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Renata

Acordo sentindo meu corpo todo doer, lembro do seu olhar Frio e suas mãos grandes marcarem cada parte do meu corpo, revivo a dor e o Medo que senti, tudo oque eu mais temia aconteceu.

Eu sabia que não devia ter me entregado a ele, um homem que mal conheço, mas a Luana ja tinha me avisado para ficar longe, algo que é praticamente impossível quando só a presença dele já mexe comigo.

Mais agora eu só sinto medo e nojo, me lembro da forma como ele me batia, era nítido o Prazer em seu Rosto, ele me fodia sem se importar com nada, levo minha mão até minha buceta dolorida, sentindo o sangue seco grudado em minha virilha.

Meu olhar repara no guarto escuro, e vazio, não faço ideia de que horas são, muito menos quando dormi, ou como vim parar aqui.

Tento arrumar meus pensamentos que estão uma bagunça, com medo, raiva, arrependimento, vergonha, culpa, sentimentos que eu nunca imaginei que iria sentir na vida, ou pelo menos não da forma tão intensa que estou sentindo nesse momento.

Me concentro para levantar da cama e minha intimidade dói muito, assim como todo meu corpo, vou segurando na beirada da cama com uma mão e a outra coloco no pé da minha barriga, onde mais dói, uma dor insuportável, muito pior que cólica.

Abro a porta vendo o restante da casa toda escura também, eu preciso ir embora, não posso ficar nem mais um segundo aqui dentro, me sinto sufocada ao lembrar de tudo oque aconteceu.

Vou me apoiando nas paredes até a sala, onde encontro tudo revirado, cacos de vidro pelo chão, e muitos pinos de droga, pego meu baby dool rasgado do chão e acabo chorando novamente abraçada ao pedaço de pano.

Não posso sair na Rua assim Pelada, volto a me movimentar devagar pela casa indo ate o guarto dele no final do corredor abro a porta devagar, e vejo que está vazio, graças a Deus.

Ando até o Banheiro onde tomo banho para tirar todo o sangue do meu corpo, sinto minha pele arder pelos machucados, choro baixinho pedindo para a água lavar até minha alma.

Me enrolo na Toalha e Volto para o guarto, em cima da cama encontro uma camiseta dele, pego rápido me vestindo, abro as gavetas do guarda roupa procurando por alguma cueca, encontro várias calcinhas uma de cada cor de diferentes e tamanhos.

Acho uma cueca branca na etiqueta e pego me vestindo, abro a porta da frente saindo da casa, olho para o céu onde o Sol começa a nascer, e involuntariamente novas lágrimas rolam pelo meu rosto.

Vou descendo a comunidade de cabeça baixa, alguns moradores que estão saindo para ir trabalhar me olham feio, uma hora dessas todo mundo deve estar sabendo, abaixo a cabeça envergonhada, sigo assim até chegar em casa.

Vejo minha mãe no portão com o semblante abatido e uma mão no peito, quando me vê caminhando a passos lentos até ela vem correndo me abraçar, beija minha testa várias vezes, e agradece a Deus por eu estar vivar.

Ela me leva pra dentro de casa onde meu Pai está sentado no Sofá sem camisa e fumando um cigarro, quando me vê entrando já se levanta, ficando em minha frente.

Sinto meu Rosto queimar e viro a cara com o impacto do tapa que ele me bate, mas uma vez choro alto, minha mãe me abraça me protegendo dele.

Luiz: Eu te falei, você merecia apanhar junto com ela. - fala alto para minha mãe, olho pra minha irmã que sai do guarto correndo e vem me abraçar. - Você é uma imprestável e essas Putas estão crescendo igualzinho a você.

Dulce: Cala a boca Luiz, invés de estar aqui falando bobagem, veja homem pelo menos uma vez na vida, e proteja sua Filha daquele mostro. - as palavras dela cortam meu coração.

Luiz: Sempre te avisei que não queria filha mulher, eu mandei você aborta quando veio essa primeira merdinha. - minha irmã olha pra ele, sem acreditar no que acabou de escutar, nesse momento oque menos me importa é oque ele fala, mais confesso que ouvir ele falando dessa forma machuca sim, machuca muito - Isso Tudo é culpa sua.

Ele sai batendo o portão, e minha mãe me abraça apertado, me lembro as inúmeras vezes que pedi para Deus me acordar daquele pesadelo, de quantas vezes me mantive firme por ela.

Dulce: Vem me amor deita aqui. - se senta no sofá e me chama para deitar em seu colo, fazendo carinho em meus cabelos enquanto olha as marcas aparentes em meu corpo. - Me Perdoa filha, eu não consegui te Proteger.

Escuto ela sussurrar com a voz falha e a Rose coloca meus pés em cima de sua perna, eu só sei chorar, me aprendendo amargamente de um dia ter desejado aquele homem.

- Eu que peço perdão a vocês duas.- Falo entre os soluços do meu choro. - Me perdoa por fazer vocês passarem por isso, eu juro que nunca passou pela minha cabeça, que isso poderia acontecer. - sinto minha mãe enchugar minha lágrimas. - Eu prometo que ainda vou dar muito orgulho a vocês duas.

Rose: Não se sinta culpada minha irmã, você é apenas mais uma vítima daquele  mostro. - fala enquanto massageia meus pés. - amo você maninha.

Fico recebendo todo o carinho e acolhimento delas, que acabou dormindo novamente, em meus sonhos seus olhos me queimam em desejo, sinto suas mãos passearem por meu corpo, mas vejo somente seus olhos e a tensão sexual entre nois dois, escuto as batidas aceleradas e do coração e logo tudo se apaga, restando somente a escuridão, mais a frente entra um raio de luz, que sigo sentindo meus pés se acortarem pelos milhares de cacos que forram o chão.

Abro o olho acordando assustada, no relógio da parede marca quatro horas da tarde, escuto meu pai gritar nos fundos de casa e minha mãe chora, levanto do sofá com cuidado ainda sentindo meu corpo doer.

Ando até a porta dos fundos escutando eles discutirem, paro prestando atenção no que eles falam e escuto a voz alta do meu pai.

Luiz: Está feito mulher, não tem mais volta, você vivia reclamando de dinheiro agora tem, apartir de Hoje ela pertence a ele. - fala com autoridade e minha mãe chora baixinho.

Dulce: Para de falar besteira homem, ela é sua filha, como você foi capaz de fazer isso?. - não entendo muito bem sobre oque eles estão falando. - Você está estragando a vida da nossa filha.

Luiz: Eu não, ela que quis ser puta de bandido, eu só fiz o serviço direito, estava com umas dívidas, uni o útil ao agradável, e vendi ela por um bom preço. - olho para ele sem acreditar, assisto ele abrir uma sacola cheia de dinheiro e jogar em cima da mesa.

Nesse momento sinto o chão desabar sobre meus pés, abrindo um buraco de onde tenho certeza que nunca mais vou conseguir me levantar.

Mil Pedaços (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora