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Quando Jaemin chegou em sua sala no curso de administração, Renjun estava esperando-o na porta.

- Bom dia, Jaemin. - ele sorriu ao cumprimentá-lo.

- Bom dia. - praticamente não conseguia olhar nos olhos do chinês após o que havia feito com Jeno.

- Eu queria te contar que me declarei pro Jeno, muitas pessoas me fizeram pensar e você foi uma delas, obrigado. - ele estava animado, parecia feliz.

Eu sou um lixo. Era o que se passava na cabeça do moreno naquele momento, provavelmente estava atrapalhando um casal muito fofo de se juntar e se culpava muito por isso.

- Fico feliz por você. - não conseguiu dizer mais nada.

- Obrigado! Eu preciso ir, a aula já vai começar, vamos tomar um café mais tarde? Preciso te agradecer de alguma forma.

- Não precisa...

- Eu insisto, me encontre na cafeteria do refeitório, por minha conta. - sorriu mais uma vez antes de se virar para ir à sala do curso de direito.

- Eu sou o pior de todos. - murmurou para si mesmo e entrou na sala.

Durante aquele dia, Jaemin não conseguiu prestar atenção em suas aulas, pensava no que faria de sua vida agora, não é como se ele e Renjun fossem amigos, mas o que fez ainda estava errado por saber de seus sentimentos.

Enquanto Jaemin amaldiçoava-se mentalmente, Chenle continuava flertando com Jisung como se não houvesse amanhã, era quase vergonhoso, quem não os conhecesse até poderia pensar que o chinês estava perseguindo o melhor amigo.

- Você está tão bonito hoje, quer dizer, está bonito todos os dias, mas hoje parece especial. - ele adorava ver a reação do coreano tímido que ficava envergonhado ao ponto de até suas orelhas ficarem vermelhas..

- Para, Chenle! Estamos na sala, preciso prestar atenção na aula!

- Como parar se é tão fofo quando está envergonhado?

- Nossa, como ele é atacante. - Shotaro brincou, sentou-se próximo a dupla e não conseguiu deixar de ouvir as reclamações de Jisung mesmo que tentasse.

- É lógico, se eu não atacar, alguém vai e eu vou ficar pra trás! Não posso permitir!

Não era que Jisung não gostasse do chinês, o problema era sua timidez, no cotidiano não poderia beber para se sentir mais confiante como fez na festa onde passou a noite conversando com Chenle.

As horas passaram e Jaemin teria que ir pro clube, sua cabeça repetia que ele havia estragado sua amizade incrível com Jeno e não conseguia pensar em ter que vê-lo, mesmo que os dois morassem juntos, era mais fácil evitá-lo em casa. Mesmo assim, não poderia faltar dois dias seguidos ou seria castigado pelo treinador, assim que chegou ao vestiário já deu de cara com seu amigo sem camisa, que visão.

- Jaemin, como foram suas aulas? - sorriu despreocupado enquanto tirava suas roupas deixando somente a cueca para ir ao banheiro onde vestiria a sunga de natação.

- Normal, eu acho. - tentou não se sentir afetado por aquela visão, era impossível! Seu coração batia loucamente, quase queria bater no amigo por estar agindo como se nada tivesse acontecido, mas talvez fosse melhor assim.

- O que seria normal? Eu não entendo. - quis brincar um pouco, ele não queria demonstrar que estava sentindo que seus sentimentos estavam mais fortes.

Os dois não paravam de pensar em Renjun, ele sairia ainda mais magoado do que eles naquela situação. Como se soubesse de seus pensamentos, o chinês apareceu em poucos minutos, quando Jeno estava vestindo sua sunga dentro do banheiro.

- Renjun! Bom dia bebê! - Jaemin o cumprimentou, era ele quem estava tirando as roupas agora.

- Que apelido é esse? - fez careta, mas retribuiu ao cumprimento. - O Jeno já chegou?

O fato de ser um clube de natação, é claro que veria alguém praticamente pelado, mas ainda era algo de se admirar, eles possuíam corpos fortes por causa dos exercícios cotidianos.

- Sim, ele vem de moto comigo. - respondeu com um tom diferente, percebeu que deixou seu ciúmes tomar conta e se amaldiçoou em pensamento.

- Ah... Onde ele está? - não gostou daquela informação, mas não queria deixar claro.

- Está no banheiro, jajá deve aparecer. - pensou que o diálogo acabaria ali, mas percebeu estar enganado quando notou o olhar do amigo. - Impressionado em como eu sou lindo?

- Quanta auto estima, não quer dividir um pouco comigo? - não admitiria jamais que estava lutando para desviar o olhar daquele belo abdômen.

- Tenho uma boa ideia de como compartilhar... - se aproximou de Renjun.

- Para! - colocou a mão no peito alheio para empurrá-lo pra longe.

Ele não levantou a voz naquele momento, mas aquela palavra e aquele jeito de se defender eram como um gatilho para tudo o que Jaemin passou nas mãos de sua mãe. Seu coração acelerou e sua expressão mudou, parecia sentir dor, por dentro era como se tudo voltasse em um filme assustador, se afastou rapidamente ficando de costas para que ninguém o visse chorar.

Droga, por que estou sempre chorando? É errado querer me livrar de tudo isso mesmo que fui o filho mais ingrato do mundo... Denunciei e ela será presa, eu não mereço nenhum alívio ou conforto.

- Jaemin, o que foi? - Renjun ficou preocupado, ele sentiu o coração do moreno e viu sua expressão rapidamente antes que se virasse. - Está tudo bem, eu estou bem, sei que estava só brincando!

- O que está acontecendo? - Jeno voltou e viu os dois naquela situação estranha, quando olhou para Jaemin era como se pudesse ler sua mente, sabia exatamente o que ele estava pensando naquele momento.

- Eu não entendi o que aconteceu... - o chinês ficou desanimado, preocupado e sentia que era culpa sua o que quer que tenha acontecido. - Eu vim falar com você, aí conversamos e...

- Eu vou falar com ele, Renjun. - se aproximou do amigo. - Está tudo bem, pode me esperar lá fora? Só preciso de alguns minutos.

- Tá bom... - ele saiu do cômodo sentindo um aperto no peito que não conseguia explicar, não entendia o que fez de errado, mas sentia como se a dor de Jaemin também fosse sua.

- O que foi? Fale comigo. - se abaixou na frente do moreno para ver seu rosto. - Está tudo bem, eu estou aqui.

- Eu fiz uma brincadeira, o Renjun me pediu pra parar e foi como se tudo o que aconteceu voltasse, senti tudo de novo e doeu muito! - não conseguia esconder mais essa parte de si mesmo quando estava com o platinado. - Não é culpa dele, eu sou uma pessoa quebrada.

- Não diga isso, você não está quebrado, você é humano! Alguém te fez muito mal, está magoado, isso vai demorar um pouco para cicatrizar. - secou algumas lágrimas aproveitando para acariciar o rosto delicado e triste à sua frente. - Precisa ter paciência, ainda é muito recente, algum dia vai ter alívio de tudo isso.

- Será que eu mereço? Olha o que eu fiz com minha própria mãe!

- Você fez o certo, é sua mãe, mães também cometem erros e o dela te machucou muito, quando as pessoas machucam umas as outras a vítima precisa denunciar para que aprendam que isso não deve ser feito, ela também precisa pagar pelos seus erros. - se levantou e acariciou a cabeça de Jaemin. - A polícia vai cuidar bem dela.

Ele não respondeu, se concentrou em acalmar tudo o que estava sentindo. Enquanto isso, Renjun esperava do lado de fora, acabou vendo aquela cena quando ia se desculpar pelo que fez, mesmo que não soubesse o que havia feito de errado, aquilo foi difícil para seu coração apaixonado e ele acabou saindo de lá sem entregar para Jeno os biscoitos que havia passado a noite inteira aprendendo a fazer somente para entregar à ele.

change | norenminOnde histórias criam vida. Descubra agora