O Engano - A Organização Livro 1

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Gabrielli

Todos eles vieram, apenas o meu cunhado ainda não apareceu, seus olhares sobre mim são de curiosidade enquanto os cumprimento. Escolhi o vestido preto com uma fenda na perna bem evidente, além do decote um pouco revelador decorado com um colar de pérola negra que pertenceu a minha mãe, meu sogro está sentado no sofá conversando com alguns líderes, enquanto sorria percebo que está atento a toda movimentação, aparentemente ninguém desconfia de nada.

– Filha, está vestida feito uma vagabunda, todos estão comentando. O que está pensando?

– Boa noite pai, como está? O senhor com essa péssima mania de não ser educado comigo, isso muito me entristece, sabia? Sobre a roupa, escolhi a mais ousada de propósito, o filho mais velho da família Magalhães não tirou os olhos de mim, o senhor percebeu?

Ele pegou no meu braço me levando em direção ao escritório de Hugo, ele ainda acha que pode me controlar como fazia quando ainda éramos uma família.

– O que está tramando com tudo isso?

– Pensei que fosse óbvio o que quero, papai. Um novo marido. Sou jovem, bonita e disponível, é errado querer seguir em frente? Davi precisa de um pai, e eu de um marido, sou uma mulher digamos que exigente, quero eu mesma escolher um bom partido. Já que Hugo morreu, o certo deveria ser encontrar um marido para assumir a mim e o próximo líder da família.

Começo a colocar meu plano em prática, quero saber qual será a resposta de cada um que suspeito que tenha algo a ver com o que houve, dependendo do que for respondido saberei que preciso ter atenção com essa pessoa.

– Filha, sei o que está passando, mas ainda é cedo, me deixe cuidar de você e do meu neto. Hugo era um merda de homem, mas mesmo ele nunca tendo consideração comigo, sei que não gostaria de vê-la casada com outro homem tão cedo. Sabe, ele não era o marido que queria para você, errei muito nessa vida e sei disso, Vagner tinha razão, mas estava tão ferido e magoado que não conseguia enxergar o erro irreparável que cometi com minha família. Quero corrigir meus erros, portanto, talvez seja bom esperar. Estarei ao seu lado como nunca fiz, me deixe cuidar de você, minha filha?

Esperei por toda uma vida a atenção e zelo do meu pai, agora olhando para ele percebo que foi uma bobagem desconfiar dele, ele tinha motivos para matar toda a família Assis, mas não faria isso. Ele foi forjado para ser fiel e leal mesmo perante as piores circunstâncias, meu pai podia ter pedido restituição matando todos os homens da casa Assis, mas ele não fez isso.

– Pai, um dia vou olhar para o senhor com meu coração cheio de amor como no passado, mas hoje não é esse dia, sei que apesar de mamãe ter morrido magoada ela o amava mais do que a si mesma, não se martirize com essa questão mais. Vou ver se o jantar já está pronto, fique a vontade na minha casa.

Vou em direção a cozinha encontrando Maurílio? percebia seu olhar frio e desconfiado em minha direção. Como tenho ódio dele por tudo que fez e faz contra Irma e Lucas, seria ótimo que ele fosse o responsável pelo que houve com Hugo como também com Teodoro e Vagner, seria um prazer meter uma bala na cabeça dele.

– Boa noite Maurílio, pensei que não viria conversar comigo.

– Foi impressão sua Gabrielli, estava apenas pensando o porquê desse jantar. Sua amiga não soube me dizer, e olha que fui bem persuasivo com Irma.

Desgraçado. Ele com certeza bateu nela, tenho que segurar meu temperamento para não mandar esse maldito para o inferno.

– Ela realmente não sabe. Irma não iria concordar Maurílio, minha amiga é bem mais ponderada que eu. Estou pensando em me casar novamente, me sugere alguém? Claro que não você já que está comprometido.

Ele sorriu acendendo seu cigarro, odeio fumantes, infelizmente durante toda minha vida fui fumante passiva já que meu pai fumava e Hugo as vezes depois do sexo gostava de fumar.

– Jogada inteligente! Se antecipando aos velhos da família que estão loucos para enfiarem você em um outro casamento arranjado, Magalhães Filho está bem interessado, mas acredito que saiba disso. Percebi que correspondeu aos olhares dele em sua direção, Hugo ficaria bem decepcionado em saber que já quer substituí-lo tão rápido. Pensando bem faz sentido, acredito que tenha ficado aliviada com a morte dele.

– Não. Hugo era meu marido Maurílio, pai do meu filho. Nunca desejei o mal dele dessa maneira.

– Não seja dissimulada Gabrielli, não duvido que você esteja envolvida com tudo isso, é bem conveniente para você depois de tudo que Hugo e sua família fizera com a sua. Quero que saiba que estou de olho em você garota, pode enganar os outros imbecis com essa carinha de vítima, mas a mim você não engana.

Menos um. Maurílio pensa que tenho algo a ver com a morte de Hugo e pela reação tempestuosa de agora com certeza não seria capaz de matar meu marido. Ele saiu, mas antes soltou a maldita fumaça do cigarro no meu rosto, ser odioso e nojento.

Vou até a cozinha encontrando Marcele ajudando Naná, minha irmã está calada e arredia a alguns dias, está concentrada ajeitando os pratos, quando me aproximo dela posso ver como está triste, com toda a questão do jantar não consegui conversar com ela.

– Irmã, está tudo bem?

– Sim. Naná e as outras empregadas já vão levar os pratos para a mesa, seria melhor voltar e avisar a todos.

– Marcele, olhe para mim: o que está acontecendo?

Ela respirou fundo olhando para mim, percebi as olheiras e a expressão cansada como se não estivesse descansado bem.

– Você tinha razão sobre Gregório, ele não é meu amigo, só queria me fazer de boba. Sou uma garota burra e ingênua que cai em qualquer conversa, esqueça de mim e dos meus problemas, temos que seguir com o seu plano.

Beijei seu rosto para demonstrar minha gratidão por ela mesmo não estando bem me apoiar, queria poder mudar a realidade dela.

– Te amo, irmã. Queria poder mudar essa realidade, daria tudo para que tivesse outra vida, minha linda.

– Uma nova vida? Só se eu morresse nessa vida para poder viver uma outra.