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Gabrielli

Marcele ficou abalada quando expliquei o que significava os dois risquinhos, minha irmã é uma menina, isso não pode estar acontecendo!

O meu teste também deu positivo, além de ter que carregar as lembranças do que fizeram conosco na mente, vamos ter que carregar os frutos da violência provocada contra nós. Irma comia o prato de sopa de carne esperando uma reação nossa que não veio.

– Por que vocês não vêm comer? O Jorginho vai para o segundo prato, ficar assim não vai resolver nada.

Marcele pegou o prato e se serviu com uma concha generosa de sopa, depois fiz o mesmo, estou com muita fome para raciocinar direito. Jorginho pediu mais sopa para Marcele que se levantou rápido para pegar.

– Agora que estamos com nossas barrigas cheias, vamos conversar. Quem são os pais? São importantes e ricos, não é? Seus filhos são bastardos como eu, não é mesmo?

Irma é uma bastarda, filha de um dos senhores das cinco famílias, mas nunca perguntei qual é. Sei que essa casa foi presente dele a mãe dela como também a casa que Irma vivi, mas com o tempo ele a abandonou, por isso Irma se tornou prostituta, sinto que não foi pelo dinheiro e sim pelo abandono.

– O que isso importa, Irma? Temos que procurar um médico para nos ajudar com isso que aconteceu comigo e Marcele, você conhece um que faça o serviço?

– Claro. Se quiser, ele pode até ligar suas trompas, assim não terá mais esse problema.

É isso, vou pegar meu último colar de ouro e vender para conseguir o dinheiro dos abortos, vou ligar as minhas trompas e da minha irmã, assim não teremos mais problemas. Vou cuidar de tudo e seguir com meus planos de ser uma prostituta.

– Eu quero, vou só vender o colar de ouro e conseguir o dinheiro. Você já fez? Dói?

– Não, eu não posso ter filhos. Mas já teve algumas meninas lá do bordel que fizeram, é doloroso, mas logo passa, como tudo nessa vida.

Marcele olhava para ela esperando que dissesse algo terrível, mas Irma não fala sobre as partes ruins, parece que sabe que não vai adiantar detalhar.

– Não quero.

Olhei Marcele como se não tivesse ouvido direito, como assim? Ela não quer?

– Fadinha, você quer sim. Ainda é uma menina, e não entende que essa coisa que cresce em você é uma parte daquele maldito, é só um pedaço de carne que vamos tirar de você e tudo vai ficar bem, além disso iremos fazer a laqueadura também para não ter risco de isso acontecer de novo. Sou sua irmã mais velha, sei o que é melhor para nossa família, portanto você não tem de querer nessa questão.

O sangue Gusmão vai continuar em Jorginho, não vou correr o risco de colocar uma criança nesse mundo para carregar o sobrenome do meu pai, já é um fardo complicado demais para meu irmão, não vou colocar outro inocente nessa situação.

– Mas quero ficar com ele ou ela, podemos ter uma família grande como antes. O bebê não é um pedaço de carne, ele não será dele e sim meu, você entende, Gabrielli? Podemos fazer dar certo.

– Dar certo? Mar, você está confusa, é isso. É uma informação muito complicada para absorver, mas estou aqui para cuidar de tudo. Irma, amanhã você me leva no comprador e depois no médico, assim marcamos logo essa cirurgia.

Irma pareceu desconfortável, mas ela não é da família, portanto, não entende como essa decisão é importante, agora também vou parar de enrolação em relação a prostituição, saber sobre a gravidez foi ótimo, precisava desse choque de realidade.

O Engano - A Organização Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora