23 - Carência

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_ Você está em outro mundo… _ a voz doce trouxe Magnus de volta de seus pensamentos. Piscou várias vezes quando voltou a ouvir a música alta e percebeu que estava parado, diante do parapeito do camarote, voltado para a pista de dança, lá embaixo. 

Havia se deixado levar pelos pensamentos. Um pensamento alto, com peito cabeludo e uma bela bunda redonda e durinha, é claro. Sorriu levemente, sem conseguir evitar. Alec estava sempre na sua mente e, naquela noite, em especial, se sentia carente dele. Mal conseguiram se falar, porque a ligação estava ruim. A vídeo-chamada sequer funcionou. 

Já havia amaldiçoado mil vezes a companhia telefônica. Estava dependente das ligações de vídeo com Alec, para aplacar a saudade. Aliviava seu coração vê-lo rir, observar seu olhar desejoso, quando mordia o lábio inferior ou deslizava a língua por eles, vê-lo se tocar, com aquela mão grande. Uma delícia de mão grande, diga-se de passagem, com dedos deliciosamente longos. Amava como ela se enrolava em seu membro de maneira firme. Alec era todo grande e delicioso, na verdade. 

_ Hã? _ voltou-se para o camarote, dando de cara com Camille, que o olhava com curiosidade.

_ Você está pensando nele _ ela afirmou, olhando nos seus olhos. _ Magnus, não consigo acreditar que esteja apaixonado de verdade, mas é indiscutível que está diferente, desde que voltamos da fazenda. Está mesmo gostando daquele capataz?

Magnus ergueu uma sobrancelha, antes de curvar um pouco o corpo para a frente, para assim poder aproximar seu rosto do daquela mulher bonita à sua frente. O sorriso não chegou aos olhos, no entanto, quando falou. _ Não é "aquele capataz", é Alexander, o meu namorado. Tenha mais respeito pelas pessoas, principalmente as que não conhece, e tenha mais cuidado com as suas palavras. Elas podem prejudicá-la… _ seu tom foi cortante.

Camille deu um passo para trás, visivelmente intimidada. _ Credo, Magnus, está me ameaçando? _ ela abraçou o próprio corpo, como se sentisse frio, repentinamente. 

_ Já encontrou um apartamento para alugar? _ ele perguntou, ignorando as palavras dela. _ Em breve o meu namorado deve vir a Nova York e queremos privacidade _ deixou claro. _ Não que eu a esteja expulsando também _ falou em tom afetado e casual, arrumando seu topete cheio de glitter. 

_ Estou procurando _ ela puxou o canto da boca. _ Mas, mesmo que eu ainda esteja no seu apartamento, quando ele vier, não vou atrapalhar. Vocês podem ficar a vontade…

_ Nós vamos ficar, pode ter certeza disso..._ o sorriso de Magnus foi malicioso, antes que ele se afastasse. Parou, depois de alguns passos e virou-se. _ Chame Rafael ao meu escritório _ ordenou. 

_ Vai viajar?

_ Acho que não devo satisfações a você. Devo?._ franziu o cenho, fingindo confusão.

_ Por que está me tratando assim, Magnus?._ Camille andou até ele. 

_ Porque sei o que tem tentado fazer e não gosto nada disso. Dei um voto de confiança e você parece não estar aproveitando ele. Pare de tentar ser para mim o que nunca será… _ seu tom voltou a ser cortante.

_ Sobre ontem… _ ela baixou o rosto, totalmente intimidada. _ Eu queria pedir desculpas. Foi impensado e isso não vai acontecer novamente _ desculpou-se.

_ Não vai mesmo e se você ao menos cogitar algo parecido, eu não vou expulsá-la do meu loft, a jogarei pela sacada. Encontre um lugar para morar, a minha bondade tem limite _ o tom cortante a fez encolher-se um pouco. Magnus virou-se sobre os calcanhares e entrou no seu escritório.

Camille bufou e fechou os olhos.  Havia tentado uma grande jogada e se perdeu. 

****

Já era madrugada de domingo quando voltou para casa depois do expediente e viu que havia uma luz fraca sob a porta do quarto de Magnus. 

Fim de semana na fazenda Onde histórias criam vida. Descubra agora