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Capítulo 91

Bagulhão

Acordo sentindo todo meu corpo doer, mas principalmente meu peito, sinto como se tivesse sido atropelado por um caminhão, assim que abro o olho e percebo que estou no quarto dela, revivo tudo novamente.

Me arrependo de como tudo aconteceu, desdo inicio até o fim, tínhamos tudo para ser um casal perfeito, mas como ninguém é perfeito, hoje só sinto a dor desse amor, não se passou nem 24hs e já sinto saudade, estava acostumado a  ter ela comigo.

Tava disposto a mudar por ela, a colocar uma pedra no passado, e começar do zero, tô jeito que ela quisesse, mas também estava disposto a deixar ela ir, mesmo sabendo que iria sentir falta dela a cada instante, eu só  nunca imaginei que me destruiria.

Me sento na cama, olhando para o quarto ao meu redor, vejo ela em tudo, involuntariamente as lágrimas embaça minha visão, rolando pelo meu rosto uma atrás da outra, com o peito doendo e relembrando de tudo, até do sonho com a garotinha, caralho, era minha filha.

- Qual foi Deus, pegou pesado. - falo sentindo a consciência pesar.

Essa porra é tudo culpa minha e eu tô ligado, não vou me fingir de vítima, porque isso eu não sou, mais também está doendo em mim, tô sentindo um vazio gigante, esse vazio está me corroendo por dentro, coloco a mão no rosto me odiando por estragar tudo.

Querendo eu não eu também tenho culpa por ela ter perdido o bebê, eu só causei desgraça onde toquei, por isso estou disposto a deixar ela ir.
Já a fiz sofre demais, e ela não merece isso, vou acompanhar o amor da minha vida brilhar de longe.

Enxugo meu choro é levanto da cama, arrumo a cama e deixo tudo exatamente do jeitinho ela deixou, tranco a porta e vou tomar um banho,
A água gelada lavar meu físico, mais a alma continua em mil pedaços.

Tento não chorar mais e quase impossível, ela quebrou todas as minhas barreiras, recussitou o Rogério só para matá-lo novamente, tiro meu curativo e as inúmeras vezes que ela cuidou de mim, me vem a mente.

Olho meu reflexo no espelho não me reconhecendo mais, visto a primeira camiseta que encontro e saio de casa com o boné enterrado na cara, subo na minha moto pilotando em direção a boca, por onde passo vejo as pessoas me olhando, as fofocas correm rápido.

Deixo a moto na sombra e entro sem comprimentar ninguém, ando a passos rápidos até minha sala, pego outro radinho e o Muralha aparece na porta.

Muralha: Se tá bem irmão? - pergunta me olhando, engolo o choro em minha garganta, nao vou dar a ninguém o privilégio de me ver abalado, então só confirmo em silêncio. - Já falou com ela?

Fecho o olho contendo minha vontade de estorar a cabeça dele de tiro, pego 200g de cocaína, e guardo na cintura.

Muralha: Vai pra onde com isso? - olho para seu rosto sério.

- Cuida de tudo pra mim, vou tirar uns dias. - falo e vejo ele negar sorrindo.

Muralha: Vai enfiar a cara nas drogas? - sinto meu semelhante fechar, e travo a mandíbula olhando pra ele. - Encara o Problema de frente.

- Faz oque eu mandei, e vai cuidar da sua vida. - falo com ódio, e saio da sala tombando nele.

Filha da puta, não sabe de porra nenhuma e se acha no direito de dar conselho, vou beber mesmo, vou usar minhas parada mesmo, e foda-se.
piloto minha xre em direção ao meu barraco, entro na garagem e volto para falar com o PP.

- Vai comprar cinco Whisky, trás dois fardo de redbull também, e gelo de coco. - falo e o vejo concorda me olhando. - Não quero ser incomodado.

Gw: Demoro Patrão. - Fala me encarando sério.

- Não demora PP. - Mando e entro em casa, tiro a cocaina da cintura e me sento no sofá.

Abro o pacote fazendo quatro carreirinha em cima da mesinha de centro, enrolo uma nota de cem mandando duas de cada lado, fecho os olhos sentindo a onda, faz anos que não usava nenhuma droga além do baseado, não precisava de nada disso com ela do lado.

Tiro minha camiseta e arrumo mais quatro fileiras, o PP entra com tudo que pedi nas mãos e me joga duas carteiras de cigarro também.

- Valeu. - Ele concorda deixando as garrafas no meu pé e vira as costas. - Não é pra deixar ninguém entrar.

Ele sai pela porta, e eu puxo a cocaina pra dentro com a nota de sem, sinto meus batimentos cardíacos acelerando aos poucos, e a adrenalina começa a correr por minhas veias, esquentando minha pele, ligo a televisão colocando no YouTube e coloco um Racionais pra tocar, preparo um copo de Whisky, e acendo um cigarro, me entregando aquele momento fodido.

Deixo as lágrimas rolarem novamente, notando como tudo nessa casa e a cara ela, me lembro do seu sorriso, do jeito de andar, e a carinha de safada que faz quando está me bando.
Tudo, exatamente tudo me lembra dos momentos bons de vivemos, das noites em claro bebendo, conversando e transando por toda a casa.

Conversamos tanto, ela teve tantas oportunidades de me contrar sobre a perca do bebê, eu pedi várias e várias vezes para ela não mentir pra mim.

Nunca poderia imaginar que o Bagulhão, que sempre usou e descartou todas as mulheres, hoje estaria sofrendo por uma, sinto meu peito doendo, em pensar que tudo poderia ser diferente, meu bebê poderia estar  com a gente, correndo e bagunçado por toda a casa, abaixo a cabeça pedindo perdão a ela mais uma vez.

Sinto a culpa me consumindo, isso é castigo de Deus só pode, estou pagando por todo mal que fiz a ela, bebo o Whisky, sentido o peso em minhas costas, umideco meus lábios e me levanto indo pegar um porta retrato nosso de cima da estante, vejo seu sorriso lindo e o blilho em seus olhos que tanto amo, me lembro do exato momento que ela tirou essa foto.

Foi na última viajem a casa de Praia, horas antes de eu ser preso, ela tava toda feliz e cheia de sonhos, tinha prometido que ia pagar um supretivo pra ela terminar a escola, e algumas horas depois a vi chorando, me vendo apanhar dos vermes.

Foi naquele momento, que eu tive a certeza que ela é a mulher da minha vida.

Mil Pedaços (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora