19

464 103 4
                                    

Hugo

Algumas semanas depois.

A chegada dos bebês mudou mais uma vez a rotina da nossa casa, nossa mãe está totalmente dedicada as nossas esposas, como todas as outras empregadas, Jorginho acompanha tudo como um espectador dedicado aos sobrinhos e irmãs. Ainda não conheço meu filho, e Gregório não conhece a pequena Rute, decidimos deixá-las se acostumar com a ideia de serem mães primeiro para depois conversamos com elas.

Felizmente esse dia chegou, minha mãe conversou com elas explicando sobre nossa intenção de conhecer as crianças, elas aceitaram, mas querem conversar conosco primeiro sobre o assunto, não sabemos ao certo o que querem conversar, mas elas aceitaram nos receber e já é um bom começo. Minha mãe nos recebe na porta nos guiando até elas, Gabrielli e Marcele estão visivelmente cansadas.

O início de uma pós gestação pelo que li e estou percebendo é bem cansativo e sem uma boa rede de apoio pode se tornar uma experiência horrível. Por mais que toda a casa tenha se mobilizado para cuidar delas imagino que não seja fácil vivenciar a primeira vez como mãe, ainda mais de dois homens que as machucaram tanto.

– Vou deixar vocês conversarem. Se precisarem de mim é só chamar.

Não foi só a rotina que mudou por causa das filhas de Gusmão, nossa mãe se tornou uma mulher diferente, não se preocupa com festas ou grandes eventos como antigamente. Enfim entendeu depois da nossa situação recente que não poderia continuar vivendo como antes. Ficamos olhando uns para os outros sem saber como começar a conversa, havia uma mesa com um prato de biscoitos doces e outro com biscoitos salgados além de chá, suco e água, soube que elas comem muito, mas aparentemente não estão ganhando peso já que os bebês consomem seu tempo e energia as fazendo emagrecer.

– Bom dia!

– Bom dia, como estão?

Marcele parecia mais cansada, Gregório de uma forma bem ousada se aproximou dela se sentando ao seu lado, ela não parecia ter medo ou pavor como em outras ocasiões ou talvez esteja cansada demais para dizer algo, depois fiz o mesmo indo para o lado de Gabrielli que também não demonstrou resistência nenhuma.

– Estamos bem, agradecemos por perguntar. Acredito que o motivo da conversa seja para falar dos nossos filhos, certo?

– Sim Gabrielli, o nosso principal interesse é conviver com os pequenos, estamos abertos a qualquer sugestão, apenas queremos dividir com vocês os anseios e tudo que os bebês trouxeram para suas vidas. Somos os pais e queremos muito fazer parte desse momento com vocês.

De repente ouvimos o choro fino e agudo da minha sobrinha, Marcele se levantou indo praticamente correndo até Rute, ela pegou a bebê que mesmo estando nos braços da mãe não parava de chorar.

– Acho melhor vocês irem embora, essa conversa pode ser em um outro momento.

Marcele começou a chorar tendo atenção total de Gregório que foi até ela preocupado com seu choro e da bebê.

– Ela não para de chorar, não sei o que estou fazendo de errado. Rute não gosta de mim, mas eu amo tanto ela, mas é sempre assim quando tento acalmá-la, meu seio está doendo tanto porque ela não gosta de mim, mas mama como se a vida dela dependesse disso.

Olhei para Gabrielli como se estivéssemos algum tipo de cumplicidade, Marcele estava olhando diretamente para Gregório quando falou tudo que sentia, não para nós. Saímos deixando ambos sozinhos com Rute, eles precisam dessa privacidade para se conectarem um com o outro.

– Devíamos deixá-los sozinhos, o que acha?

– É uma boa ideia.

Saímos do quarto devagar para não os tirar do momento, Rute parou de chorar com a proximidade de Gregório, talvez curiosa para conhecer o pai. Andamos pelo corredor chegando perto da grande janela com vista para o jardim, um lugar realmente muito bonito.

O Engano - A Organização Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora