O dia seguinte chegou, nenhum dos dois estava preparado para conversar sobre a noite anterior, eles se olharam um pouco quando acordaram e levantaram em um silêncio constrangedor.
- Vai me explicar o que aconteceu ontem?
- Por que eu deveria? - Jaemin respondeu com outra pergunta, estava na defensiva. - Eu vou tomar banho.
Jeno não protestou, depois do que ouviu, imaginou que ele precisava desse banho para se sentir melhor, demorou um pouco, mas esperaria o tempo que fosse necessário.
- Eu disse algo desnecessário ontem, esqueça.
- O que? Aquilo sobre estar fazendo sexo com sua mãe? Como pode me pedir para esquecer isso?
- Não é assunto seu.
- Pode até não ser, mas você precisa de ajuda!
Parecia que iria virar uma briga...
- Jaemin... Me escute, quer dizer, me diga o que está acontecendo para que eu possa te ajudar. - ele estava quase implorando.
- Como você vai me ajudar?
- De acordo com o que me disse ontem, a primeira coisa que deve fazer é ir em uma delegacia e denunciá-la!
- Denunciar a minha própria mãe? Eu não estaria sendo um bom filho!
- Jaemin! Me escute! Ela não te vê como um filho! Posso não estar sabendo de tudo o que já aconteceu com você, mas isso é doentio! Precisa fazer alguma coisa!
- Como?... Jeno, ela é minha mãe... - havia tanta dor e magoa naquela frase que os corações dos dois não aguentaram e as lágrimas começaram a fluir. - Eu só quero minha mãe de volta... Ela não era assim.
O platinado respirou fundo tentando conter as lágrimas, quando começou a se importar tanto com Jaemin? Ele precisava ser forte agora, por ele.
- Sabe... - ele mostrou um sorriso cheio de dor, não soube distinguir se era física ou psicológica. - Eu lembro algumas coisas de quando era criança, sou filho único de um casal que estava quase desistindo de ter filhos, não havia alguém mais amado do que eu nessa Terra, eles me ensinaram como é importante proteger e obedecer os mais velhos.
Ele está desabafando. Jeno pensou, aquilo lhe fazia sentir aliviado e preocupado com o que faria com as informações que viriam a seguir.
- Um pouco depois do meu aniversário de 15 anos foi quando tudo mudou, me senti tão seguro e amado que quis contar a eles que sou gay... Minha mãe surtou a partir daí, começou a dizer coisas horríveis pra mim e cometer vários abusos sob o pretexto de que iria ser a minha cura gay. - mais uma vez, não aguentou ficar em pé, estava tão fraco de tanto chorar que desabou novamente. - Eu só quero a minha mãe de volta, tem algo de errado comigo? Por que ela me odeia tanto? Eu não entendo!
Com certeza, aqueles abusos haviam mexido muito com a saúde mental de Jaemin ao ponto de que ele ainda parecia uma criança confusa mesmo aos seus 19 anos de idade. Jeno voltou a abraçá-lo apertado, acariciou aquele cabelo preto com cuidado, tinha medo que até mesmo seus toques pudessem ser rejeitados.
- Jaemin, você precisa de ajuda urgentemente, o que ela fez e ainda faz com você é um crime dos mais sérios. - mantinha sua voz baixa, parecia que qualquer coisa poderia assustá-lo. - Eu não consigo nem imaginar o que você teve que suportar durante esses 4 anos, mas ela precisa pagar pelos crimes que cometeu.
- Eu estaria indo contra tudo o que eles me ensinaram, não tenho mais nada além disso!
- Tem sim, eu estou ao seu lado, vou com você se quiser! - com cuidado, segurou aquele rosto frágil e assustado para que o olhasse nos olhos. - Eu vou te proteger, ninguém mais vai te machucar, prometo.
Jaemin ficou olhando fixamente aquele que chamava de colega de apartamento como se quisesse ler sua mente, ele tinha tanto medo de ser magoado de novo, mas havia algo naqueles olhos castanhos que fazia seu coração se sentir abraçado.
- Vamos comer alguma coisa, depois vamos a uma delegacia, okay? - perguntou enquanto secava as lágrimas que ainda desciam daquele belo rosto.
- Por que está fazendo tanto por mim? - a sua expressão era confusa, ele realmente não entendia por que alguém o ajudaria, sua mãe sempre disse que isso nunca aconteceria.
- Porque me preocupo com você, e porque sou seu... Colega de apartamento. - tais palavras eram como facadas para Jeno, mas aquele não era o momento certo para falar sobre seus sentimentos.
- Você também vai me machucar um dia? - o platinado sentiu como se tivesse ouvido aquela pergunta vindo de uma criança, ele estava tão machucado...
- Não vou, eu prometo. - sorriu levemente tentando passar toda a sua segurança. - Vai ficar tudo bem, ninguém vai te machucar nunca mais.
Jaemin não respondeu, somente abraçou o mais velho e chorou, dessa vez parecia aliviado.
Foi como Jeno disse, eles comeram algo e foram para a delegacia mais próxima em um táxi, o moreno ainda não estava em condições de dirigir e o Lee não pretendia aprender a pilotar uma moto tão cedo. Felizmente, apesar de a vítima ser um homem, os policiais levaram a sério aquela denuncia e disseram que iriam investigar, iniciaram a investigação com um exame sexológico para determinar se realmente houve abuso, Jaemin não deixou que seu colega de apartamento se afastasse mais do que dois metros de si durante todo o procedimento e a polícia não protestou, pois uma vítima de abuso tende a se apegar a algo ou alguém para se sentir seguro após tal ato assustador e traumático.
Depoimentos, coleta de provas, análise de câmeras (se houvessem), entre outras coisas sobre um caso de abuso sexual se tornaram mais tarefas para a polícia local que já trabalhava a todo vapor no caso do assassino em série, era visível que muitos ali não dormiam a um tempo considerável, ninguém poderia dizer que não estavam dando tudo de si para salvar aquelas vidas.

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change | norenmin
FanfictionOnde Renjun adorava praticar arte pensando no rapaz do clube de natação e Jeno não sabia que as pinturas que admirava eram sobre ele mesmo. O mundo dos dois seria balançado com a chegada de um belo jovem dirigindo uma moto Naked preta e branca no mo...