44

360 88 5
                                    

Gregório

Maurílio veio encher minha paciência, como sempre está com expressão fechada e sombria. Assumir as responsabilidades do meu irmão quando isso nunca foi minha preocupação é exaustivo e estressante, lidar com os negócios como líder é bem diferente do que lidar com tudo sendo a mão direita do meu irmão.

– O que sua cunhada pretende com esse jantar?

– Não sei primo, não estou dentro da cabeça de Gabrielli para saber o que ela quer. Já perguntou para sua futura esposa?

Maurílio gosta de saber de tudo muito mais do que é devido a ele saber, deve estar se roendo por dentro por não saber os planos de Gabrielli.

– Acredite, Irma não sabe de nada, se soubesse teria contado. Tenho meus próprios métodos para conseguir as informações que preciso dela.

– Hugo já havia avisado você sobre a forma que trata Irma, mas parece que tem algum problema de entendimento. Pare de agredir minha irmã.

Sabia sobre Irma e dos segredos que Hugo soube por meio de Maurílio, sei que são segredos com o poder de causar um grande tremor entre as famílias.

– Ela sabe que estou a disciplinando porque a amo, Irma é a mulher da minha vida e sou o homem da vida dela. A forma que a trato é problema meu e não seu como também não era problema de Hugo. Vou no jantar porque tenho a impressão de que Gabrielli desconfia de todos nós e quer ver como vamos agir.

– Não tenho nada a esconder Maurílio, mas e você? Tinha motivos de sobra para matá-lo como também a Teodoro.

Ele se levantou provavelmente percebendo que não iria conseguir nada comigo, se pudesse tirar Irma do seu controle com certeza não pensaria duas vezes. Maurílio é um perturbado, e temo que pode acabar provocando uma tragédia.

– Também é um suspeito, agora está na posição do seu irmão, como eu tem motivos de sobra para querer seu irmão morto.

Maurílio não iria embora sem antes destilar seu veneno, no entanto, não vou me abater com essas insinuações, sei que não sou o culpado pelo que houve. Fico trabalhando por um tempo maior do que o normal enquanto bebo da minha garrafa de tequila direto do gargalo. Já é noite quando termino, sei que estou tonto mas não me importo em estar assim, definitivamente não tenho estrutura para segurar tudo sozinho sem um incentivo alcoólico.

Vou direto para o quarto dela, minha Marcele está lendo um livro enquanto escuta música em um volume baixo, com certeza Rute está dormindo no berço no seu quartinho, ela está distraída, portanto não me viu chegar e se sentar ao seu lado. Toco seu rosto beijando sua bochecha, nesse momento ela percebe minha presença e sorri.

– Oi Gregório, você já jantou? Se quiser posso fazer algo para você, vai ser rápido.

– Não Marcele, estou com fome de outro tipo de comida.

Ela olhou para mim visivelmente confusa, se levantou da cama sorrindo sem jeito por não entender do que estava falando.

– Não entendi. Quer comer algo em específico? Posso fazer pastéis assados, não são iguais aos que a Naná faz, mas são muito bons.

– Você é muito ingênua, Marcele. Sabe, não quero comida para alimentar o corpo, quero você para alimentar o meu desejo. Entendeu agora?

Ela correu para o rumo da porta, mas entrei na sua frente a impedindo de fugir. Hoje não, hoje Marcele não foge de mim.

Marcele

– Gregório, somos amigos, lembra? Amigos não fazem isso. Está bêbado, não é? Vou levar você para o seu quarto, ajudá-lo a tomar um banho.

Não é a primeira vez que Gregório faz isso, depois da morte do Hugo ele vem atrás de mim tentando algo, respiro fundo e fico calma, ele somente está bêbado demais, com certeza com os argumentos certos vai embora como das outras vezes.

– Mas não sou seu amigo. SOU SEU MARIDO GAROTA, PORTANTO, TEM QUE ABRIR ESSAS PERNAS E ME DEIXAR CUMPRIR MEU PAPEL.

Ele segurou meus braços com força me jogando na cama, fiquei sem reação lembrando do que Gregório fez comigo. Paralisei totalmente ao sentir seus lábios tocando nos meus, o cheiro de tequila impregnado na sua boca foi impossível de não sentir, quando suas mãos tocaram minhas pernas tentei fugir, mas sem sucesso.

– Pare Gregório, por favor, não quero!

– Não Marcele, eu te amo. Vai ser bom, você vai gostar. É minha mulher e tem que cumprir com sua obrigação comigo, se resistir vai ser pior.

Lembrei de como tentei me defender dos avanços dele quando invadiu a minha casa acusando meu pai de ter traído sua família, lutei contra ele, mas não adiantou, Gregório me machucou ainda mais, tive um sangramento que durou por dias, ele me feriu de dentro para fora.

Deixei que ele continuasse com seus toques sentindo minha respiração mais acelerada, Gregório pode me fazer sangrar novamente, está bêbado, fora de controle, é melhor deixar que faça o que quiser. Não posso fazer nada que o deixe irritado, sinto suas mãos tirando minha calcinha, estou com medo e as lembranças daquele dia inundam a minha mente.

Fechei meus olhos rezando para que algo acontecesse, foi quando o telefone dele tocou, Gregório saiu de cima de mim praguejando por ter sido interrompido, mas saiu do quarto para atender a ligação, me levanto para trancar a porta agradecendo aos céus pelo livramento. Começo a chorar desesperadamente, Gregório vai tentar de novo, não vou conseguir fugir dele para sempre, minha irmã tem toda razão, Gregório não é meu amigo, e nunca será.

 

O Engano - A Organização Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora