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Renata

Sinto que estou destruída por dentro, não sei nem oque pensar, oque fazer, o sentimento de culpa, me correi por dentro, mesmo tentando me convencer que não tive culpa, me sinto responsável pela morte do meu pai.

Meu pensamento não sai da minha mãezinha, ela deve estar arrasada, consigo imaginar o quanto ela deve estar sofrendo, e tudo isso por causa de um erro meu, porque fui burra e me entreguei, aquele idiota.

Por outro lado tento me concentrar em fazer de tudo sair daqui, Eu não posso me entregar assim, não posso desistir da minha liberdade, vou fazer de tudo pra ser feliz outra vez.

Vou tirar minha família desse inferno que eu nos coloquei, nem que apartir de agora eu precise encarar o Diabo de frente, mas abaixar a cabeça e apanhar calada eu não vou mais.

Limpo as lágrimas que involuntariamente escorrem pelo meu rosto, respiro fundo, tentando me controlar, para a deixar transparecer o quanto me dói tudo isso.

Termino de lavar as loucas e me deito no sofá, ligo a televisão para passar o tempo, mesmo não conseguindo me concentrar em nada Direito, mas preciso de alguma distração, porque senão vou ficar louca trancada dentro dessa casa.

Escuto o barulho do portão abrindo e logo ele entra na garagem com a moto, Benzo meu corpo já me preparando pra voltar pro guarto, não quero nem olhar pra cara dele.

Quando me levanto ele passa pela porta, tira a camiseta e coloca a arma em cima da estante, passo por ele ignorando sua presença e vou para o guarto onde estou dormindo.

Ontem a noite ele mandou a Segurança trazer minhas coisas, a Ro arrumou tudo em duas malas, que agora estão no canto do guarto já que os únicos móveis dentro do cômodo é a cama, e a cadeira no canto.

Pego minha necesser de dentro da mala, e me sento na cama, abro o vidrinho de acetona, e começo a fazer minhas unhas no pé.

Escuto barulho de alguma coisa caindo lá fora, e logo ele começa a xingar, me assusto com ele abrindo a porta com violência, fazendo ela bater na parede, e o barulho ecor pelo guarto.

Bagulhão: Tu tá fazendo oque o dia inteiro aqui filha da puta. - fala parado na porta com o semblante totalmente transformado. - Cadê minha comida?

- Não sou sua empregada, está com fome faz você. - mal termino de falar e ele vem a passos largos até mim, puxa meu cabelo me fazendo encarar seu rosto. - Pode bater, já estou acostumada

Bagulhão: Você tá pedindo pra morrer. - rosna aproximando seu rosto do meu, olho bem para os olhos dele, vendo ele alternar entre meu olho esquerdo, depois o direito, e por fim desce para minha boca. - Eu quero minha casa limpa, e comida feita todo os dias.

- Senão você vai fazer oque? - pergunto desafiando ele, sei que estou cruzando uma linha perigosa, mas eu não ligo, afinal não tenho a perder.
- Vai me matar? - Pergunto notando suas expressãoes mudar. - Você não faz ideia do favor que vai estar me fazendo, pelo menos morta eu não vou precisar ficar olhando pra sua cara.

Sinto o impacto de sua mão contra meu rosto, o tapa dói, arde minha pele, mas não me abala, vou mostrar pra ele que eu também sei ser filha da puta.

Bagulhão: Você tem muita sorte. - fala me empurrando na cama. - Acho bom você começar a me obedecer, porque antes de morrer como você quer, sua família vai primeiro.

- Se você tocar em um fio de cabelo da minha mãe, ou da minha irmã, Eu te Mato, Pode ter certeza que Mato. - ele da risada, desacreditado de mim.

Bagulhão: Tá colocando as garrinhas de fora? - aperta meu maxilar é de um selinho em meus lábios, tento empurrar ele de cima de mim, mais e quase impossível. - Vou tirar sua marra na cama, deixa você molinha, como sempre fica, quando minha cobra está enfiada dentro dessa bucetinha apertada.

Sai de cima de mim e vira as costa saindo do guarto, respiro fundo e deixo as lágrimas que estava segurando, rolarem por meu rosto, me sinto impotente, mas vou fazer de tudo para proteger minha família, ou pelo menos oque restou dela.

Faço uma francesinha na unhas dos meus pés e depôs vou para as mãos, onde pinto de preto, escuto o barulho do portão e logo a moto e ligada, só quando o portão se fecha novamente, só quando ele sai que consigo respirar aliviada.

Termino de fazer minhas unhas e vou atrás de alguma coisa para comer, porque eu não fiz comida de pirraça mesmo, se quer comer vai atrás das putas dele pra fazer, porque se depender de mim, vai morrer de fome.

Pego o pão de forma no armário, e o presunto é queijo da geladeira, faço dois misto quente e coloco na sanduicheira, enquanto ele esquenta, coloco suco no meu copo.

Eu preciso fazer alguma coisa para ele pelo menos me deixar sair daqui, não vou conseguir me livrar dele, presa aqui dentro, nem celular eu tenho mais, escuto o barulho da sanduicheira apitando, avisando que está pronto meu misto quente.

Pego meu copo de suco e o prato, coloco Netflix na televisão e fico procurando alguma coisa legal para assistir, coloco uma série, e passo o restante da tarde assim, deitada no sofá, e fingindo que estou assistindo, porque na verdade estou alheia e perdida em meus pensamentos, me questionando de mil formas possíveis.

Tentando juntos meus pedacinhos e recomeçar, fecho meus olhos fazendo uma oração baixinho para Deus, peço força e sabedoria para conseguir me livrar dele, peço fé para acreditar que dias melhores viram.

Olho para a Noite escura pela janela da sala, e bocejo com sono, fecho a porta dos fundos e as janelas, a porta da sala deixo só encostada, os seguranças estão aí na frente, e também quem seria louco de entrar na casa do Dono.

Tomo um banho e visto meu Pijama amarelo de piu piu, ajusto a temperatura do ar condicionado e me deito para dormir.

Mil Pedaços (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora