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Renata

Acordo sozinha no guarto, as duas garrafas de vinho que bebemos a noite inteira enquanto tranzavamos como dois loucos ainda está no chão ao lado da cama, fecho meus olhos lembrando da nossa noite.

Que Sem sombra de Dúvidas foi maravilhosa, nunca imaginei que algum dia conseguiríamos ficar tanto tempo juntos sem brigar, somente fodendo por toda a casa.

Ainda sinto meu corpo dolorido e a cabeça pesada pelo vinho, pego meu celular olhando as horas e levanto da cama, visto uma camiseta dele que estava jogada no chão e saio do quarto.

Olho para as inúmeras chamadas perdidas da minha mãe, e duas do Dandão, eles devem estar preocupados, ontem foi tão bom, que perdi noção de tudo, parecia até que existia só nois dois no mundo, tive uma noite dos sonhos, que acaba de tornar pesadelo.

Quando chego na sala e encontro ele comendo uma menina Ruiva, que pula em seu colo, gemendo como uma puta, toda escandalosa, só então percebo que eu realmente sou uma boba, ingênua.

Fico paralisada sem reação, enquanto minha mente lembrar de tudo que fizemos durante a madrugada, que cada toque de sua mãos sobre meu corpo, mãos que agora passeiam e deslisam sobre a pele da Ruiva, sinto nojo.

E uma vontade enorme de vomitar, como eu pude ser tão otaria, de me entregar para esse homem, como eu fui boba em acreditar que de alguma forma ele poderia sentir algo por mim.

Sinto meu rosto molhar pelas lágrimas que escorrem sem permissão, embasando minha visão, ele vira a cabeça me olhando e sorri, sua expressão entrega que ele não está sóbrio, nos seus olhos não encontro nada do homem que estava comigo ontem, o chão está repleto de pinos de droga vazios, assim como as garrafas de Whisky.

Bagulhão: A putinha acordou. - sua voz saí rouca e grossa. - Vem participar também, a Ruivinha pode te ensinar a cavalgar direito.

A menina me olha rindo, e me chama com o dedo, continuo imóvel tentando racionar oque estou vendo, tentando sair do conto de fodas que criei na cabeça e voltando para a realidade, onde ele e só um bandido escroto, e que infelizmente do destino entrou na minha vida, transformando tudo em um verdadeiro inferno.

Sem pensar duas vezes saio correndo da casa, os seguranças me olhando e dão risada, com dificuldade para enchergar por conta das lágrimas que simplicidade cai sem parar, eu desço a comunidade correndo.

Certamente parecendo uma Louca, só com a camiseta dele no corpo e chorando como uma criança, sinto meu celular vibrando em minha mão e o Número do Dandão aparece na tela.

Ligação on:

- Ooi 
- Que voz é essa Loira, você tá aonde, tá machucada?
- Vem me buscar Dandão.
- aonde você tá, me fala que vou agora.
- Tô em casa, não demora.
- já tô indo.

Ligação off:

Respiro ofegante e cansada, as pessoas passam por mim me olhando como se eu fosse uma aberração, me julgando, mas nada disso me incomoda mais, só paro de correr quando chego em casa.

Empuro o portão e escuto o gritos da minha mãe, e barulho de coisas quebrando, encontro meu Pai transtornado batendo na minha rainha que se encolhe no sofá, tentando se proteger dos golpes.

- PARAA .- Grito puxando ele de cima dela, mas ele agarra meus cabelos, me acertando com um muro, acabo ficando tonta e caio no chão. - SOCORRO.

Luiz: Cala a boca Putinha. - fala cuspido na minha cara, sinto somente o impacto de suas mãos acertando meu corpo e a dor que antes doía dentro de mim, agora se espalha por todo meu corpo. - Vou Matar vocês duas.

Escuto um Barulho alto e seu corpo caí ao meu lado desacordado, minha mãe grita e me levanta do chão me abraçando, enquanto chora baixinho.

Dulce: Eu estava tão preocupada minha filha, passei a noite inteira te ligando. - escuto ela falar e revivo tudo novamente, a dor em meu peito aumenta e choro compulsivamente. - Calma está tudo bem.

Olho pra Dandão que coloca a mão no pescoço do meu Pai chegando a Pulsação.

Dandão: Estava vivo. - fala me olhando e minha mãe chora. - Oque aconteceu?

Dulce: Ele chegou muito bêbado, começou falar um monte de asneiras e veio me agredir. - nunca passou pela minha cabeça que meu pai seria capaz disso, ainda mais com a minha mãe que sempre cuidou e zerou dele com tanto amor e carinho. - Ele vai acordar?

- Dandão eu preciso ir embora, me ajuda a fugir Porfavor. - falo rápido e ele vem até mim segurando meu rosto com as duas mãos. - Ele vai me matar se eu ficar aqui, me ajuda.

Dandão: Ele não vai fazer nada contigo, eu não vou deixar. - fala calmo deslisando o dedão pelo meu rosto enchugando minha lágrimas, nego para ele entender que o meu pai e o menor dos meu problemas. - Ele? Oque você fez?

- O Bagulhão, ele vai me matar, me ajuda. - sinto ele soltar meu rosto e da um passo para atrás de afastando de mim. - Eu juro que não vou falar que foi que me ajudou, me ajuda porfavor.

Dulce: Pelo amor de Deus menino, ajuda a minha filha a sonhar denovo, a ter sua liberdade, se ela ficar aqui aquele mostro e capaz de tudo contra minha menina, eu não quero perder minha filha. - escuto ela falar chorando e se ajoelha nos pés dele.

Dandão: Dona eu vou tá colocando minha cabeça a jogo, tô nessa vida faz tempo, sei todos os mandamentos da favela. - fala ajudando ela a se levantar e me olha. - eu gosto pra caralho da sua filha, sei que não merece viver nada disso.

Dulce: Eu sinto que você sim é o Homem certo para minha filha, mas se ela continuar aqui ela nunca vai ser feliz. - ele me olha concordando e eu corro pro meu guarto.

Pego minha mochila e tiro meus matérias de dentro, pego algumas peças de roupas e meus documentos, visto um short por baixo da camiseta e minha mãe entra no guarto me entregando um bolinho de Dinheiro.

Dulce: Que Deus te Proteja e te acompanhe minha menina, compra a passagem, vou ligar pra sua avó avisando. - abraço ela chorando e o Dandão aparece na porta.

- Eu te amo mãe, nunca se esqueça disso Eu te amo. - ela me abraça apertado chorando.

Saio de casa de cabeça baixa, e olho pro carro vermelho do outro lado da rua, Dandão me puxa até ele, e entra ligando o motor, ele manda eu me abaixar e ficar quieta.

Sinto o carro em movimento e só consigo chorar, me culpo a todo momento por toda a desgraça que está acontecendo na minha vida, me sinto quebrada, tanto fisicamente, quanto o meu psicológico, Mais o Pior de Tudo é o meu Peito, que dói e arde sem parar,
Com certeza depois de hoje eu nunca mais serei a mesma Renata, ingênua e boba.

Mil Pedaços (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora