19. Que exagero!

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—Levanta obeso, tá todo suado!— Kate bateu minhas costas quando sentei em seu colo e Daniella riu.

—Não vai me dar os parabéns? Eu fiz mais cestos do que consegui contar!— sorri convencido e me sentei ao lado delas, logo bebendo uma grande quantidade da água que estava no meu bebedor.

—Parei de contar nos 19!— Daniella disse e eu sorri.

—Como não? Eu sou um amulete da sorte nato!— a morena de olhos verde-água se gabou e eu ri.

—Claro que é!— escovei seu ego e a rapariga sorriu mais.

—Não vai tomar banho?— Kate perguntou vendo meus colegas todos irem em direção aos balneários, menos Hemmet, que não aparecia mais nos treinos.

—O Seven não toma banho com outras pessoas!— Dani informou e eu a olhei.

—Porquê?— sua melhor amiga questionou e eu suspirei.

Não queria que vissem minha cicatriz e fizessem perguntas.

Eu poderia ter feito uma cirurgia quando aquilo aconteceu, um procedimento que eliminaria aquela cicatriz horrível, porém meu pai se recusou a autorizá-lo.

Lembro bem de ele olhar para mim, com raiva nos olhos e dizer.

"Viverá com essa cicatriz para sempre, para te recordar da merda que fez."

Eu tinha 10 anos.

—Wayne!— ela bateu meu pé e eu pisquei um pouco, para voltar a mim.

Olhei o chão e ri sem humor.

—Eu só não gosto!— respondi sua pergunta e a olhei. Ela me olhava, claramente sabia que tinha algo mais nissi tudo, mas não falou, só assentiu.

—Agora eu vou te mostrar como se joga basquete vem!— Katelyn se levantou e correu até a quadra que já estava vazia.

Neguei com a cabeça e fui até ela, Daniella veio também.

Kate, driblou a bola sem jeito nenhum e eu ri alto quando ela jogou a esfera para o cesto e nem passou perto.

—Não ri de mim!— fez beiço e me empurrou com a mão.

Sorri e corri para pegar a bola.

Não a joguei no cesto, driblei até as duas morenas e quando Daniella tentou pegar a bola, eu a passei entre as pernas, a pegando com a outra mão.

—Não é justo!— a baixinha cruzou os braços e eu ri das duas.

—Tá então, vocês duas, contra minha mão esquerda!— propus e vi as duas sorrirem, convencidas de que me ganhariam assim.

Sorri também. Uma coisa que ninguém sabia sobre mim, é que eu tinha nascido canhoto, porém meu pai sempre me forçou a usar a mão direta e acabei por desenvolver ambidextria.

Dei a bola para elas e coloquei a mão direita atrás das costas.

Daniella, que driblava melhor que a amiga, me encarou com a bola nas mãos e a driblou uma vez, antes de eu conseguir pegá-la, antes mesmo da rapariga perceber.

Driblei a bola, parado no mesmo lugar e esperei que elas se aproximassem, sem nunca tirar o braço direito detrás das costas.

Elas vieram ao mesmo tempo e eu ri quando consegui me esquivar sem muita dificuldade.

—Contra elas é fácil, quero ver um mano a mano agora!— a voz do treinador soou no começo da quadra e eu ri.

—Vamos ignorar que isso foi um pouco machista!— Kate saiu da quadra junto com sua melhor amiga.

Sorri para o treinador e lhe dei a bola, ainda com o braço atrás das costas.

O homem driblou é quando ia tentar passar por mim, peguei a bola no ar e a driblei algumas vezes, antes de parar e encestar de olhos fechados.

—Ninguém gostas de exibicionistas!— a morena de olhos verde-água falou alto, enquanto a de olhos escuros me vaiava.

O som da minha risada foi interrompido por uma salva de palmas, que me fez franzir o cenho. O treinador os acompanhou.

—E isto, meus senhores, foi mais uma demonstração do quão bom meu capitão é!— falou para os olheiros e eu sorri, timidamente.

—Bom trabalho rapaz!— um deles disse.

—Tem muito talento, realmente!— a mulher acrescentou e eles saíram, junto com o treinador que piscou seu olho para mim.

—Que exagero!— Kate revirou seus olhos, fingindo discordar e eu ri.

—Vou tomar banho!— avisei e elas assentiram.

Uma carta para o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora