O Engano - A Organização Livro 1

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Gabrielli

Todos os dias Davi fica olhando pela janela esperando pelo pai como sempre fazíamos, seu olhar procura pelo meu como se quisesse alguma explicação, meus olhos marejados é a resposta que meu filho encontra.

– Seu pai não vem mais, meu filho. Agora é só eu e você. Prometo que vou descobrir quem tirou seu pai de nós e vou fazê-lo pagar por tudo.

Naná apareceu ao meu lado tocando em meu rosto e limpando as lágrimas, não entendo por que dói tanto, parece que não vou conseguir respirar sem sentir esse aperto no peito, meu Hugo se foi deixando um buraco dentro de mim.

– Querida, tem certeza desse plano?

– Tenho Naná, não é justo que Hugo tenha morrido desse jeito sem que ninguém pague por isso.

Ela sabe de tudo que planejei, convidei cada líder das cinco famílias para um jantar, inclusive meu pai. Para mim todos são suspeitos e tem motivos de sobra para matar Hugo, infelizmente desconfio de Gregório, ele está instável demais, talvez esteja com medo de descobrirem que ele pode ser o responsável por todos os crimes que aconteceram.

– Posso continuar contando com a Senhora?

– Claro, querida. Mas tenho medo, podem matá-la ou fazer algo pior.

Não tenho medo. O que me aconteceu me deixou dura e fria, o que eles podem fazer comigo além do que já foi feito? Já fui humilhada, violada, abusada e morta por dentro, não há nada que façam que possa me assustar.

– Não tenha Naná, estou ciente dos perigos e do risco que corro, mas não tenho medo. Pelo contrário, nunca tive tanta coragem, fique tranquila em relação a isso. Agora, pode ficar com Davi? Como meu pai resolveu me ignorar terei que ir ao único lugar que tenho certeza de que está.

Naná pega Davi que ainda está com a expressão triste esperando pelo pai, ver meu filho assim é horrível, queria ter o poder de mudar tudo, mas infelizmente não posso. Entrei no carro indo em direção ao único lugar que com certeza sei que meu pai está.

Não imaginei que um dia pisaria em um lugar como este. O cheiro de cigarro, bebida e perfume feminino me causava enjoo e uma vontade imensa de vomitar, mas me fiz de forte e continuei meu caminho, a medida que fui entrando encontrei mulheres e homens trepando em cima de mesas e sofás espalhados por todo lugar.

Avisto meu pai conversando com uma prostituta que está sentada em seu colo, os dois parecem bem íntimos, e pensar que ele trata tão mal Irma, mas não vê problema em se esfregar em mulheres que fazem o trabalho que um dia Irma fez. Os homens são todos hipócritas. Ao me ver meu pai pareceu ter perdido a alma, pois fica branco na hora.

Segura a coxa da prostituta mandando-a sair, noto como se parece com minha mãe, mas não me importo tanto com esse detalhe, parece que meu pai percebeu como minha mãe era importante para ele, infelizmente foi tarde demais para ela e para nós.

– O que está fazendo aqui, Gabrielli? Esse lugar não é para uma viúva.

– Boa noite pai, como vai? Estou levando como Deus permite, agradeço por perguntar, podemos conversar em um lugar mais calmo?

Ele pegou seus pertences me tirando quase que arrastada de dentro do prostíbulo, parece que deixei meu pai bem furioso. Ele praticamente me jogou dentro do carro, claro que iria fazer um showzinho como sempre.

– Sua mãe teria vergonha de saber que entrou dentro de um bordel, o que está pensando? Enlouqueceu?

– Não. O senhor não atendia o celular, não estava em casa, portanto não foi difícil prever que estivesse aqui. Sei que era aonde ia quando brigava com a mamãe por ela não conseguir engravidar, vocês homens são inacreditáveis, mas não vim aqui falar do passado. Vim aqui para convidá-lo para um jantar na minha casa, será um evento de gala, portanto use sua melhor roupa.