18. Não é um pedido.

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Meu dispertador tocou e eu suspirei. Não tinha sequer dormido direito. Minha mente não se calava.

Respirei fundo, sem vontade de treinar.

Olhei minha janela, ainda tava escuro lá fora. Pensei em ir correr a cama se recusou a me soltar.

Reconheci os sinais.

Eu estava voltando.

Eu conhecia bem aquele lugar.

Aquela sensação.

O fundo do poço.

Passei horas de olhos abertos para o nada, sem me mexer, apenas tentando convencer meu corpo a se levantar.

Disciplina.

Ela sempre dizia que acima de tudo eu precisava ter disciplina, mas eu estava cansado.

Meu corpo pesava e parecia que não existia motivos para me levantar.

Quando o dia amanhaceu, a luz do sol transpaceu pelas grandes paredes vidradas do meu quarto, que eu não tinha fechado as cortinas.

Fechei meus olhos com força e me ajeitei na cama, de modo a proteger minha cara da claridade.

Queria a noite de volta.

Suspirei mais uma vez e franzi a testa para a porta do meu quarto que foi aberta, sem nenhum aviso prévio.

—Vai se atrasar!— meu estava aparentemente zangado e ainda nem passava do meio dia.— Só vim avisar que o curso começa em três semanas!— disse depois que não lhe repondi.

—Eu já disse que não vou, manda a Daniella!— resmunguei e abracei minha almofada, virado para o lado contrário a que ele estava.

—É você quem vai assumir a empresa não ela!

—Porquê insiste nisso?— não me levantei, mas me sentei na cama e o olhei.— Eu já disse que não quero trabalhar na tua empresa! Vai me obrigar? Para quando ela emtrar em falência ter mais um motivo para me odiar?

Olhei em seus olhos cor de nada e por instantes me perdi no tempo. Eles foram sempre assim. Seus olhos. Sempre vszios, como se não houvesse alma em seu corpo.

—Já está mais do que na hora de acordar para a vida real e tirar essa ideia idiota que tua mãe colocou na tua de ser jogador de basquete! Não te esqueças, daqui a três semanas, não é um pedido.— e saiu do meu quarto.

Ideia idiota.

Ideia idiota era ele me obrigar a assumir uma firma de advogados, sendo que eu nem gostava desse tipo de coisa e muito menos pretendia ir a faculdade de direito, como ele tinha ido.

A única coisa que eu queria na vida era jogar basquete e mesmo assim, meu querido papai ia me obrigar a frequentar um curso de pré-direito, só porque sua firma multimilionária, tinha começado uma nova campanha para ajudar jovens que queiram ser advogados um dia.

Mas era exatamente isso que me irritava.

Jovens, que queiram. Eu não queria.

Suspirei e forcei meu corpo a se levantar, de uma única vez. O dia mal tinha começado e eu já estava mal humorado, graças a meu pai.

Me arrumei e não me dei ao trabalho de colocar o uniforme, coloquei a mesma roupa que tinha usado no jantar.

Peguei minha bolsa de treinos e desci as escadas.

—Bom dia!— Daniella disse animada e eu somente passei ao seu lado, sem sequer abrir minha boca ou forçar um sorriso.

Ela me seguiu e nós dois entramos no carro.

Eu normalmente não gostava de escutar música, mas senti que minha meia-irmã a qualquer momento puxaria assunto então me vi onrigado a conectar o painel com minha Playlist do Spotify. Que por acaso só tinha músicas de uma so cantora.

Quando chegamos à escola, Daniella desceu, eu não.

Eu vinha perdendo muitas aulas ultimamente, tendo em conta que as provas estavam perto, mas não consegui me importar. Não o suficiente para desligar o painel do meu carro e descer.

Baixei as costas do acento traseiro do meu carro e e fechei os olhos, me perdendo na voz da Billie Eilish.

Eu realmente não queria fazer nada mais do que isso, porém a porta do meu carro sendo aberta e depois fechada, me fez franzir o cenho.

Eu devia ter trancado. Até cheguei a considerar a hipótese de ser Daniella, vindo buscar algo que se esqueceu, mas, eu conhecia aquele perfume e não era o dela.

Abri meus olhos e vi o ser humano de olhos verde-água baixar as costas do acento, à altura do meu rosto e me encarar, sem dizer nada.

Permaneci olhando eles seus olhos, que ficavam mais bonitos quando iluminados pela luz led azul que o interior do meu carro possuía.

Senti sua mão tocar meu rosto e fechei meus olhos.

Seu dedo acariciou minha pele e eu suspirei, fazia tempo que ninguém fazia carinho em mim. Eu não deixava.

Kate não fez mais do que aquilo por mais de cinco minutos, sem dizer uma única palavra. Depois, segurou minha nuca e me puxou para deitar a cabeça em seu peito.

Uma carta para o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora