43 - O presente

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_ Feche os olhos... _ a melodiosa voz de Magnus chamou a atenção de Alec, no largo sofá, instado na varanda, onde encerravam sua noite romântica de noivado e troca de alianças.

O rapaz obedeceu, com um sorriso largo e entusiasmado no rosto. _ O que o destino fez você trazer de presente para mim? Estou tão curioso e...

Um pequeno miado, que chegou junto com os passos do mais velho, bem a sua frente, fez o mais novo abrir os olhos, bem grandes, assim como a boca, em surpresa e choque. _ MEU DEUS, MAGNUS, VOCÊ ME TROUXE UM GATINHO?! _ Alec gritou, com emoção incontida, recolhendo em suas mãos grandes, com cuidado exagerado, a pequena bolinha de pelos rajada de cinza e branco, que ele ofereceu.

_ Sim. Você não vai acreditar, mas essa criaturinha me seguiu da lanchonete em que parei, depois de comprar alguns adereços para a decoração da varanda. Ele tentou entrar no carro, mas era muito pequeno para alcançar, então começou a miar muito alto, como um maluquinho. Eu abri a porta do carro novamente e perguntei para que tanto escândalo e ele parou, sentou-se e ficou me olhando... Então eu perguntei o que ele queria e ele tentou novamente entrar. Aí eu disse "garotinho, eu ainda tenho muito o que fazer. Vou preparar um jantar especial para Alexander", e ele começou a miar desesperado, novamente. Aí, eu entendi... ele queria vir... para você _ Magnus foi contando, enquanto Alec abraçava e esfregava o animalzinho nas bochechas, sorrindo feliz, como uma criança, lágrimas gordas começando a escorrer em seu rosto.

_ Você conversou com ele? Ele quis vir? Ele vai morar conosco? Magnus... eu não tenho um gato há tanto tempo...

_ Você gostou? _ ele indagou, enxugando suas lágrimas. _ Só não sufoque o bichinho. Alexander, você o está esmagando _ riu.

Alec folgou o abraço, o mantendo apenas seguro na concha que fez com as mãos. Esfregou o nariz em seu pêlo e soltou uma risadinha. _ Ele cheira a bebê. Como vamos chamá-lo? Eu não sou bom com nomes. Tive um gato uma vez e o nomeei Church, mas Izzy dizia que não era um bom nome.

_ Esse garotinho já me deu bastante trabalho. Tive de comprar produtos, dar banho e alimentá-lo, além de escondê-lo no quarto da Cat, rezando que não resolvesse miar como um desesperado, novamente. Ele me ajudou um pouco com a arrumação da varanda, ou talvez tenha só me atrapalhado, tanto faz... ele é uma boa companhia. Um pouco voluntarioso, já pensa que é o dono da casa. Acha que vai nos comandar.

_ Um comandante gatinho?

_ Mais como um presidente miau _ Magnus riu.

_ Bom nome! Presidente Miau... você é bom com nomes...Que acha?

Magnus se aconchegou novamente no sofá, com Alec, e agora o gatinho. _ Bem-vindo a nossa família, Presidente Miau. Você será o nosso primeiro bebê _ Magnus disse, acariciando o pêlo do bichano, com a ponta dos dedos.

Alec deitou-se de frente para o agora noivo, agarrado a bolinha de pelos, e roçou o nariz no dele. _ Parece que você sempre sabe todos os detalhes quebrados da minha vida e os vai consertando com ações, palavras, sorrisos, beijos... e um gatinho. Eu amava o Church... mas Philippe não me deixou levá-lo... _ suspirou, pesaroso.

_ Não precisa falar sobre isso, se não quiser, amor _ Magnus o beijou na testa.

_ Tudo bem, isso tudo já não me afeta tanto quanto antes. Tessa diz que estamos nos curando, não quando a ferida deixa de existir, porque ela sempre estará lá, na forma de uma cicatriz, mas quando ela não controla mais a nossa vida, ou seja, não dói mais... Antes, eu não conseguia falar, porque doía muito, até pensar sobre isso doía infinitamente. Mas, hoje... eu não sofro tanto mais. Eu tenho consciência de que passou _ falou, em tom tranquilo, acariciando o pêlo do bichano.

Fim de semana na fazenda Onde histórias criam vida. Descubra agora