31. Tá tudo bem!

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A primeira coisa diferente de "feliz aniversário Wayne" que eu ouvi na segunda feira, foi algo sobre o director ter expulso o Hemmet por usar e vender drogas. Suspirei e o segui até sua sala.

—Senta!— mandou e eu obedeci, o diretor Carter parecia feliz, naquela manha em particular.— Falei com o Maurice!— sorriu com seus dentes falsos.— Já autorizei sua volta à equipa por essa semana!— avisou e eu assenti.— Gostou do presente?

—Gostei!— só porque era um Mercedes-Benz.

—Que bom!— sorriu mais.

—Já posso ir? Estou atrasado.

—Sim, claro!— autorizou e eu me levantei e saí sem dizer mais nada.

Quando cheguei a sala de aulas, uma morena sorriu para mim e eu sorri de volta.

—Soube que vai voltar para a equipa!— disse contente e me sentei.

—Eh!— respondi pouco entusiasmado.

—Não está feliz?— perguntou com a testa dobrada e eu forcei um sorriso.

—Claro, só estou um pouco cansado!

—Tudo bem!— beijou meus lábios.

Sem que eu me desse conta, meu pé balançava freneticamente enquanto a caneta esferográfica batia contra a secretária vezes sem conta.

Senti Kate olhar para mim, mas mantive meu olhar ficado no homem que explicava qualquer coisa que eu não conseguia ouvir.

Sua mão segurou a minha, me forçando a parar de castigar a esferográfica e eu respirei fundo, tentei parar de balançar meu pé, mas não deu certo.

Eu estraguei tudo. Sempre estragava.

Minha mão tremeu por baixo da dela e eu me levantei sem aviso e sem me justificar, saí da sala.

Corri um pouco pelos corredores, mas precisei parar quando meu peito apertou e o ar faltou.

Me sentei contra a parede e fechei meus olhos, fiz alto e tentei respirar enquanto sentia que a qualquer momento meu coração explodiria de tão rápido e forte que o mesmo batia.

—Ei!— alguém tentou me tocar e eu me assustei antes de abrir meus olhos e ver duas esferas azuis e gentis.— Tá tudo bem.— uma rapariga de cabelos longos e loiros afirmou com um sorriso nos lábios.

Pisquei meus olhos por alguns instantes. Ela me lembrava a Dione. Provavelmente tinham a mesma idade.

Fiz que não com sua cabeça, depois de alguns minutos e a loira suspirou.

—Amor!— a voz da morena que tinha olhos verde-água chegou a meus ouvidos e eu me levantei rapidamente para receber seu abraço.— O que foi?— perguntou preocupada e eu olhei em volta, buscando pela loira de olhos azuis mas não a achei.

—Tá tudo bem, desculpa por te assustar!— pedi e Kate suspirou profundamente.

—Tá tudo bem, em não estar bem Wayne. Não precisa ser forte o tempo todo!— disse calma e eu engoli seco.

Falar sobre as coisas que eu sentia. O que se passava na minha cabeça, era uma coisa que eu fazia muito raramente. Quase nunca.

Era difícil explicar algo que nem eu entendia.

Uma carta para o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora