Capítulo 13

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Valentina 🌨️

Acordei fodida de raiva por ter passado a vergonha de chorar na frente do Doprê, e fiquei a manhã inteira fingindo que nada tinha acontecido.

Sai de tarde pra uma entrevista de emprego, mas não demorei muito pra voltar. Ajudei Sandra a arrumar a cozinha, mas não posso ajudar na comida porque ela gosta de fazer as coisas do jeito dela (eu não sei fazer nada realmente comestível).

Quando eu estava sozinha, comia comidas congeladas, arroz com nugget e alface.. as vezes optava por um purê de batata, mas era sempre alguma fritura ou alguma coisa congelada.

Me orgulho disso? Não.

Quando eu morar sozinha de novo vou voltar pra essa mesma rotina? Sim.

Vou fazer o que? Não tem muito o que fazer, foda-se.

Quando Kyara chegou Sandra chamou Doprê e eu pra ir comer na mesa sem celulares porque ela disse que é uma hora sagrada... nós sempre obedecemos.

Sentei do lado da Kyara e Doprê sentou na cadeira em minha frente.

Fiquei me sentindo meio observada, e quando eu olhava ele disfarçava.

De duas uma; ou ele me acha estranha pra um caralho ou eu sou muito feia. Porque a cara que ele tava me olhando não era lá uma das melhores.

– Vou ter que ir fazer trabalho na casa da Sarah, tá mãe?– Kyara disse, hoje ela tá tão caidinha.

– Tá bom, Ky.– Sandra disse.

Todos terminamos de comer, exceto Kyara que parecia estar comendo obrigada.

– Sabe o que ela tem?– Sandra perguntou enquanto eu lavava a louça.

– Não faço ideia.– respondi.

– Ky, se não quiser comer deixa aí.– Sandra disse.- Tá tudo bem?

– Tá sim, só não tô com fome.– ela respondeu e foi pro quarto.

Terminei de lavar a louça e fui falar com ela, mas não bati na porta e quando entrei ela estava conversando com Doprê.

– Volto depois, foi mal.– falei fechando a porta novamente.

Quando ouvi a porta dela fechando e abrindo espiei pra ver se Doprê tinha saído, e voltei pra lá.

– O que você tem Ky?– perguntei sentando na cama.

– A prima da Kakau estuda na mesma escola que eu, na mesma sala pra variar.– ela disse.– ela espalhou pra todo mundo que eu quero ficar com o amigo do meu irmão mais velho... distorcendo tudo.

– Que lixuda!– falei.– Bate nela!

– Não sou de briga!– ela sorriu.– E de qualquer forma não tem o que fazer, já caiu na boca do povo, foda-se.

– Se ela for maior de idade eu bato pra você.– Sentei na cama e ela riu.

– Vou deixar essa ideia anotada!– ela disse.– mas como pobre não tem tempo pra sofrer, vou ir logo fazer essa porra de trabalho de geografia.

— Boa sorte.– falei, ela riu e saiu.

Deitei na cama dela e Doprê entrou no quarto.

– Tá com a mão quebrada?– perguntei.

– Por acaso não.– ele respondeu.

– Então bate na porta da próxima vez.– falei.

– Você deu pra implicar comigo agora né.– ele disse.

– Não Pedro, não.. bater na porta é o básico de uma convivência saudável.– falei.

– Eu ia perguntar o que você tem?– ele disse e se sentou na cama.– Eu realmente fiquei preocupado com você de manhã.

– Tpm.– falei.– Tô naquelas épocas sangrentas sabe?

– Olha, não é porque eu não gosto de você que eu não me preocupo, tá?

QUE?

– Ah sim, muito obrigada.– debochei.– Você é muito gentil..

– Não sei usar as palavras, mas se precisar conversar com alguém...

— Não vai ser com você.

– Tá bom Valentina, tchau.– ele disse e saiu resmungando.

Querido Leitor- NLE DoprêOnde histórias criam vida. Descubra agora