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Foi difícil para Jaemin contar tudo o que sofreu durante aqueles 4 anos, assim como foi assustador para Jeno e os policiais aceitarem dentro de si que alguém era capaz de fazer aquilo com o próprio filho. O mais velho ficou observando e ouvindo tudo em silêncio, foi interrogado sobre o assunto mas não possuía conhecimento além do que lhe foi contado naquela manhã.

- Como se sente? - se aproximou do amigo enquanto esperavam em frente a recepção após todos os procedimentos.

- Eu não sei o que sentir agora... Fico aliviado por ter feito isso e fico grato que você me ajudou a criar coragem, mas, ao mesmo tempo, me sinto como o pior filho de todos por estar denunciando minha mãe. - escondeu o rosto nas próprias mãos, provavelmente queria esconder o fato que estava chorando novamente, mas seus ombros denunciavam os soluços. - Que droga! Eu não paro de chorar!

- Está tudo bem agora. - não resistiu a abraçá-lo, odiava vê-lo daquele jeito. - Ninguém mais vai te machucar.

Jeno continuou abraçando-o até que um policial se aproximou e disse que eles podiam ir embora pois os próximos passos eram trabalho da polícia, não deixando de perguntar sobre a faculdade que frequentavam e se tinham alguma informação a compartilhar sobre o caso do assassino em série.

No caminho de volta pra casa, o platinado avisou que os dois não iriam pra faculdade e nem pro clube naquele dia, Taeyong disse que estava tudo bem e que iria cuidar para que não recebessem nenhum castigo no dia seguinte por parte dos outros professores. Enquanto voltavam, Jaemin estava muito quieto, era estranho vê-lo assim, queria animá-lo mas sabia que não era o momento certo, tudo que o moreno precisava era de apoio e, dependendo de Jeno, teria tudo o que precisasse.

[...]

- Jisung! - Chenle estava visitando o clube de artes novamente. - O que está fazendo?

- Estou desenhando. - respondeu como se fosse óbvio e realmente era.

- Que resposta sem sentimento... O que está desenhando?

- Eu não sei explicar, mas hoje acordei com o pensamento de que deveria fazer algo com a cor verde. - respondeu sem nem olhar para o amigo.

Ele não estava sendo grosso ou algo do tipo, estava realmente concentrado em sua arte, em sua tela havia um esboço de um dragão chinês que começava a receber a cor verde em suas escamas. Chenle não conseguiu deixar de pensar que aquele desenho era sobre ele, um dragão chinês e verde, sua cor favorita, não pensou nem por um momento que seu ego estivesse muito elevado.

- Você pensou em alguém quando começou a desenhar? - perguntou com um sorriso grande no rosto e o coração acelerado de animação.

- Como assim? É um dragão, por que eu pensaria em alguém? - virou seu rosto para olhar nos olhos do amigo.

- Vai saber... - ficou desapontado com aquela resposta, mas não havia nada que pudesse ser feito.

- Você não devia estar no clube de basquete?

- Estou fugindo do treino. - puxou uma cadeira como se ali fosse sua casa. - Eu amo basquete, mas estou cansado hoje.

A verdade é que eu queria te ver, ao menos por um momento. Era o que o chinês estava pensando, mas ainda não admitiria isso pra si mesmo.

- Eu imagino, basquete é muito divertido, mas o corpo precisa descansar. - voltou a pintar.

- Sim... Espera, você sabe jogar?

- É claro.

Cara! Tem como não amar?! Era o que os pensamentos de Chenle estavam repetindo, seu rosto ficou um pouco vermelho e seu coração acelerou.

- Por que nunca me disse? - estava muito animado com aquela informação.

- Não sei. - o mais novo deu risada da expressão indignada do amigo.

- Vamos jogar juntos algum dia!

- Claro, claro.

Anúncio tocando nos auto falantes da faculdade:

Pedimos que todos os alunos procurem locais mais movimentados, os que terminaram suas atividades devem ir imediatamente para seus dormitórios, os funcionários da faculdade irão acompanhá-los de perto a partir de agora.
Também pedimos sua colaboração para que todos estejam seguros e não entrem em pânico.

- Ué? Por que esse anúncio do nada? - Jisung perguntou, parecia preocupado.

- Um aluno do curso de direito foi encontrado morto no campus. - Chenle mostrou a tela de seu celular, estava em uma conversa com Lucas que tinha acabado de lhe enviar uma mensagem contando sobre o que estava acontecendo.

- Mais um? - o mais novo se encolheu, a realidade estava sendo jogada em sua cara novamente, não estavam seguros ali.

- Jisung?

- ... - ele estava calado, perdido em pensamentos.

- Vai ficar tudo bem. - acariciou o cabelo daquele gigante medroso. - Temos pessoas nos protegendo e tentando resolver isso, só precisamos colaborar e tudo ficará bem. - sorriu tentando passar segurança.

- C-certo. - o moreno virou o rosto para o outro lado, não queria que seu amigo visse que havia corado.

- Vou ficar com você até que termine.

- O quê?

- Seu desenho, quando terminar, podemos ir pro dormitório.

- Por que vai ficar comigo? Os outros membros devem estar voltando... - ele estava envergonhado.

- É perigoso ficar sozinha aqui. - respondeu como se ele pudesse proteger alguém com aqueles bracinhos finos. - É mesmo, onde foram todos aqueles membros daqui?

- A diretora pediu para fazerem uma obra de arte nas paredes do pátio. - voltou a pintar, queria terminar rápido para voltar pro dormitório.

- Sério? Vocês vão ganhar algo com isso?

- Não...

- Uau, vocês são tão prestativos. - tentou fazer aquilo parecer algo bom, mas não era, a diretora estava se aproveitando dos jovens talentos.

- Eles disseram que queriam fazer algo diferente, então ficaram felizes com a ideia.

- Sei...

- Terminei. - se levantou, teve um leve tontura pois ficou sentado por muito tempo e se movimentou muito rápido.

- Ficou incrível!

Chenle não poupou elogios naquele momento até que Jisung pediu que parasse ou ele morreria de vergonha.

[...]

Naquele dia, muitas pessoas haviam faltado a suas atividades de clubes, uma foi assassinada e o outro era o assassino que todos procuravam, felizmente isso diminuiu a lista de suspeitos da polícia rapidamente e a esperança parecia ter voltado, os interrogatórios foram agendados.

8 vítimas em 5 meses...

Os assassinatos haviam parado por um tempo, ele devia estar ocupado com algo durante esse tempo, mas o quê? Havia muitas lacunas, quais eram seus motivos? Como um assassino em série pensa? O que sente? Eram muitas perguntas que eram cruciais para encontrar o culpado e a polícia não conseguia respondê-las.

change | norenminOnde histórias criam vida. Descubra agora