Quando acordei na manhã seguinte, não consegui me situar.
A cama na qual estava deitado, ao lado de uma ruiva nua, tinha lençóis vermelhos e o quarto tinha paredes castanhas.
Franzi meu cenho e escutei algo vibrar na minha calça de moletom jogada na cama.
Com algum esforço peguei meu celular do bolso e respirei fundo antes de atender.
—Só agora?— a voz da Daniella me fez esfregar os olhos com dores de cabeça e resmungar algo que nem eu entendi direito.— Não pode sumir desse jeito Seven, vem para a escola logo, o treinador quer falar contigo.
Ela desligou e eu suspirei. Alguns flashes de memórias da noite anterior passaram por minha cabeça rapidamente enwuanto eu me vestia.
Ele tinha feito, de novo.
—Filho da puta!— xinguei meu melhor amigo, mesmo que ele não pudesse me ouvir e saí daquele quarto, descendo as escadas da casa bagunçada logo a seguir.
Eu ia matar aquele ruivo de merda.
Entrei em meu carro e dirigi até a escola, onde estacionei e desci. Já tinha perdido quase meio período de aulas.
Andei apressado pelos corredores até a sala do treinador e franzi meu cenho ao ver meus colegas de time, que deveriam estar nas salas de aulas, a fazer alguns aquecimentos no ginásio.
Bati na porta vidrada e entrei, logo dando de cara com dois senhores e uma senhora engravatados. Eles me olharam, assim como o treinador e eu até imaginei o estado caótico no qual provavelmente me encontrava.
—Senhores, esse é o garoto de quem lhes falei. Wayne Carter.— me apresentou, me lançando um olhar furioso e eu arrumei um pouco meus cabelos com as mãos.— Ele normalmente é mais arrumado!— o homem indiano disse em tom de brincadeira, mas ninguém riu, nem ele mesmo.— Wayne, esses são os olheiros da Liga Júnior da NBA, eles vieram para observar nosso treino por uma semana, visto que a grande temporada está para começar!— informou e eu assenti.— Primeiramente preciso que enxa isso com urina!— colocou um frasco na mesa e eu engoli seco antes de ir pega-lo. Eu estava fodido.— É para o antidoping, todos os seus colegas de time já fizeram.— disse calmo e mais uma vez eu assenti, dessa vez, saindo da sala logo em seguida.
Andei rápido até ao banheiro e respirei fundo, parado contra a porta do mesmo. Eu tinha a certeza que aquele filho da puta do Hemmet tinha me drogado.
Eu estava muito fodido. O treinador ia me tirar do time e eu não ia ter mais como jogar basquete.
Senti meu peito apertar só de pensar nisso. O sonho dela. Eu tinha estragado tudo.
Batidas na porta me distrairam e eu engoli seco.
—Sou eu, abre por favor!— pediu e eu assim fiz.
Assim que o ruivo entrou eu segurou seu pescoço e o apertei contra a porta, com vontade de sufoca-lo até suas sardas de merda ficarem roxas.
Eu ia matar aquele filho da puta.
—Sei que está com raiva de mim, mas, pega isso, antes que arrefeça!— ele me deu um frasco idêntico ao que o treinador tinha me dado, mas cheio.
Nem me atrevi a perguntar de quem era aquela urina, que com certeza não era dele, porque ele também tinha drogas e álcool no sangue.
Voltei para a sala do diretor e coloquei o líquido em cima de sua mesa, o homem fez carreta para mim e eu tentei não rir.
—Se troca e vá orientar o aquecimento dos seus colegas, enquanto fazemos o teste.
—Certo!— saí de sua sala e andei até ao vestiário.
—O que houve pra ter essa cicatriz?— sua voz soou, antes de eu colocar o blusão e eu respirei fundo.
Hemmet era meu melhor amigo mas ele nunca sequer tinha visto minha cicatriz e eu não pretendia mostrar, não voluntariamente.
Não falávamos muito sobre esse tipo de coisa. Ele não perguntava pela minha mãe e eu nunca tocava no assuto delicado que era sua família, talvez até, mais delicado que a minha.
—É marca de nascença!— menti, irritado e coloquei o blusão preto que colava em minha pele, para depois colocar a camisa do nosso time, com o número sete impresso.
—E eu sou a Madre Teresa! Ah. Qual é? Somos amigos!— tentou tocar meu ombro, mas eu me afastei e o encarei.
—Me drogou seu filho da puta!
—Foi só uma brincadeira, vai dizer que não gostou?— sorriu manhoso e eu revirei meus olhos.— Como prova da minha amizade, trouxe algo para te ajudar com o cansaço para se sair bem no treino, já que tem olheiros!— me mostrou um pequeno pacote transparente que tinha dentro três cápsulas que tinham uma parte vermelha e outra branca.
Franzi meu cenho para ele.
—Fica longe de mim!— avisei e saí do vestiário sem dizer mais nada.
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Uma carta para o destino
Teen FictionQuerido Destino, o amor e o ódio, não têm muita diferença quando comparados à água e ao fogo. Ambos, quatro, têm o poder de consumir tudo à nossa volta quando mal usados. É complicado saber quando se está a ultrapassar a linha limite, mas sempre sab...