Capítulo 31

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Roberto 📍

Há muito tempo fui condenado por um crime que não cometi. Perdi minha família, minha filha e minha liberdade.

Quando a Valentina nasceu, a mãe biológica dela morreu no parto. Dois anos depois conheci a Giselle, e fiz dela a mãe da Valentina, apaguei tudo relacionado a verdadeira mãe dela pra que isso não gerasse algum tipo de culpa nela.

Escondi uma parte importante da vida dela, porque naquele momento eu queria que ela tivesse uma infância normal.

A Teresa é a tia biológica da Valentina, e ela é completamente maluca, sempre foi. Por isso nunca deixei ela se aproximar da Valentina, tinha medo que ela fizesse algo com a minha filha.

Nunca fui o melhor dos maridos, e nem o melhor pai do mundo. Mas eu nunca mataria a minha mulher, e muito menos machucaria a minha própria filha.

No dia que a Giselle morreu, a gente tinha brigado e eu saí. Quando voltei ela já havia sido assassinada.

A cena que a Valentina viu foi a briga no início da noite, e quando eu estava no chão aos prantos ao lado de Giselle.

Uma criança de seis anos não tem culpa do que diz, até porque aquela era a verdade que ela entendeu.

A última vez que vi minha filha foi há 14 anos atrás, quando ela ainda era a Raquel. E eu evito pensar no trauma que ela carrega de uma história totalmente errada.

O advogado com quem estou trabalhando agora, apresentou vários novos fatos pro juíz, coisa que o meu antigo advogado não tinha  feito. Consegui provar que na hora da morte de Giselle, eu não estava em casa e o caso foi reaberto.

Até agora a minha principal suspeita é a Teresa.

Ela nunca gostou de mim, não queria que a Diana tivesse filhos, e depois que a Valentina nasceu ela ficava ligando nos telefones de casa e não falava nada.

Essa mulher precisa de algum tratamento psiquiátrico.

Valentina 🌨️

Acordei e Pedro estava abraçado comigo, lembrei da noite anterior torcendo pra ter sido um pesadelo.

– Tá acordada?– Pedro perguntou ainda de olhos fechados.

– Tô sim.– respondi.

– Quer conversar agora?–perguntou.

– Não.

Pedro levantou pra pegar café pra gente, e Sandra entrou pra falar comigo.

– Eu não queria ter estragado seu jantar, me desculpa.– falei e ela se sentou na minha frente.

– Tá tudo bem, seu pai me contou ontem tudo o que aconteceu com vocês.– Ela disse.– Querida, conversa com ele! Eu estou aqui e ninguém vai tocar em você na minha casa, o Pedro também não vai deixar ninguém tirar você daqui se você não quiser.

– Eu vou conversar o que com ele? Não tem o que falar!– eu disse.

– Olha, eu ia deixar isso pra ele falar, mas como você tá irredutível.- Sandra disse.– O caso da morte da Giselle foi reaberto, porque seu pai conseguiu provar que ele não estava em casa na hora da morte dela... conversa com ele pra você entender.

Sandra saiu do quarto, e eu fiquei pensando no que ela disse. Logo após Pedro entrou no quarto e ficou me olhando.

Decidi contar toda a verdade pra ele, não tem mais como evitar mesmo.

– Eu fui muito sem noção..– eu disse e nem olhei pra ele de tanta vergonha.– Trouxe o perigo pra perto de vocês!

– Vavá, ele e minha mãe estão juntos tem quatro meses e você chegou aqui mês passado... você não trouxe perigo nenhum.– Pedro disse.– Eu acredito em tudo o que você me disser, mas você não acha melhor conversar com ele? Já se passou mais de dez anos sem essa conversa de vocês.

– Você acha melhor eu falar com ele?– perguntei.

– Acho que vai ser bom pra você, e eu vou ficar bem aqui na porta se ele tentar alguma coisa eu já entro na voadora!– ele disse e eu comecei a rir.– Gosto de você, de verdade.. e você não vai ir embora daqui nem se você quiser, imagina não querendo. Entendeu?

– Você é maluco, mas entendi!– eu disse e ele me deu um selinho.– Vou falar com o Roberto mais tarde, pode ser?

– A hora que você quiser!– ele sorriu.

Querido Leitor- NLE DoprêOnde histórias criam vida. Descubra agora