Renata
Acordo sentindo meu corpo doer, me lembro da onde estou e volto fechar o olho, batendo na cama com raiva, olho o quarto vazio e escuro, confesso que pensei que ele iria me bater como das outras vezes, mas não ele só me arrastou pro fora da rodoviária pelos cabelos, ainda sinto minha cabeça doer.
Ele estava tão bravo, mal falou comigo, só me trouxe de volta e me jogou aqui dentro, por um momento eu pensei que ele não iria atrás de mim, por um instante eu me iludi achando que seria tão fácil assim me livrar dele.
Mas Não consegui, Não falei com ninguém, minha avó deve estar desesperada, a minha mãe, preciso ver como ela está, preciso avisar que deu tudo errado, que continuo presa a ele.
Levando da cama de casal ainda com a mesma roupa no corpo, ontem ele me trancou aqui, estou sem ir ao banheiro sem beber água, sem comer, preciso urgente de um banho.
Viro a maçaneta da porta mais ela continua trancada, meu coração acelerar e começo a me desesperar, forço a porta, enquanto esmurro ela, na tentativa dele me escutar.
- Me tira daqui. - grito batendo na porta, olho para o chão procurando alguma coisa que me ajude a sair, mas não encontro nada o chão está limpo. - Rogério seu demônio, me tira daqui.
Volto pra cama e fico encarando o teto, minha barriga ronca de fome, lembro de tudo que aconteceu desda nossa transa até ele me achando na rodoviária, o semblante dele carregado de ódio nas poucas vezes que me olho, quando estava me trazendo de volta.
Volto a dormi, e acabo sonhando com minha infância, era aniversário da minha irmã, estamos todos em casa, cantando o parabéns, eu estava no colo do meu pai, porque havia acabado de cair, depois de brigar comigo ele passou um remédio no joelho machucado e disse que se eu caísse novamente iria apanhar como nunca na vida.
Vejo uma taça de vidro toda quebrada, aos poucos os caquinhos vão se juntando tentando reconstruir a taça, o vinho tinto e despejado com cuidado, até encher a taça, mais o líquido derrama pelos unimeros buracos da taça, mas uma vez a taça é cheia, e novamente o líquido escorre rápido.
Sinto uma sensação estranha, começo sentir muito calor, abro os olhos acordando e me assusto com ele parado no canto do quarto me olhando, com o semblante fechado e de braços cruzados ele permane me observando.
Fico tonta e parece que elevou a temperatura do meu corpo, tento me levantar, mais acabo de desequilibrando e vou a me deitar na cama, com a Mão na testa percebo que estou suando frio.
Bagulhão: Come, você está fraca. - escuto sua voz rouca e baixa falar e olho pra ele depois para a sacola branca próxima aos meus pés em cima da cama. - Come Renata.
Continuo no mesmo lugar imóvel, estou morrendo de fome, mais não abaixar a cabeça e deixar ele mandar em mim, eu não vou mais me sujeitar aos joguinhos dele, vou morrer de fome, mais não vou dar o braço a torcer.
Ele sai do Lugar indo ate a sacola, tira de dentro uma garrafinha de água e abre na minha frente dando um gole, passo a língua nos lábios sentindo sede, com a garganta até doendo de seca, ele estende a água na minha direção acabo não resistindo e pego rápido.
Bagulhão: Está mas calma agora? - pergunta, olho para o rosto dele me perguntando como alguém pode ser tão dissimulado assim. - Você achou mesmo que iria fugir de mim ?
- Eu te odeio. - essas são as únicas palavras que saem da minha boca.
Sem esboçar nenhuma reação ele permane parado do mesmo lugar, de braços cruzados e com os olhos gravados em mim.
Bagulhão: A partir de hoje você vai morar aqui. - sem acreditar noque ele fala nego rápido. - Está proibida de sair de casa até esfriar essa sua cabeça Oca.
- Você não pode me deixar trancada aqui. - falo me sentando na cama. - Eu preciso ver minha mãe.
Ele vem até mim ficando na minha frente, noto o semblante cansado em seu rosto, parece que está virado, com os olhos vermelhos e no fundo.
Bagulhão: Eu matei seu Pai. - fala calmo deslisando a ponta da língua nos lábios.
Não consigo acreditar noque sai de sua boca, tenho certeza que ele esta fazendo isso para me manipular, para afetar meu psicológico como sempre faz, forço um sorriso.
- Mentira, você é um mentiroso. - esbravejo, sentindo meu rosto molhado. - eu não vou mais cair nas suas mentiras, não vou deixar você me manipular, nunca mais, nunca mais você vai brincar comigo.
Bagulhão: Perdeu o medo de morrer?
- Quer saber eu perdi sim, mas pode ter certeza que antes de morrer, eu vou te matar de raiva.
Sem dizer mais nenhuma palavra ele sai do quarto, sinto um aperto tão grande no peito, que volto a chorar, não quero e não posso acreditar que ele foi capaz de matar o meu pai.
Grito tentando aliviar a raiva que se instala em meu peito, não consigo acreditar que ele seria capaz de matar meu pai, mas por outro lado e como se meu subi consistente me Avise de algo.
Eu preciso sair daqui, preciso ver minha mãe, me levanto rapido da cama e começo a bater na porta.
- Me tira daqui Bagulhão. - grito enquanto sentindo meu rosto molhar com minhas lágrimas quentes. - Me tira daqui.
Não sei se ele me escuta, se está em casa, ou já saiu, não sei nem que horas são, estou totalmente perdida no tempo, continuo batendo na porta enquanto choro sem parar, sentindo meu peito apertado.
Meu pai nunca foi presente, sempre nos tratou mal, mais isso não dava o direito dele ter o matado, só consigo pensar na minha mãe o quanto ela deve estar arrasada, eu sei o quanto ela amava o meu Pai.
E por culpa minha, ele se foi, por culpa minha, toda a desgraça que está acontecendo na nossa família e culpa minha, eu estraguei a minha vida, e a vida de todos a minha volta.
Eu nunca vou me perdoar, por ter sido fraca e inconsequente, me envolvi com a pior pessoa do mundo, sem pensar no mal que ele iria causar a mim, e a toda minha família.
O sentimento de culpa é arrependimento tomam conta de mim, e molho o Travesseiro com minha lágrimas, nego para mim mesma tentando me convencer que nada disso é real.
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Mil Pedaços (CONCLUÍDA)
Novela Juvenil*- Primeiro Livro Trilogia III Pilares -* Renata e uma jovem cheia de sonhos e planos, mas vê sua vida virar de cabeça para baixo depois que se Muda para a Maré e Conhece Bagulhão. Bagulhão Dono da comunidade da Maré, Bandido respeitado e mulhereng...