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Renata

Saio do banheiro secando meu cabelo na toalha, tinha tanta sangue seco nele, que dava pra fazer um transparente, me sento no sofá e ligo a televisão para tentar me distrair um pouco.

Escuto o Barulho do portão e logo ele entra com as sacolas na mão, vai em direção a cozinha e volta com uma garrafinha de água e duas caixinhas de remédio e me entrega.

Bagulhão: Sua mãe tá aí na frente. - fala e volta a andar saindo de casa.

Minha mãe entra e me abraça, novamente as lágrimas voltam a descer pelo meu rosto, sinto o aperto no peito doer mais ainda, e me afasto enchugando o rosto.

Dulce: Como você está minha filha? - pergunta se sentando ao meu lado e pega no meu cabelo úmido. - sua irmã ficou tão preocupada com você, esse mostro não deixou ela te ver no hospital.

- Estou bem mamãe. - falo abrindo a garrafinha de água. - Vou ficar bem.

Dulce: Você nunca vai ficar bem ao lado dele minha filha. - fala com pesar. - esse homem vai sempre te machucar meu amor, por isso Você precisa fugir.

Escuto oque ela fala em silêncio, abro a caixinha de remédio, pegando os comprimidos.

Dulce: Isso não é vida, você não pode viver apanhando assim. - fala me olhando. - Escuta a sua mãe princesa. - olho pra ela bebendo a água e engulo os comprimidos. - Vou vender a casa, a gente vai voltar para São Paulo.

- Não é tão fácil assim mamãe. - falo triste.

Dulce: Mais precisamos tentar filha. - Pega nas minhas mãos apertando. - eu não consigo ficar de braços cruzados te vendo assim, está me matando, ver você sem aquele brilho no olhar. - Meus olhos se enchem de água, vendo ela chorar. - Eu preciso da Minha Renata de volta.

- Eu estou aqui. - ela nega e me abraça Apertado. - Está tudo bem mãe, não precisa se preocupar comigo.

Dulce: Me promete que você nunca vai se acostumar a viver com ele, me promete que não vai deixar ele te iludir com palavras bonitas. - fala me apertando e se afasta para me olhar.

Ela limpa meu rosto com os mãos e beija minha testa.

Dulce: Promete para sua mãe, que você vai fazer de tudo para ter sua liberdade de volta. - concordo chorando e ela volta a me abraçar. - Nunca se esqueça dos seus sonhos de viajar o mundo, de ser livre.

- Não vou me esquecer mãe. - falo tentando ser forte. - Prometo que vou tirar a senhora daqui.

Me deito no sofá e coloco a cabeça em seu colo, recebendo seu carinho.
Tudo oque ela me disse fica gravado na minha mente, e junto de cada palavra sua que se repete na minha cabeça, vem o rosto da bebê virando fumaça.

(...)

Acordo no sofá, olho pela janela vendo ser noite lá fora, sinto minha cabeça latejar, me levanto com cuidado e vou até a cozinha, bebo um copo de água, e um analgésico pra dor, vou para o meu quarto e tiro minha roupa, ficando só de calcinha e sutiã.

Ligo o ar e me deito na cama, fico pensando se devo ou não contar a ele, tenho tanto medo da sua reação, tento bolar o melhor jeito de contar a ele.
Enquanto fico me virando na cama até pegar no sono novamente.

Sinto algo pesado em minha cintura, e abro o olho reconhecendo as tatuagens, ele me puxa para trás me encaixando nele, sinto sua respiração quente, e ele cheira meu cabelo, da um beijo logo em seguida.

- Você quer ter filho um dia? - pergunto sentindo meu coração acelerado.

O aperto que sinto no peito, parece amenizar quando estou ao lado dele.

Bagulhão: Não sei. - fala depois de alguns segundos em silêncio. - Não levo jeito com criança.

Na minha cabeça vem um turbilhão de coisas ao mesmo tempo, sinto meu rosto molhar e ele me abraça forte.

Bagulhão: E você?. - pergunta cheirando meu pescoço. - Quer te filho?

- Sim. - falo e sinto ele parar, como se tivesse raciocinando minha resposta. - Não agora, mais quero ter dois, um casal.

Bagulhão: Um moleque seria maneiro. - fala, meu coração parace que vai sair pela boca. - Porque tá me perguntando isso, assim do nada?

Fico em silêncio, enquanto minha mente grita, essa seria a oportunidade perfeita para dizer a ele oque aconteceu, mas não consigo dizer nada, não sei como começar ou oque falar.

- Nada, só queria saber. - falo e sinto ele beijar meu ombro. - Oque aconteceu com as meninas.

Bagulhão: Eu matei. - fala calmo, como se fosse a coisa mais normal do mundo. -  Sinto que preciso me desculpar com você, afinal foi eu que te coloquei no meio desse mundo louco.

Consigo sentir verdade em sua voz, que fala baixo no meu pé do ouvido, Olho para o escuro do quarto, e um nó se forma automaticamente em minha garganta, quero tanto contar a ele, mas não consigo, não sei se por Medo.

Ele me vira de frente para ele e pela flecha de luz que entra por baixo da porta, vejo seu rosto me olhando sério, passo a mão sentindo os pelos de sua barba começando a crescer.

Me aproximo devagar, encostando meus lábios no dele, transformando o ato em um beijo, sinto o gosto da maconha em seus lábios, e sua mãos passeia devagar por todo meu corpo.

Bagulhão: Prometo não deixar ninguém encostar em você. - fala afastando nossas boca, e passa a mão no meu cabelo. - Tu é minha 01, intocável.

- Eu te Amo. - falo sendo sincera, e vejo ela sorrir.

Fecho o olho recebendo seu carinho, ficamos os dois em silêncio, mas sinto como se meu coração conversasse com o seu, no mesmo compaso, na mesma sintonia, aproveitando o momento, volto a dormi em seus braços.

"Vejo a praia na minha frente, da água sai o Rogério com uma bebê nos braços, ele me olha sorrindo, e beija meus lábios, olho para a bebê que estica os braços para mim, sinto uma Paz tão grande."

Mil Pedaços (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora