—Queira ou não, terá uma festa no teu aniversário!— o homem que dirigia o Land Cruiser no qual eu estava informou.
Não respondi, apenas encarei o vidro, sem entender porquê ninguém se calava com a merda do meu aniversário.
—E na festa, te anuciarei como meu sucessor!— continuou e eu continuei quieto.— Já sonhou por tempo suficiente, é hora de encarar a realidade!— acrescentou, enquanto eu limpava a lágrima que se esquivou dos meus esforços para segurá-la.— A Emily não está mais aqui para passar a mão na tua cabeça e a culpa é tua, espero que saiba disso.
Mais lágrimas caíram.
Fazia tempo que não escutava alguém dizer o nome dela em voz alta.
Eu sabia. Eu sabia que a culpa era minha. Não vi necessidade de ele me dizer.
—Vamos!— chamou depois que o carro parou e eu respirei fundo antes de descer, ainda sem camisa.
Revirei meus olhos, parado de frente para o prédio enorme que era a empresa do meu pai.
Eu odiava aquele lugar e só ia quando meu pai me obrigava a aparecer nas festas da empresa, para pousar para as fotos da família feliz dele. Provavelmente meu aniversário seria lá. Não me surpreenderia.
Meu pai me encarou com o cenho franzido e eu revirei meus olhos antes de colocar a camisa de uniforme.
—Vai fazer o teste para a Campanha Young lawyer!— disse sem que eu perguntasse.— E saiba que vai passar mesmo se deixar a folha em branco!
Eu ia realmente deixar a folha em branco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma carta para o destino
أدب المراهقينQuerido Destino, o amor e o ódio, não têm muita diferença quando comparados à água e ao fogo. Ambos, quatro, têm o poder de consumir tudo à nossa volta quando mal usados. É complicado saber quando se está a ultrapassar a linha limite, mas sempre sab...