Quando saí da sala do homem velho, tinha uma morena parada no corredor, com os braços cruzados.
Respirei fundo, sem vontade de falar com ela e pensei em usar outro caminho, mas Kate correu e parou de minha frente.
—O que aconteceu?— perguntou levando a mão à meu peito e a vi se assustar um pouco com a força e a velocidade dos meus batimentos cardíacos.
—Nada!— neguei com a cabeça para reforçar a ideia.
—Wayne!— me chamou quando fechei meus olhos com força e respirei fundo antes de abri-los.
Apertei meus punhos sentindo minhas mãos tremerem um pouco e engoli seco antes de olhar em seus olhos.
—Me desculpa!— só pensei nas palavras depois que as escutei saída da minha boca.— Me desculpa!— repeti.— Por favor!— fiz alto e inspirei profundamente.
Aquilo era a consciência pesada em seu verdadeiro sentido.
Eu não tinha pedido desculpas a elas. Não tinha dado tempo.
Não tinha pedido desculpas para meu pai. Ele não tinha dado espaço.
Também não tinha me desculpado com a Anabela. Por falta de coragem.
—Porquê amor?— a morena segurou meu rosto e eu abanei a cabeça em negação.— Não posso te desculpar sem saber porquê!
Fechei um pouco meus olhos e respirei fundo.
Eu tinha que sair dali.
—Tá tudo bem okay? Não se preocupa comigo!— consegui dizer, mais minhas mãos ainda tremiam.
—Wayne!
—Eu juro que tá tudo bem, nos vemos depois Connor!— a beijei rapidamente e saí de sua presença.
Respirei fundo e corri um pouco até ao ginásio. O lugar estava vazio, então eu podia tirar minha camisa e foi o que eu fiz, antes de ligar a esteira.
—Não devia estar em aulas?— a voz do treinador me assustou mas já era tarde de mais para esconder minha cicatriz.
Desci da esteira e o olhei.
—O que houve?— olhei meu ombro com o cenho franzido e eu respirei fundo.
—Nada!— me sentei na máquina de peitoral e o homem de pele achocolatada me seguiu.— Eu só queria aquecer um pouco, antes do treino!— me fiz de idiota, mesmo sabendo que sua pergunta era sobre a cicatriz.
—Quanto a isso, Wayne, precisamos conversar!— disse sério e eu franzi meu cenho ao parar com os exercícios para olhá-lo.— Está fora da equipa!— disse de repente e eu me levantei em um só movimento.— Ordens do diretor.
Não falei, apenas soltei uma risada desacreditada, peguei minha camisa e saí dali.
Eu não tinha forças para aquilo.
Enquanto andava pelo corredor, me dei conta de que não tinha vestido a camisa e me perguntei se esse seria o motivo de todos os olhares daquele lugar estarem caídos em mim.
Mas não me importei com aquilo, não enquanto fazia um grande esforço para segurar as lágrimas que se formavam em meus olhos.
Corri pelo estacionamento e neguei com a cabeça quando a vi encostada à meu carro com os braços cruzados.
Eu não estava com cabeça para aquilo.
Kate abriu seus braços ao chegar perto de mim e eu fechei meus olhos, me entregando a seu abraço. Eu estava cansado.
Eles tinham vencido.
—Eu desisto!— sussurei inconscientemente e a morena segurou meu rosto para beijar minha testa.
—Não pode desistir, eu não viu deixar!— ela nem sequer sabia do que eu falava.
Vi seus olhos saírem dos meus e por algum tempo ela encarou minha cicatriz.
—Merda!— murmurei para o céu. Aquele dia não tinha como piorar.
—Wayne?— não precisou dizer muito para que eu soubesse que ela queria uma explicação.
Me assustei com o barulho de uma buzina que soou atrás de mim.
Eu conhecia aquele som.
Respirei fundo e passei as mãos no rosto, exausto.
—Entra no carro!— a voz do meu pai soou depois do som da porta ser fechada e eu obedeci, sem sequer olhá-lo.
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Uma carta para o destino
Teen FictionQuerido Destino, o amor e o ódio, não têm muita diferença quando comparados à água e ao fogo. Ambos, quatro, têm o poder de consumir tudo à nossa volta quando mal usados. É complicado saber quando se está a ultrapassar a linha limite, mas sempre sab...