Uma carta para o destino

27. Não faz isso!

—Eu sabia que mais cedo ou mais tarde, acabaria na minha cama, Connor!

A mesma cama onde eu tinha comido minha madrasta.

—E eu nunca disse que não!— a morena deitada em meu peito, brincou e eu ri.

Eu ainda não tinha entendido direito a série que ela escolheu e já tava na segunda temporada.

Era algo chamado Diários de um Vampiro ou algo parecido, o que achei ridículo, mas não ia contar para minha namorada que jurou de pés juntos que aquela era a melhor série do mundo.

—Eu odeio a Helena!— comentou brincando com os dedos da minha mão, olhando para a TV.

—Eu também.— menti.

Eu nem sabia qual delas era a Helena.

—Seu aniversário é semana que vem!— lembrou de repente e eu inspirei profundamente.— O que foi? Porquê não gosta do seu aniversário?— levantou a cabeça e apoiou a mão em meu peito.

—Eu só não gosto!— suspirei.

—O que aconteceu?— olhou para minha cicatriz.

—Com?— me fiz de sonso e ela revirou os olhos.— Ei?!— chamei quando a garota se levantou, zangada.— Kate?— me levantei e barrei o caminho quando ela quis ir embora.— Eu me queimei, okay?— mexi meus cabelos e suspirei.— Eu me queimei no meu aniversário de dez anos, minha...— minha língua pesou.—...minha babá não estava e eu queria preparar um bolo, mas era pequeno e deramei uma panela de caramelo em mim!— menti.

Vi sua íris agitada me encarar por alguns segundos, me analisando, ela sabia que era mentira, eu não sabia mentir, nunca soube e nunca precisei saber, nunca me preocupei o suficiente com uma pessoa para não lhe contar a verdade, mesmo que a verdade fosse pesada.

—Tudo bem, se não quiser me contar!— piscou os olhos algumas vezes e me abraçou.— Sei que não gosta de mentir, então se está mentindo para mim, deve ter uma boa causa!— disse para meu peito.

Suspirei profundamente agradecido por ela existir e a abracei de volta.

—Meu pai vai dar uma festa,— fiz uma pausa para respirar fundo ao me sentar na cama.— no meu aniversário! Eu não queria mas a festa não é para mim! Será na empresa dele, se quiser ir comigo, acho que será um pouco mais suportável.

—Isso é um convite?— chegou perto de mim e sorriu.

—É, mas,— me senti nervoso, encarei minhas mãos inquietas.— Não precisa ir se não quiser!— estava com medo que ela não quisesse.

—Acho que tenho um espacinho livre na minha agenda!— segurou minhas mãos e as tirou do meu colo, onde ela se sentou e olhou em meus olhos.

—Menos mal!— soltei uma risada sonora antes de beijar seus lábios.

O que eu sentia pela Kate ainda era algo que eu não conseguia entender.

Eu ainda queria levá-la para minha cama e despir sua roupa, mas também queria ficar deitado com ela em meu peito, assistindo uma série que eu não entendia.

Suspirei contra seus lábios e ela sorriu contra os meus. Qualquer que fosse o feitiço que ela tinha me lançado, estava a funcionar.

Deitei minhas costas na cama e a morena deitou sua cabeça em mim. Respirei fundo com as mãos dentro do seu vestido florido.

Em um reflexo rápido, segurei forte sua mão quando ela tentou tocar minha cicatriz com o dedo.

—Confia em mim!— Kate pediu em um sussurro.

Fechei meus olhos e tentei ceder, porém era mais forte que eu.

—Por favor não faz isso!— pedi ainda segurando sua mão e a escutei suspirar.

—Tudo bem!— disse antes de abraçar meu corpo e olhar para a TV.