1. Horrintantepilante

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-Seven!- senti algo embater contra meu corpo instantes depois de escutar a voz que chamava por mim, eu sabia que era a Daniella mas não consegui sequer me mover, o sono era bem mais forte que eu.- Seven! Não podemos nos atrasar de novo. Acorda!- uma mão fria tocou minha pele e eu abri os olhos um pouco arrepiado.

-Foda-se.- reclamei com as mãos na cara. Aquilo não era hora para alguém acordar.

-Melhor ser rápido, antes que o pai venha ralhar!

-Que venha.

Minha voz saia rouca e pesada, enquanto meus olhos recém abertos estavam no espelho fixo no teto braco, por cima da minha cama.

-Levanta-te de uma vez!- disse aborrecida e saiu do meu quarto.

Me levantei em seguida, andei até a porta e fiz a mesma bater no batente para se fechar e causar um estrondo que ela pudesse ouvir.

-Filha de uma puta.- insultei ninguém em específico e me deitei na cama, de bruços.

Eu bem sabia que estava atrasado, mas o que isso tinha? A escola com certeza não iria sair do lugar de sempre.

Eu pensava em voltar a dormir quando o som de uma notificação nova, vinda de meu celular que estava algures dentro os lençóis bagunçados da cama King-size que eu dormia.

Quando finalmente achei o IPhone que tinha recebido mais três mensagens, fiz esforço para levantar a cabeça, mas o nome que vi na tela me fez revirar os olhos e voltar a baixá-la.

Precisava de mais alguns segundos para terminar de fazer o download da minha alma.

Assim que o download ficou completo, me levantei da cama e andei até a minha casa de banho, enquanto respondia as mensagens do meu melhor amigo. Aquele filho de uma puta.

Lembrei de uma voz irritante a dizer-me que não me podia atrasar de novo. Mas eu podia, não devia, mas ia. Com certeza ia.

-SEVEN!- a mesma voz irritante de antes voltou, dessa vez, mais alta e, o que eu julguei ser impossível, bem mais irritante.- PODE NÃO QUERER IR A ESCOLA MAS EU QUEr...- estava a gritar quando eu apareci no batente da porta do meu closet, com apenas uma calça cargo, preta vestida.

Não falei. Só a olhei, enquanto via seu rosto branco ficar um pouco rosado e seus olhos puxados se extreitarem enquanto ela franzia a testa.

-Gostou? Tira foto!- sorri para sua cara envergonhada e uma risada escapou de minha garganta quando a dona da voz irritante fechou os olhos e se virou de costas. Puritana.

-Por favor desce logo!- não voltou a olhar para mim, só saiu do meu quarto e fechou a porta.

Ri sozinho e senti um pouco da energia negativa que pairava a minha volta e me fazia ter certeza que aquele dia seria de merda, se afastar um pouco, mas não o suficiente para que eu mudasse de ideias.

Eu não vi necessidade de colocar a camisa de uniforme em uma segunda-feira então, por cima das cicatrizes de queimadura, eu apenas vesti um moletom, preto, original da Nike.

Sai e do meu quarto e como eu sempre fui meio azarado, e ainda não tinha espalhado sal a minha volta naquele dia, dei de cara com uma assombração.

-Cruzes!- murmurei com a mão espalmada no peito, um pouco mais assustado ao perceber que não era uma assombração esim minha madrasta.

A loira oxigenada fez carreta para mim e eu lhe devolvi o gesto.

Stacey estava mais assombrosa que o custume, tinha vestido um robe tão carro quanto feio, seus cabelos estavam ressecados e sua cara estava coberta de algo verde-bosta. Bruxa Ramona.

-Tá lindo hoje Wayne.- sua voz ultrapassava os limites da sua falsidase e da palavra "irritante" e se eu tivesse que descrevê-la em uma palavra, seria horrintantepilante.

-Não posso te dizer o mesmo!- cuspi as palavras e saí de sua presença antes mesmo de ver sua reação.- Vamos, Stich.

-Não vai comer?- perguntou aparentemente preocupada e eu me virei para olhar o projeto de gnomo que me olhava. Não foi ela que reclamou de estarmos atrasados?

-Você?- sorri ladino e levou alguns segundos para a lerda perceber.

Ri quando ela fez carreta para mim e saí de casa.

A rapariga de olhos escuros me seguiu e entrou no meu carro quando o destranquei.

Suspirei arrependido. Eu estava com fome.

Entrei no Mercedes-Benz e coloquei o cinto, ia ligar o carro mas o cheiro de tosta quente que infestou meu carro fez meu estômago roncar.

Franzi meu cenho e encarei a rapariga de cabelos pretos, sentada ao meu lado. Daniella tinha uma tosta nas mãos e sorriu sem mostrar os dentes me dando a mesma, ignorei seu acto e liguei o carro.

-Não jantou ontem, pensei que fosse estar com fome!- disse com sua voz de menina, era irritante.

E louvado seja Deus por ela ter passado o resto do caminho em silêncio.

Assim que estacionei meu carro na vaga de sempre, que era única e exclusivamente usada por minha pessoa, a menina de cabelos pretos soltou o cinto.

-Tchau!- disse simpática e eu me limitei a esticar meu braço para pegar minha mala de treino.

Daniella entendeu o recado e saiu do carro sem dizer mais nenhuma palavra e eu agradeci por isso, e saí logo a seguir.

Meu estômago roncou e eu respirei fundo. Maldito orgulho.

Uma carta para o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora