Irma
– Mamãe, quero o pudim de chocolate.
– Claro, meu filho, mamãe vai fazer, mas precisa almoçar primeiro.
O motorista nos olhava com pena, todos os funcionários têm essa mesma expressão de piedade como se soubessem como é complicado conviver com Maurílio e suas explosões diárias. Quando chegamos percebi que Maurílio está aqui, infelizmente ele chegou mais cedo para minha tristeza.
– Senhor Júlio, leve as crianças para cozinha, terei que lidar com Maurílio, e não quero que os pequenos presenciem nada.
– Tudo bem, senhora.
Ele pegou o bebê conforto em um braço segurando na mão de Lucas com a mão livre, respirei fundo esperando mais uma sessão de loucura e explosão, faço o sinal da Cruz pedindo proteção para Santa Maria Madalena, ao entrar vejo ele fumando o maldito charuto soltando a fumaça para cima, quando percebe minha presença vejo como seu olhar cruel está sob mim.
– Onde estava?
– Na casa de Gabrielli, fui ver minhas comadres e meus afilhados, levei o convite do noivado, as outras Senhoras não quiseram me receber, mas estou bem com isso.
– Onde estão as crianças?
Ele continuou sentado avaliando cada ação minha como se quisesse ver algum traço de mentira ou engano.
– Na cozinha com a governanta.
– Sabe que não gosto que saia sem me avisar, Irma, cheguei em casa e não vi você. Pensei em tanta merda, você não tem ideia de como isso me deixa furioso.
Maurílio vai me bater, mas já estou tão acostumada com essas agressões que não me preocupo. É um ciclo de violência, ciúmes, possessão e obsessão que não tem fim, o medo que volte para vida e consiga minha liberdade de volta atormenta Maurílio como também atormentava Vagner.
Ele levanta a mão batendo no meu rosto com o dorso da mão rasgando minha bochecha com o maldito anel com o brasão da sua família. Fico firme sem demonstrar como seu tratamento horrível me afeta, como sua crueldade para comigo causa um sentimento de impotência sobre mim.
– Vim almoçar com minha mulher, mas não estava aqui que é o seu lugar. Até o dia do noivado não deve sair de casa, onde está Lucas? Aquele garoto burro está desleixado no treinamento dele.
– Maurílio, não machuque meu menino, por favor. Está cansado, não é? Vou fazer um banho para você com sais como gosta, depois podemos ficar juntos, você não quer?
Me aproximo dele como aprendi que uma prostituta deve fazer, sorri para ele beijando sua boca fingindo uma paixão ardente que não sinto. Meu corpo e o sexo afastam Maurílio do meu filho, prefiro que faça o que quiser comigo, finjo sentir prazer com sua violência, gemendo com sua brutalidade para proteger meu Lucas.
– Sua oferta é tentadora e inegável. Sabe que amo você, não é Irma? Se a disciplino é porque quero que seja melhor para estar ao meu lado, quando mostra que me deseja assim sei que entende que faço tudo isso para que possamos alcançar a felicidade como era para ser desde o começo.
– Sei disso, querido, me perdoe. Foi imprudência minha, mas não vai acontecer mais. Agora venha Maurílio, estou com saudades.
Saudades? Maurílio me procura todas as noites desde o momento que o médico me liberou para ter relações, preciso fingir para proteger meus filhos da terrível maldade vinda de Maurílio. Ao chegarmos no quarto tiro a roupa rebolando, apenas vestida com uma calcinha já que o vestido que usava não tinha necessidade de usar sutiã.
Tiro o paletó que ele usa e sua camisa, beijando seu peitoral coberto por várias tatuagens, beijo sua boca sentindo que está correspondendo aos meus avanços, vou para o banheiro ligando a torneira para enchê-la, Maurílio ainda está fumando soltando a maldita fumaça pelo quarto.
– Gostaria de uma bebida, querido? Abasteci o frigobar com tudo que gosta, meu lindo.
Sorria querendo deixá-lo bêbado, não que o martírio seja mais rápido, mas ele dorme e consigo ter paz.
– Traga a tequila de sempre Irma, duas doses como sabe que gosto. É uma pena estar amamentando ainda, trouxe um cigarro novo que estamos transportando, os Magalhães estão produzindo o melhor.
Maurílio me incentiva a manter os vícios, bebidas e cigarro foram minha cia para superar todas as minhas dores, depois do aborto foi a época que mais fumei e bebi na vida, entre um copo e um trago mais era ciente da merda de vida que teria.
– Você sempre é tão atencioso, querido. Sempre pensando em mim, vou preparar sua bebida do jeito que gosta, mas antes talvez você queira um agrado.
Subi em cima da cama tirando sua calça, depois sua cueca sorrindo para seu pau ereto. Passo a língua na cabecinha do jeito que ele gosta, coloco ele todo na boca chupando como sei que deixa Maurílio louco, ele segura minha cabeça levando seu pau até minha garganta, ele começa a foder minha boca sem dó, depois goza despejando tudo enquanto me mantêm sob seu domínio até a última gota ser liberada.
Ele tira seu pau da minha boca, engulo toda sua porra me sentindo imunda, com o tempo Vagner não me procurava mais, alegava que não queria tocar em mim pois se arrependia de ter me trazido para viver como uma mulher decente. Ele me batia constantemente, não sei como Adélia sobreviveu, confesso que tinha medo dele, por isso nos últimos dias em que convivemos passei a ficar em casa vegetando sem dizer nada, não me defender ou tentar justificar algo.
Sobrevivi mesmo morta por dentro, Maurílio faz eu me sentir imunda, é agressivo e bipolar, mas sorrio para ele como se estivesse agradecida com a vida ruim que tenho. Suas mãos seguram minha face com força, ele tenta ler meus olhos procurando por algo que não vai encontrar.
– Diga que me ama, Irma. Que é louca por mim, não tem noção como me excita dizendo que me ama.
– Te amo, meu querido, mas agora vou preparar sua tequila como gosta e pode ir ao banheiro, tudo deve estar pronto esperando por nós. Adoro quando você me possui na banheira.
Mais uma encenação, odeio sentir suas mãos tocando em mim como um objeto sexual sem valor, mas estou fazendo isso pelos meus filhos, Maurílio precisa acreditar que sou louca por ele, assim ficará mais fácil fugir, pois não vai desconfiar de nada. Espero conseguir viver longe dessa vida cruel e abominável, longe desse monstro que Maurílio é.
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O Engano - A Organização Livro 1
RomansaO ENGANO Viver em uma organização criminosa por toda a vida me ensinou duas preciosas lições: não seja um traidor e saiba que o silêncio é de ouro. Não queira jamais infringir essas regras, pois, todos ao seu redor sofrerão as consequências de suas...