2. O Diabo é sujo

30 10 0
                                    

Estava quase na hora de o sinal bater, e ternos-íamos atrasado se eu respeitasse os limites de velocidade, mas não era o caso.

Mandei mensagem para o otário do meu melhor amigo e ele apareceu depois de alguns minutos.

-Tá lindo hoje Wayne!- sorriu para mim.

Franzi meu cenho e me perguntei se aquele idiota teria colocado escutas na minha casa, o que não me surpreenderia tendo em conta a vontade que ele tinha de escutar aquela lagartixa da Stacey a gemer.

Nem sei pra quê.

Nunca tinha escutado, mas com certeza seria tão horrintantepilante quanto tudo nela. Quenga.

-O que foi amor, tá chateado comigo?- fez carinha triste e eu revirei meus olhos.

Hemmet era ruivo, tinha olhos extremamente verdes e sardas bonitas por toda sua cara achatada. Não era tão alto quanto eu, mas era o suficiente para estar na equipa de basquete da escola, da qual eu era capitão.

-Me levou para uma festa no domigo seu caralho!- ralhei.

O sinal bateu, mas nenhum de nós se importou.

Aquilo podia ser tudo muito dramático da minha parte, mas eu realmente estava chateado e aquilo nunca mais devia se repetir.

-E? Não te vi a reclamar quando estavas a dar uma queca.- disse indiferente.

Eh, tinha sido uma boa queca. Mas mesmo assim, ele sabia bem que domigo era o dia que eu tirava para descansar para poder treinar durante os outros dias, e mesmo assim me levou, sem que eu soubesse, para uma festa.

-Vai te fuder!- mostrei meu dedo do meio e o ruivo riu-se.

-Da cá um abraço, meu grande comedor de cona!- abriu seus braços e eu ri, enquanto revirava os olhos e o abraçava.

Como eu já esperva, o puto apertou minhas bundas, ia levar a mão até seu caralho, mas ele preveu meus movimentos e se afastou rapidemente.

-Sempre soube que eras paneleiro, amor, quer pau no cu né!- sorriu para mim, e começou a andar de costas, na direção do portão da escola.

-Te fuder, cabrão!- sorri de volta e Hemmet me mandou um beijo no ar, que eu devolvi no mesmo instante.

-Tchau, gostoso. Te amo!- se despediu.

-Te amo!- falei para que ele ouvisse e o ruivo se virou, e fez um coração do homem aranha.

Todas as segundas feiras, Hemmet tinha aulas do outro lado do pavilhão, o que significava que eu teria ia aturar algum parvo do segundo ano, a sentar-se ao meu lado, a tentar puxar conversa com o capitão do time de basquete, na esperança de que alguém espalhasse o boato de que eles agora são amigos, mas isso nunca acontecia, porque era difícil puxar assunto com o capitão quando seu melhor amigo não estava por perto.

Hemmet era o único que me fazia sentir confortável o suficiente para socializar.

Só de pensar em ter que estar em uma sala cheia de pessoas, sem nenhuma delas ser ele, já sentia minhas mãos tremerem um pouco.

Quando cheguei a porta da sala, respirei fundo e entrei, me esquecendo de bater a porta.

O professor parou de falar, fechei um pouco meus olhos, e respirei fundo.

-Wayne, senta logo!- mandou e eu passei os olhos pela sala, antes de franzir meu cenho, para ser humano que estava sentado no meu lugar.- Wayne.

Revirei meus olhos para ninguém específico e andei até o único lugar vago da sala.

Sorri, o Diabo é sujo.

-Connor.- me sentei ao seu lado.

-Vai-te a merda, cabrão.- xingou, mal humorada e eu ri baixo.

-Vem cá, porquê me odeia, nunca te fiz nada!- me defendi, mas minha voz foi completamente ignorada pela morena que anotava coisas importantes que o professor dizia.

Ergui uma de minhas sobrancelhas em sua direção e fechei seu caderno.

Ela me olhou e eu sorri.

Seus olhos verde-água eram bonitos, como sua cara zangada.

Decidi ficar quieto o resto da aula, a menina de cabelos pretos não parecia estar tão disposta a me aturar quanto nos outros dias.

Uma carta para o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora