Renata
Minha pele se arrepia, assim que ele freia o carro parando na entrada da comunidade, ele abaixa o vidro falando com o Muralha, que se curva olhando aqui pra dentro, me ajeito no banco prestando atenção no celular dele em minhas mãos.
Ele coloca a mão na minha coxa apertando devagar, sinto o gelado das dedeiras em contato com minha virilha, enquanto ele fala com os meninos, vejo chegar uma mensagem da Lorena, leio pela barra de notificações, ela dizer que está com saudades, e mais em baixo uma imagem, sem pensar muito saio do aplicativo de música e entro no WhatsApp, fico chocada com o tanto de Piranha que manda mensagem pra ele, a maioria nem visualizadas foi.
Volto rápido pro aplicativo de música, vendo ele subir o vidro novamente, coloco um funk que amo, e olho pra frente vendo um carro preto sair na nossa frente, as ruas estão escuras e praticamente vazias.
Meu coração acelera no peito se sentindo livre novamente, uma sensação de felicidade me atinge vendo os prédios passar lá fora, não consigo contem um sorriso que surge em meu rosto, sei que estou me iludindo, mas meu sonho sempre foi viajar o mundo, e sair de dentro daquela casa, sair da comunidade, renova minhas esperanças, que dias melhores virão.
Bagulhão: Qual Foi? - a voz dele me tira dos meus devaneios. - Tá parecendo o Coringa com esse sorriso.
- Me deixa ser feliz Por favor. - falo revirando os olhos com a implicância dele. - Vamos demorar pra chegar.
Bagulhão: Umas 2 hrs. - olho pra ele todo concentrado dirigindo, o Carro preto segue na nossa frente, a alguns metro de distância, mas nunca sai do nosso campo de visão. - Vou Parar No Mc ali na frente, Desce e compra um Lanche.
Vejo ele jogar luz para o carro a nossa frente, e da seta avisando que vai parar na frente do Mc Donalds, me entrega duas notas de cem reais e destrava o carro, saio abaixando meu vestido, e entro no estabelecimento.
Faço o pedido de três combos a atendente, e fico esperando ficar pronto, pego as sacolas com os lanches e pago a atendente, viro as costas voltando para o carro, que destaca no meio da noite.
Ele abre a porta por dentro e me ajuda com as sacolas, assim que me sento no banco de couro, minha pele se arrepia.
- Pode abaixar o Ar, estou com frio. - falo deixando as sacolas no meu colo, e passo as mãos sobre minha pele na tentativa de me esquentar.
Bagulhão: Também fica andando com esses pedaços de pano. - olho pra ele que abaixa a temperatura do ar, e começa a comer o lanche.
O carro que nos acompanha para mais a frente, Ele termina de comer em um piscar de olhos, parece que tava a semanas preso, enquanto eu não comi nem a metade do meu.
Logo coloca o carro em movimento novamente, guardo oque não comemos na sacola e fico de Joelhos, me curvando para colocar no banco de trás, sem correr o perigo de cair e sujar o carro, sinto o impacto de sua mão contra a polpa da minha bunda, já dolorida, pelo noite de ontem.
- Deixa eu dirigir. - peço louca pra ele deixar, sempre quis aprender a dirigir e ter meu próprio carro, agora olhando ele assim tão relaxado, parece fácil. - Por favor.
Bagulhão: Você sabe dirigir? - Pergunta me olhando de canto.
- Não, mais você pode me ensinar. - Vejo ele negar, sem tirar os olhos da pista quase vazia. - Deixa Por favor, eu faço tudo oque quiser.
Bagulhão: Tudo?. - Assim que escuto ele falar, me arrependendo de ter inventado moda, mas penso que essa pode ser minha única chance antes de morrer, então confirmo. - Então vem cá.
Empurra seu banco pra trás e bate na própria perna, sento no colo dele, sentindo minha pele se arrepiar com seu toque, ele coloca minhas mãos sobre o volante, e fala no meu ouvido como devo fazer, escutar a voz rouca próxima demais a minha pele e quase uma tortura.
Ele tira o pé devagar do acelerador, mandando eu colocar o meu no lugar, por o carro ser automático, acaba ficando mais fácil, e só acelera e freia.
Sinto suas mãos grandes correrem pela lateral do meu corpo me desconcentrado, me ajeito no colo dele, e sinto seu pau duro, por baixo da bermuda, ele beija minha cabeça, me ajudando a segurar o volante.
Bagulhão: Você é Macumbeira? - Pergunta do nada, sou risada negando. - Parece.
Depois de alguns minutos fingindo que estava dirigindo, volto pro meu banco, ele alisa minha coxa com a mão direita, enquanto canta baixinho a Música dos Racionais que toca no som.
Acabo cochilando no caminho, e só acordo com ele me chamando avisando que chegamos, olho para a casa amarelo de dois andares a nossa frente, a alguns metros deve ficar a praia, porque assim que desço do carro consigo sentir a brisa de ar fresco.
Pego minha mala do carro, e entro na casa sendo seguida por ele, por dentro e tudo lindo em madeira rústica, e com uma cara bem praiana, subo as escadas procurando por um quarto.
Bagulhão: Você vai ficar comigo, a casa só tem dois quartos, e os manos precisam dormi. - sem dizer uma palavra sigo ele até a última porta no final do corredor.
Noto a cama de casal no meio do quarto, forrada com lençóis brancos, deixo minha mala de canto e vou até a sacada que tem vista para o mar.
Abro a porta de vidro, sentindo a brisa bater contra meu rosto, a vista e incrível, a imensidão de água, se perde no escuro da noite, confesso que tenho um pouco de medo, já que nunca entrei no mar, em São Paulo já havia indo algumas vezes na praia, mas sempre matando aula, e com medo nunca entrei no mar.
Olho para ele saindo do banheiro, com uma toalha branca enrolada na cintura, se senta na cama e leva o baseado ate a boca fumando.
- Por que você fuma tanto? - pergunto voltando para dentro do quarto.
Sem me responder, ele continua me olhando, e como sempre acontece quando estou sobre a mercer do seu olhar sério, meu corpo se aquece.
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Mil Pedaços (CONCLUÍDA)
Fiksi Remaja*- Primeiro Livro Trilogia III Pilares -* Renata e uma jovem cheia de sonhos e planos, mas vê sua vida virar de cabeça para baixo depois que se Muda para a Maré e Conhece Bagulhão. Bagulhão Dono da comunidade da Maré, Bandido respeitado e mulhereng...