo caiu para seu lado sem forças
Urick narrando
Ela desmaiou, é de se esperar, qualquer um que passa pela desintoxicação passa por isso, agora não sei por quanto tempo ela ficará inconsciente.
Seu estado é deplorável, suas olheiras são fundas e está muito pálida, seus lábios carnudos perderam a cor e ela perdeu bastante peso, além de estar machucada e com as unhas quebradiças e fracasUma fagulha de pena nasce em meu coração e para evitar seu crescimento dentro de mim me retiro da casa indo até o lado de fora.
Encontro com mais águias pousando na vila, o Soldado voltou trazendo mais dois jovens do sexo masculino e de imediato ao me ver, pergunta por Catherine– ela acabou de passar pelo processo de desintoxicação, está desmaiada na casa do seu ajudante. Me diz, por que voltou para salvar Catherine se ela o rejeitou?
– porque eu ouvi seu pedido desesperado de ajuda através do vento e fui atender
O mesmo passa por mim para entrar na casa, os jovens que ele trouxe foram acompanhados por outros homens que os levaram para dentro de suas casas para cuidar de seus ferimentos, eles estão com a mesma aparência de Catherine e seu olhar está perdido como se nada em sua vida fizesse algum sentido, e isso é compreensível, pois julgo eu que eles ficaram muito tempo na vila perdida vivendo uma ilusão e tomar um choque de realidade tão de repente é demais para uma mente processar pesado
Estávamos seguindo sem Catherine pois Aki contou a Aksel e a Akira que ela escolheu ficar na vila perdida, Aksel ficou muito triste com essa notícia e não comeu por dois dias, Akira por mais que não a conhecesse tão bem assim também ficou chateado e Aki parecia que tinha ficado sem chão mas tentava demostrar forças para nós.
Andamos por semanas até que nossa comida acabou e nós encontramos essa aldeia povoada por soldados de todas as idades e mulheres também, o Soldado, o mesmo que nos convocou, veio nos recepcionar e perguntou nossa história, contamos tudo a ele e ao chegar na parte de Catherine, Aki diz com um pesar no coração e consegue passar esse pesar ao SoldadoEle disse que estão para fazer uma missão de resgate na vila perdida e Aki o implora para ajudar Catherine a sair de lá então o Soldado decidiu ir até a vila em um piscar de olhos para acompanhar Catherine. Dias se passaram e quando ele voltou montado na grande águia a expectativa que tinhamos de Catherine ter vindo com ele se desfez ao vê-lo chegando sozinho e cabisbaixo
Ela não o quis, e mediante a isso, o Soldado não poderia fazer mais nada por ela.
Mas uma noite enquanto todos dormiam e eu estava acordado olhando para o céu por não estar conseguindo dormir, vejo o Soldado sair de sua casa e ir até o meio do campo, então uma brisa suave corre pelos campos e de imediato atinge primeiro o Soldado e depois a mim. Para mim foi apenas um vento, mas o Soldado sorria e assoviou aos céus. Uma grande águia o atendeu pousando no meio do campo.
Fascinado eu encaro aquela cena, antes de partir, um de seus homens foi até o mesmo dizendo algo para ele, logo em seguida ele monta na águia e a mesma voa para longeUm dia depois que no caso é o hoje a águia volta com Catherine e os outros soldados vieram logo após ela. Diante das palavras do Soldado, posso dizer que a brisa que senti foi a mensagem de Catherine ao vento e o Soldado imediatamente a atendeu
– ele leva seu trabalho muito a sério –falo comigo mesmo
Sinto uma presença atrás de mim, olho por cima do meu ombro vendo Aksel se aproximar e parar ao meu lado
– o que faz aí parado?
– estou apenas pensando
– estou feliz por Catherine ter voltado. Senti falta dela
– claro que sentiu –resmunguei– eu não a ajudaria, diante do que o Soldado contou, de como ela o tratou, eu não a salvaria
– o Soldado é um homem de coração bondoso, Urick, compassivo, amoroso e acolhedor, ele luta por aqueles que precisam de ajuda mesmo que perca sua vida nisso. Deveríamos aprender com ele
– está insinuando de que eu não tenho coisas boas dentro de mim?
– eu não disse isso. Disse que deveríamos aprender com esse homem , isso me inclui também
Com o passar do tempo não demorou muito para a noite cair, Catherine já havia despertado mas estava fraca demais para se levantar da cama então ela permaneceu deitada comendo com a ajuda de uma mulher aldeã.
Nos sentamos ao redor da fogueira que os outros soldados haviam acendido e ceamos aquela noite ao ar livre, não falamos mais nada, nem rimos, o silêncio reina entre nós.
De repente um vento frio nos atingiu fazendo nossos pelos do corpo se arrepiarem, ouvimos som de trovão e as nuvens cinzentas e carregadas de chuva invadiram o céu. O Soldado sugeriu que entrássemos para não sermos pegos de surpresa pela chuva e assim fizemosRecolhemos todas as coisas e voltamos para dentro e em exatos dois minutos a chuva caiu.
Entediado em sem ter oque fazer me deito na cama ao lado onde Catherine está dormindo como um bebê, fico parado olhando para o teto tentando reorganizar minhas emoções e pensamentos, sem perceber, acabo dormindo...
Movo meus olhos pesadamente até o corpo imóvel que estava ao meu lado, que também me encarava, mas os olhos verdes estavam opacos e vazios, completamente sem vida e uma poça de sangue havia se formado debaixo do seu corpo
Mordo meus lábios em uma tentativa desesperada de segurar o choro e manter a calma, mas isso não me impede que as lagrimas teimosas rolem em meu rosto.
Mesmo com toda a dor, me rastejo no pó da terra alcançando o corpo da mulher que ali está estirado no chão. Ao conseguir me sentar, a seguro pelo rosto, deslizando meus dedos por toda sua face macia e cercada de feridas. Desci meu polegar até debaixo dos seus olhos limpando a lágrima que havia escorrido antes de ela dar seu último suspiro, selo meus lábios contra os dela percebendo que eles estavam gelados
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O Homem que fala através do vento
FantasyCatherine, criada em uma humilde cidade na simplicidade de seus pais nunca deu um passo para fora de sua cidade. Por mais curiosa que seja, nunca teve a oportunidade de ir, pois apenas pessoas convocadas participam de missões além da cerca é ninguém...