Pegadinhas

3 1 0
                                    

- certo. Conte aos outros para que fiquem de alerta, Akira vai precisar de toda atenção possível

Voltamos para junto dos outros que haviam sentado na grama, Félix nos conta sobre sua vida tranquila e sem preocupações, distante da cidade que abriga monstros e criaturas desconhecidas.

- eu sou um curandeiro. Minha mãe passou todo o conhecimento para mim antes de ser morta como bruxa, e eu não sei quem é meu pai porque ele nos deixou quando nasci. Lyin não costumava ser uma cidade ruim, mas desde que abriram brechas de magia para monstros entrarem ela nunca mais voltou a ser a mesma 

- por que abriram brechas? -pergunto

- por poder. Somos imediatistas e gananciosos, é a decadência humana, está em nosso DNA querendo ou não, mas há quem resista e há quem queira se deleitar... Infelizmente o povo se deleitou, se deslumbraram com o que a magia poderia lhes fornecer e não se deram conta da maldição que estavam atraindo para a cidade. Todas as gerações seguintes nasceram fardadas a serem escravas dos kontrolluri e vítimas das cegueiras de Caecus que toda lua cheia no fim do mês, sete jovens são devorados por eles ou por criaturas que surgem nas sombras.  A cidade agora está acorrentada, as pessoas não acordam, não conseguem, e outras se recusam a acordar. Fui o único que sobrou, encontrado pelo Soldado -ele levemente sorri- ele viu algo em mim que nem eu mesmo vejo, ele me libertou e eu escolhi me destacar do povo e de todas as suas influências mágicas 

- estão aprendendo magia proibida? 

- sim. Está livre para quem quiser aprender. Magia para ter quem quiser, para matar, para obter poder... para se tornar bruxo ou mago... Só vai piorando a cada ano que passa. Eles não parar de abrir brechas e isso custou a vida de muitas pessoas -ele suspira- muitas pessoas mesmo

- bom, estamos aqui para dar um fim nisso -disse Aki- esta noite vamos à cidade para ver as coisas ocultas com mais clareza e entender como ela está agindo. Não vamos para a guerra sem estudar o campo do nosso inimigo

- seu tornozelo está melhor, senhorita? -perguntou Félix a Catherine 

- está um pouco dolorido mas não tanto quanto antes, obrigada por ter tratado dele

- só fiz o meu trabalho. Aconselho a não se esforçar muito porque ainda não está totalmente sarado, talvez amanhã ele já esteja bem melhor e a dor terá sumido completamente 

- obrigada, Félix 

- obrigado por ter cuidado de todos nós -disse Aki

- eu só fiz o que sei fazer. Agora me contem, como é a missão de vocês? É a primeira? Como foram chamados para seres soldados? 

Aki riu diante de tanta curiosidade. Ele conta sua história e depois a minha e de Aksel até que chegou a Catherine. Ele mantem seus olhos verde esmeralda fixos em Aki, Félix mal pisca de tão envolvido na conversa. Contou também como achamos Akira e nosso encontro com o Poeta e também não deixamos de fora o misterioso homem ruivo.
Félix no fim da história ficou com um brilho de admiração em seu olhar 

- vocês são incríveis, e meu respeito por você aumentou ainda mais, Akira. Defendeu a honra de sua irmã mesmo quase morto, você foi bem corajoso.  E você, Urick, coragem também é seu sobrenome e força também, espero que um dia consiga se enxergar da forma que você é. Aksel, o inteligente protetor, você lutou contra o Soldado, o próprio! -ele fica boquiaberto- isso foi incrível! Ele te deixou ganhar, ninguém é páreo para ele

- ele realmente me deixou ganhar... mas deslocou a minha coxa -ele franziu a sobrancelha e Félix caiu na risada- mas ele curou, ele pôs de volta depois

- Catherine, para uma menina você é bem audaciosa. Destemida, parece não ter medo de nada. Você tem uma coragem genuína e não hesita quando uma missão lhe é dada, mesmo que tenha medo do desconhecido. Mas por favor, enxergue seu potencial, o Soldado te escolheu por uma razão e você não precisa duvidar disso 

O Homem que fala através do vento Onde histórias criam vida. Descubra agora