Capítulo 32

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Valentina 🌨️

Doprê me prometeu que ficaria do outro lado da porta enquanto eu conversa com meu pai, só assim aceitei.

Estou esperando ele entrar, nervosa pra um caralho.

Mas talvez Pedro esteja certo, tem mais de dez anos que não falo com meu pai e se ele tá tanto tempo atrás de mim, talvez seja necessário conversar com ele pra de uma vez por todas eu parar de fugir.

Ele entrou no quarto e Pedro fechou a porta pelo lado de fora.

– Raquel..– ele disse.

– Você sabe que esse não é mais o meu nome..– falei.– O que você quer comigo?

– Quero te falar a verdade!– ele respondeu.

– Fala, mas não chega perto de mim.– falei e ele se sentou na cadeira onde Pedro fica fazendo live no TikTok.

– Eu tentei de tudo pra que você não tivesse um trauma ou uma culpa durante a infância e escondi de você que a Giselle não era sua mãe biológica.– ele disse e eu já comecei a chorar.– A sua mãe de verdade se chamava Diana e ela morreu durante o parto, conheci a Giselle dois anos depois e ela amava você de verdade, e foi uma ótima mãe pra você.

– Como ninguém nunca descobriu isso? Teriam me dito se soubessem, não é?– perguntei me referindo ao abrigo e as assistentes sociais.

– Porque eu mandei refazerem todos os seus documentos, e não foi de forma ilegal, tudo o que eu fiz foi no cartório e nos órgãos especializados nisso. Coloquei o nome da Giselle em tudo o que era relacionado a sua filiação.– ele respondeu e olhou pra mim, e pela primeira vez em anos eu vi novamente os olhos do meu pai.– A Diana tinha uma irmã, totalmente doida e que me culpava e culpava mais ainda você pela morte dela. E no dia que a Giselle foi assassinada, você lembra que eu e ela tivemos uma discussão?

– Lembro, eu tava no meu quarto, mas eu lembro de ter ouvido.– respondi.

– Era porque a Teresa ficava atormentando nosso juízo.– ele falou.– Naquele dia eu sai depois da discussão com a Giselle, fui naquele bar, o maior da cidade naquela época... e quando eu cheguei, encontrei a Giselle morta.

– Pai, não mente pra mim..– eu disse chorando e totalmente desacreditada.

– O caso foi reaberto, meu novo advogado conseguiu provar que o horário da morte não bate com o horário que eu estava em casa, eu cheguei horas depois.– ele falou e eu chorei mais.

Porque se o meu pai estiver falando a verdade, ele perdeu anos da vida dele por minha culpa, pelo que eu disse que vi.

– Eu não menti!– falei.

– Você disse o que você viu. Você me viu sentado ao lado do corpo dela, você ouviu a briga... você tinha seis anos, Valentina.– ele disse.– Filha, eu nunca machucaria a Giselle é muito menos você. Tudo o que eu faço na vida desde que fui solto é te procurar..

– Mas você não fugiu?– perguntei estranhando.

– Claro que não, nunca fugi..– respondeu.

– Você fugiu sim, quando eu tinha 13 anos, foi por causa disso que eu troquei de nome.– falei e ele até deu um riso fraco.

– Valentina, eu nunca fugi.. quem te disse isso?– perguntou.

– Qual era o nome da irmã da minha mãe de verdade?– perguntei novamente.

Minha mente tava rodando como se tudo estivesse se encaixando, como se a morte da Giselle fosse não só uma vingança, mas um meio punir tanto meu pai quanto eu.

Convenhamos, esses 14 anos não foram nada fáceis nem pra mim e muito menos pra ele.

– Teresa.– ele respondeu.

– Você tava me procurando em Santa Catarina?– perguntei.

– Sim, óbvio que eu tava.. precisava deixar você segura.– respondeu.– Quando os policiais foram te procurar e não te acharam, pensei que algo pudesse ter acontecido, você não sabe como foi difícil ficar sem nenhuma notícia sua.

– Foi a Teresa, ela tem me acompanhado por muito tempo.. e eu confiei nela.– eu disse.– Ela me falou que você tava atrás de mim, disse pra eu sair de onde eu estava e durante todo esse tempo ela foi a responsável pela a mudança do meu nome, e as mudanças frequentes de cidade até eu ficar maior de idade.

– Ela sabe onde você tá agora?– perguntou se levantando.

– Não, não falei mais com ela.– respondi e nós dois ficamos em silêncio.– Me perdoa, se não fosse eu isso não teria acontecido, nada disso teria acontecido.

– Você é a melhor coisa da minha vida..– ele sorriu.– Eu só não tive tempo pra demonstrar isso como eu deveria, eu que te peço desculpa... vou respeitar seu tempo, e só vou me aproximar de você quando você quiser!– ele disse indo em direção a porta.

– Pai.– falei indo até ele.– Você não quer me dar um abraço?

Ele assentiu com a cabeça e então eu abracei ele, eu não queria mais chorar, mas ele precisava daquele momento.

oi lindocas

Sei que vcs me amam mas tenho aula 😭
vou tentar chegar cedo pra postar mais pra vcs ❤️

Querido Leitor- NLE DoprêOnde histórias criam vida. Descubra agora