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Jaemin estava nervoso e preocupado, sempre ficava assim quando tinha que visitar sua mãe, eles tinham um relacionamento complicado, no mínimo.

- Quanta demora, achei que nunca mais viria aqui! - ela reclamou.

- Você deve ao menos imaginar o motivo de que não venho. - estava alerta a todos os movimentos dela. - O que está planejando?

- Por que eu estaria planejando alguma coisa, só queria ver o meu único filho. - se aproximou da porta e a trancou.

- Por que trancou a porta?! - começou a ficar assustado, os pelos de seu pescoço ficaram arrepiados.

Já era tarde demais, ele tinha esperanças de que sua mãe havia mudado, por que sempre tinha esperanças de ser tratado como um filho ao invés de amante?

Isso mesmo, desde que sua mãe descobriu sobre sua sexualidade, sua vida havia virado um inferno na Terra, ela dizia que precisava curá-lo daquela doença o mais rápido possível e, assim, começaram os abusos. Ele estava fazendo sexo com a sua própria genitora, tinha alguma forma de fugir disso sendo que acontecia desde seus 15 anos? Havia alguma forma de fugir sem machuca-la?

Ele não se debatia para não feri-la, pensava que devia obedecer a qualquer custo, pois era sua mãe, sua genitora, aquela que deveria ama-lo acima de tudo. Não gostava daquilo, chorava imóvel enquanto ela fazia de tudo com seu corpo e mesmo que não fizesse nada, apanhava, recebia xingamentos. Aquela noite seria mais uma em que sua esperança superou seu medo, só queria que sua mãe lhe tratasse como filho, desejava aquela amor desesperadamente, mas sentia que estava morrendo aos poucos a cada abuso.

- Qual é o seu problema?! - ela gritou aquela pergunta após algum tempo de relações sexuais frustradas. - Eu tenho nojo de você! Se eu fosse algum vagabundo, te deixaria excitado?!

O moreno só ouvia em silêncio, chorando, inconsolável.

- Eu te dei a luz e você me deu o maior desgosto de todos! Como pode o meu filho ser gay?!

- Exatamente! Eu sou seu filho! Como pode fazer isso comigo?

- Estou fazendo isso para o seu próprio bem.

- Como pode me fazer bem transar com a minha mãe?!

- Estou fazendo isso para te curar!

- Não estou doente! Sabe o quanto isso me magoa? Sabe o quanto eu sinto que estou morrendo por dentro?

- Cale a boca! Nenhum filho deve responder seus pais!

Aquilo continuou até o dia quase amanhecer, Jaemin havia passado mais uma noite traumatizante de abusos sexuais, físicos e psicológicos vindos da pessoa que deveria ser a mais importante em sua vida. Nunca frequentou um psicólogo, nem falou para ninguém o que acontecia, sua mãe havia enfiado em sua cabeça que ninguém o ajudaria, pois devia obedecer seus pais a todo custo, eles sempre estavam certos e sabiam o que seria melhor para ele, foram 4 anos sofrendo em silêncio, se perguntava se seu pai sabia o que estava acontecendo antes de ir embora.

Esperou que ela dormisse para poder fugir, mais uma vez...

[...]

Jeno estava preocupado com o amigo que não voltava, acabou caindo no sono no sofá e acabou acordando quando ouviu o som da porta.

- Você ainda está acordado? - Jaemin perguntou, sua voz estava mais rouca e baixa do que o normal, seu rosto deixava claro que havia chorado muito, mas ele tentava esconder.

- O que aconteceu com você? - perguntou se aproximando rapidamente enquanto o moreno se afastava.

- Não é nada demais, eu acabei brigando com um parente.

- Nada demais? Você está péssimo! Olha esses roxos e os seus olhos! - ele não desistiria daquilo fácil.

- Eu já disse que não foi nada! - gritou com todas as suas forças, as lágrimas voltaram e ele não conseguiu se conter. - Eu quero morrer...

- O quê?... Não diga isso nunca! - não conseguiu fazer nada ao ver seu amigo cair de joelhos chorando desesperadamente. - Me diga o que aconteceu, eu quero ajudar.

- Ninguém pode me ajudar, eu estou sozinho e sou obrigado a obedecê-la. - cobriu seu rosto com suas mãos.

- Dizem que se dividir, o fardo fica mais leve. - abraçou-o tentando acalmá-lo.

- Eu estou transando com minha mãe, não sei o que fazer. - foi difícil entender o que ele disse naquele momento pois estava soluçando e chorando muito, Jeno ficou em choque com aquilo e não soube o que dizer.

Acabou que Jaemin caiu no sono em seus braços, parecia exausto depois de tantas emoções, então levou-o para seu quarto e deitou-lhe na cama com cuidado. O que deveria fazer com aquela informação? Havia algo que pudesse fazer por ele? O que diabos estava acontecendo?

- Não me deixe sozinho! - o moreno pediu quando Jeno estava saindo do quarto. - Por favor.

O platinado não disse nada, só se aconchegou na cama pequena e o abraçou, deixou-o chorar o quanto quisesse até que pegasse no sono novamente. Ficou observando aquela expressão perturbada no rosto alheio mesmo durante o sono, talvez estivesse tendo pesadelos. O que faria? Seu amigo e interesse amoroso estava passando por algo terrível, como poderia ajudá-lo? Também tinha a questão do Renjun... Sua cabeça estava uma bagunça, mas, com certeza não estaria pior do que a do moreno à sua frente.

Aquela noite foi péssima para os dois, Jaemin estava tendo pesadelos e ele não conseguia parar seus pensamentos para poder dormir.

change | norenminOnde histórias criam vida. Descubra agora