30. Desculpa!

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No fim, passamos o resto do meu aniversário na cama, a assistir, Diários de um Vampiro.

Eu não conseguia pensar em mais nada a não ser meu pai. A raiva que eu senti em sua voz. Ele com certeza tinha se arrependido de ter me abraçado. Eu estraguei tudo.

Era aquele dia. Com certeza aquele dia era amaldiçoado.

Cheguei a casa no dia seguinte e suspirei. Anabela beijou meu rosto e me desejou um feliz aniversário atrasado.

Não perguntou sobre meu lábio machucado, só me deu algo para comer e eu recusei educadamente.

Não estava com fome.

Subi as escadas e respirei fundo, parado de frente para aquela porta.

De novo respirei fundo e fechei os olhos para ignorar o calor. A maçaneta estava muito quente, mas mordi forte meu lábio e abri a porta.

Olhei minha mão, não me queimei.

Minha respiração pesada agravou mais quando meus olhos cruzaram com a imagem de um homem sentado contra as costas da cama que um dia foi da minha irmã menor.

—Desculpa pai!— minhas lágrimas não demoraram a cair. Elas tinham morrido naquele quarto.— Desculpa!— pedi para o homem que se levantou e andou até mim, com um ursinho meio queimado.

—É a única coisa dela que me restou Wayne!— apertou meu queixo e eu suspirei.— Você. É a única parte dela que me restou.

—Tem jogo no sábado, vem assistir, eu prometo que é o último!— olhei em seus olhos cor de nada e meu pai assentiu.

—Eu seria incapaz de te odiar garoto!— ele me abraçou, pela segunda vez em toda minha vida.

Fechei meus olhos e chorei em seu ombro.

O sonho dela. Eu a decepcionei mais uma vez. Dei mais um motivo para minha mãe me odiar.

Eu desisti.

Uma carta para o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora