11. Brigou com um gato?

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Dispertei assim que o alarme do meu telemóvel tocou. Felizmente eu tinha conseguido descansar direito durante o domigo.

Me levantei da cama e peguei minha garrafa de água, que virei na minha boca antes de ir para a sala de treinos, onde passei mais tempo do que me lembro, até algum ser humano bater na minha porta.

Me afastei dos pneus grandes nos quais antes dava muros e andei até meu quarto.

—Ainda está nisso Seven? Tá quase na hora de ir para a escola!— cruzou os braços igual a uma mãe zangada e eu revirei meus olhos.

—Me dá dez minutos!— bebi mais água e ela suspirou.

—Vou preparar algo para comeres.— a menina vestida de uniforme escola disse e saiu do meu quarto.

Alonguei meus braços e fui tomar banho.

Saí com oito minutos de sobra e coloquei a camisa branca com o emblema do Soulie e ri sozinho, parado de frente para o espelho, daqui a nada aquela camisa não me serviria mais, os botões quase não fechavam direito.

Revirei os olhos. Era segunda feira, pra quê usar gravata? Arrumei meus cabelos loiros e a corrente de prata em meu pescoço, logo a memória da loira segurando nela me veio a cabeça e eu respirei fundo.

Saí do quarto e desci as escadas, indo para a sala de jantar, onde meus olhos bateram com uma certa loira, que sorriu ao me ver.

Eu tinha passado a maior parte do meu domingo no quarto para descansar e em parte para não me cruzar com ela.

—Tá lindo hoje, Wayne!— isso era como uma marca registada dela.

Outras marcas delas eram os aranhões no meu pescoço.

—Eu seu Stacey!— sorri falsamente e a mulher que tinha seus cabelos feitos em um rabo de cavalo se levantou.

Dei um passo para trás, para manter distância mas ela riu do meu ato e se aproximou.

Engoli seco e respirei fundo quando suas mãos tocaram meu pescoço.

A loira nada disse, apenas me encarou, como eu a encarava e quando pensei em beijar seus lábios, o barulho de passos no corredor fez ela se encostar na mesa.

Desejei que Stacey não tivesse feito aquilo, porque agora, eu tinha a visão completa do seu corpo, dentro de um short curto e uma blusa que não a cobria o suficiente.

Limpei minha garganta, fazendo esforço para não olhá-la e quando percebeu, a loira riu e se virou de costas para se sentar novamente.

—Suas favoritas!— a baixinha morena me trouxe um prato com uma torre de panquecas com mel por cima.

Sorri para ela e peguei o prato de suas mãos.

—Valeu!— agradeci e me sentei para comer.

—Teu aniversário é mês que vem né?— a loira sentada a minha frente perguntou. Minha mãe sempre fazia panquecas no meu aniversário. Engoli seco antes de levantar minha cabeça para olhar minha madrasta.

Eu odiava aquele dia mais do que tudo na vida.

—Mais um ano sem comemorar?— perguntou.

Não respondi a nenhuma de suas perguntas, apenas me levantei da cadeira e saí de casa, sendo seguido pela morena.

Não tinha o que ser comemorado naquela merda de dia, se eu pudesse, o eliminaria dos calendários todos.

Durante o caminho para a escola, Daniella não falou e eu a agradeci por isso, quando chegámos, os dois descemos e eu me sentei sob o capô do Mercedes-Benz, enquanto ela ia para a sala de aulas.

—Finalmente chegou amor, me conta todos os detalhes!— disse fofoqueiro assim que se aproximou de mim e me olhou como uma menininha curiosa.

Sorri um pouco para meu melhor amigo e respirei fundo.

—Que detalhes seu idiota? Aconteceu e ponto. Não vai acontecer de novo.— garanti mesmo que nem eu acreditasse naquilo.

—Como assim que detalhes?— fez beiço e eu ri.— Ela chupa bem? Mas que porra, tá pior que na foto.— comentou analisando meu pescoço e eu ri.— Comeu ela direitinho né se safado!

—Vai a merda Hemmet.— ri baixo, timidamente e o ruivo me seguiu quando desci do capô.

Era segunda feira.

—Tchau gostoso, te amo.— bateu minha bunda e eu sorri ao mandar-lhe um beijo no ar.

Andei até minha sala, mesmo que o sinal não tivesse batido ainda. Quando lembrei do que Daniella tinha me contado no sábado, antes de eu comer a mãe dela, sorri para nada e ninguém específico.

A sala estava quase vazia, mas o lugar ao lado da morena estava ocupado.

Sorri não contente para o ser humano que estava sentado ao lado da Kate e conversava com ela.

—Sai.— essa única palavra dita por mim, fez o garoto arrumar suas coisas com pressa e ir se sentar em algum outro canto.—Bom dia Connor!— a cumprimentei bem humorado e ela revirou os olhos em resposta.

—Bom dia Wayne!— aquela foi a primeira vez que ela me cumprimentou como devia.

—Pronta para o treino?

—Pronto para me treinar?— retrucou e eu sorri mais.

Quando o professor entrou na sala de aulas, todos se calaram, incluindo eu e a morena.

—Boa tarde professor.— respondemos seu cumprimento em uníssono.

—Brigou com um gato?— a voz da menina sentada ao meu lado soou em um sussurro e eu ri, sem conseguir me controlar.

—Wayne!— o professor que escrevia o sumário no quadro me repreendeu, mas eu fiz pouco caso.

—Eh, algo do tipo!— pisquei meu olho para ela e Kate desviou seu olhar do meu.

—Ah! Entendi.— disse para si mesma e eu ri mais um pouco.

Uma carta para o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora