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Renata

Chego em casa e o PP coloca as sacolas no chão da cozinha, estava precisando sair um pouco, e como algumas coisas acabam decidi ir no mercado, mas tive que levar o PP comigo, ordens do chefe, no começo odiei a ideia, mas na hora de vim com as sacolas, agradeci ele umas mil vezes.

Arrumo as compras no armário, e escuto a voz dele conversando com os meninos, ainda não tive coragem de contar sobre o bebê que perdi, e sinceramente acho melhor Ele não saber, afinal ele não vai conseguir mudar nada, não vai trazer nosso bebê de volta, ainda corro o risco de voltar a ser como era o início.

Bagulhão: Comprou os bagulho que tu queria. - pergunta me abraçando por trás. - você fica muito gostosa com essa camiseta sabia.

- Só porque tem seu Vulgo nas costas. - falo virando pra ele que sorri safado.

Bagulhão: Quero ver tu assim, sorrindo pow. - fala me olhando. - Não toda jururu pela casa.

- Eu tava precisando sair um pouco de casa. - falo passando a mão na camisa vermelha em seu corpo. - Queria voltar pra escola, preciso ocupar minha mente, senão vou surta.

Bagulhão: Mais surtada, doque já é? - pergunta olhando pra minha boca e passa a língua nos lábios. - Domingo vou te levar pra dar um role.

Ele gruda nossas bocas, me invadindo com seu língua, suas mãos apertam minha cintura e me coloca em cima da bancada de granito, o gosto da maconha em seus lábios já virou prazeroso, arranho sua nuca sentindo minha pele se arrepiar.

- Vai me levar aonde. - Pergunto.

Ele me encara com alguns segundos, tira o cabelo do meu rosto, olhando fixamente para mim, meu coração bate acelerado, com medo dele ter descoberto de alguma forma, o celular dele toca, e fecho os olhos tentando controlar minha respiração, sinto seu dedo deslisar por minha boca lentamente, e ele se afasta me deixando imóvel no mesmo lugar.

Meu peito dói como se estivesse dando pontadas, amarro meu cabelo e pulo da pia, com o impacto tudo fica preto e acabo me desequilibrando, me seguro e abro a torneira da pia, e jogo água no meu rosto, nunca senti uma dor tão forte assim, respiro fundo tentando me controlar, abro a geladeira e pego uma garrafinha de água.

Bagulhão: Você vai fazer lasanha que eu pedi. - fala vindo da sala, digitando algo no celular. - Vai nega?

- Vou Rogério. - ele me olha sorrindo de canto, e volta a atenção pro celular. - Vai me levar aonde domingo?

Começo a lavar as vasilhas e ele vem me sarrando por trás, esse doido não nega fogo um minuto, e sempre do jeito Bruto dele.

Bagulhão: Churrasco na Penha, despedida de um Amigo. - fala cheirando meu pescoço, e morde a pele devagar, ele vê meus pelos se arrepiando e sorri. - Vou trazer um vinho pra tu mais tarde.

Bate na minha bunda e vira as costas, escuto o barulho da moto dele sair rasgando, me sinto tão confusa com tudo isso, por isso ainda não contei, não quero que ele volte a ser o Bagulhão comigo.

Termino de lavar as vasilha e guardo as compras, e vou arrumar o quarto dele que está uma bagunça de roupas espalhadas, as vezes tenho vontade de matar ele por isso.

Depois de empolgar na limpeza e virar faxina, tomo um banho e hidrato meu cabelo, saio do banheiro enrolada na toalha, passo Hidratante no corpo e coloco um vestido soltinho, deixo meu cabelo molhado mesmo, com o calor do RJ rapidinho Ele tá seco.

Começo a separar as coisas para fazer a lasanha que ele pediu, vou fazer molho vermelho e molho branco, coloco a massa para dar uma cozinhada e escuto o PP me chamar da porta.

Eles não entram aqui dentro quando estou sozinha, tudo ordem do doido, ele me entrega uma garrafa de vinho e diz que o Bagulhão que mandou.

Pego meu celular e tento ligar pra ele, mas a chamada é recusada, ligo mais uma vez e novamente e recusada, na minha cabeça já começa a vim um monte de merdas, e tudo envolve ele com outra mulher, entro no WhatsApp e mando uma mensagem pra ele.

Não demora muito ele visualiza e manda um simples "vou demorar", pergunto o porque ele diz que está ocupado e não sabe que hora volta.

Já começo a ficar preocupada, pergunto onde ele está, mas ele só visualiza e não responde, volto para a cozinha e abro o vinho com o saca rolhas, despejo na taça e bebo de olhos fechados.

Termino de montar a lasanha e coloco o forno, pego a garrafa e vou para a sala, ligo a televisão colocando numa série até ficar pronta.

Começo a pensar no que estou vivendo e tudo oque aconteceu, a voz da minha mãe repetindo várias e várias vezes na minha cabeça, me deixa ainda mais confusa com tudo, porque eu sei que existe sentimento da minha parte.

Eu sei que amo ele, mesmo sendo errado, mesmo sendo proibido, mesmo me machucado eu continuo amando o Rogério, tudo nele me encanta, me fascina, mas sei que não vai ser esse mar de rosas para sempre.

Por que dentro do Rogério existe o Bagulhão, e esse lado dele me deixa apavorada, não querer reviver tudo novamente, não iria aguentar sofrer tudo denovo.

Sinto uma lágrima quente descer pelo meu rosto, enchugo com as mãos e despejo mais vinho na minha taça, sinto o aperto me peito, me fazendo lembrar da Doutora me dando a notícia, depois do rostinho da bebê.

Já me confirmei que esse bebê era minha filha, que agora me protege do céu, mas ainda sinto muito por não ter descoberto da gravidez antes de toda a desgraça acontecer, as vezes me pergunto como não percebi.

Mas oque me atormenta mesmo é se eu devo ou não contar, tenho tanto medo, por diversas vezes pensei em falar, ensaiei tudo, mas na hora trava e não sai nada por minha boca.

Sinto o cheiro da lasanha no ar, e olho para a garrafa de vinho quase vazia ao meu lado, bebo o restando no bico e me levanto indo desligar o forno, chamo o PP e falo pra ele ir buscar mais uma garrafa pra mim.

Mil Pedaços (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora