19 - Paciência

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Magnus chorou em silêncio, trancado no banheiro, enquanto Alec cochilava no sofá. Ele o havia consolado, depois de sua revelação chocante, da melhor maneira que conhecia, sedução e sexo. Alec aceitou. Também queria encerrar aquele assunto que o fazia se sentir fraco e envergonhado. Não chorou, não se lamentou, apenas se deixou beijar, acariciar e se entregou a um Magnus cuidadoso e cheio de carinho. 

O empresário, por sua vez, fingiu que aquilo não era algo tão assustador e não o pressionou para saber mais sobre o assunto, porque simplesmente não aguentaria saber. Não naquele momento. Era bizarro demais imaginar como aquele homem morto ainda tinha tanto poder sobre o rapaz. 

Trancado no banheiro, mandou uma longa mensagem para Ragnor, contando toda a conversa, e o amigo o orientou a manter a calma e dar apenas o apoio que Alec precisasse, sem pressioná-lo. As palavras que mais o satisfizeram, no entanto, foram "Você está fazendo tudo certo. Siga a sua intuição, e tenha paciência"

Tudo o que Magnus queria era libertar o namorado daquele inferno. 

***

_ Eu queria ir no nosso lugar… _ Magnus entrou na sala falando, o que despertou Alec.

_ Agora? _ o capataz espreguiçou-se, tranquilo pelo outro estar agindo como se aquela conversa não tivesse acontecido.

_ Sim… podemos cavalgar um pouco _ ele sorriu. _ Estamos trancados nessa casa há quase dois dias. Temos de pegar um pouco de sol.

Alec sorriu de volta. _ Tem razão. A qualquer momento alguém pode vir aqui apenas para saber se morremos, porque nunca mais saímos.

_ Acho meio difícil acharem que morremos, porque quando chegarem mais pertinho vão ouvir gemidos, bem ousados, e entenderão o que estamos fazendo…

Os olhos de Alec cresceram. _ Acha mesmo que dá para ouvir lá fora? _ ficou preocupado.

_ Não somos discretos _ Magnus deu de ombros, montando no colo do namorado, agora sentado no sofá, vestido na calça de moletom. Acariciou seu peito e sorriu cinicamente. _ Nem precisamos ser. Somos homens crescidos e donos dos nossos narizes. Ninguém tem nada a ver com o que fazemos dentro dessa casa.

_ Mas…

_ Eu adoro quando geme mais alto, sem controle e preocupação. Também gosto de me sentir assim… _ começou, enfiando os dedos nos cabelos negros do capataz, acariciando seu couro cabeludo com um pouco de força. 

_ Gosto dos seus carinhos… _ Alec fechou os olhos. _ Eles nunca machucam, apesar de algumas vezes serem mais duros, mas sempre na medida certa. Prefiro assim... São tão perfeitos _ suspirou, roçando o nariz em seu pescoço, apertando sua cintura.

Magnus quase recolheu suas mãoa. Alec costumava ser agredido quando devia ser acarinhado. Era chocante perceber que ele achava aquilo normal, pois apenas "preferia" a maneira do empresário o acariciar.

_ Amor, isso é carinho. O resto não é… _ falou baixinho em seu ouvido. 

_ Gosto quando me chama de amor… _ o rapaz respondeu em um murmúrio, ignorando o que ele havia dito. _ Me agrada ser o seu amor… 

Magnus afastou-se, segurando seus rosto entre as mãos, acariciando a barba crescida de alguns dias. Devia dizer que o amava? Não sabia se isso assustaria ou faria bem a Alec. Apenas sorriu e o beijou, com paixão.

_ Acho que devemos nos vestir para sairmos, senão acabaremos na cama, mais uma vez, gemendo alto para quem quiser ouvir _ provocou, fazendo o outro rir.

***

Alec estava novamente parado, diante do portão, as mãos apertando o volante da caminhonete, com força. Magnus havia viajado durante a madrugada e ele queria mudar sua vida. Deitou a testa no volante e bufou, se sentindo um inútil, covarde e idiota. Qual a dificuldade em acelerar e sair de uma vez por aquele portão? 

Fim de semana na fazenda Onde histórias criam vida. Descubra agora