i know you crossed a brigde that i can't follow

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-HELENA! -A loira se levantou de um salto ficando sentada e olhando para a decoração de seu quarto na penumbra da madrugada.

Sentiu o suor escorrendo pelas suas costas enquanto ofegava demorando um tempo para perceber que aquilo havia sido mais um pesadelo.

O destino era cruel em fazê-la assistir aquela cena repetidas vezes também em seus sonhos.

Como se não bastasse lembrar o tempo inteiro do acontecido.

Ao tatear o lado direito da cama, percebeu o local vazio e frio.

Por mais que agora estivesse acordada, parte do pesadelo continuava na vida real.

Não teve tempo de pensar muito, pois a porta de seu quarto foi aberta rapidamente e a cabeça ruiva de sua filha adotiva surgiu correndo até seu encontro, subindo na cama com dificuldade pela altura e jogando os bracinhos infantis ao redor de seu pescoço a abraçando apertado.

-Mamãe, está tudo bem. Eu estou aqui, fique calma. -Sentiu as pequenas mãos fazendo carinho em suas costas enquanto tentava normalizar a respiração. -Sonhou com a mamãe Helena de novo não é?

-Desculpa te assustar filha. Eu... foi apenas um pesadelo. - Falou tentando disfarçar se amaldiçoando por ter assustado a criança.

Era obrigação dela acalmar a filha depois de um pesadelo e não o contrário.

-Eu também sonho com ela. -Disse olhando os olhos azuis da mulher. -Queria muito que a mamãe estivesse aqui...

-Eu também Amy, eu também... -Leah falou olhando para baixo sentindo a mão da menina em seu rosto limpando as lágrimas que ela nem viu começarem a escorrer. -Eu estou bem agora querida... Vou te colocar de volta na cama, daqui a pouco você tem aula e... -Disse retirando as cobertas de cima de si enquanto ouvia um suspiro da menina.

-Amanhã é feriado mãe, as vovós vão ficar comigo esqueceu? -Perguntou Amy sorrindo fazendo a inglesa se envergonhar. -É dia de assar biscoitos e bolinhos floridos!

-Desculpe querida, eu realmente esqueci seu feriado favorito. Prometo chegar o mais cedo possível para assar os biscoitos com vocês. -Leah queria se bater por esquecer uma das datas mais importante para a filha. -Mas você ainda precisa voltar a dormir, por que não é hora de estar fora da cama. -Falou pegando na mão da menina enquanto a guiava para seu quarto.

O dia seguinte era a última segunda de agosto e desde a adoção de Amy, Helena fazia questão de preparar biscoitos e bolinhos com desenhos de flores de glacê com a pequena para que as três pudessem assar e comer, era uma tradição na casa delas.

Mas a jogadora jamais pensou que um dia, não teria mais a esposa consigo para organizar esse dia tão esperado pela filha do casal.

-Eu não estava dormindo... -A menina confessou enquanto andava com a mãe até seu quarto. Entrando lá, Leah viu o tablet com capa rosa da garotinha ligado em cima da cama. -Desculpa. -Pediu acanhada enquanto subia até os travesseiros. -Eu estava assistindo a primeira entrevista que a mamãe fez com você. Amo aquele vídeo.

Leah sorriu se lembrando do que se tratava.

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A Inglaterra havia acabado de ganhar da Suécia na semifinal da Eurocopa e Leah estava radiante de felicidade e alívio.

Mas também sentia-se nervosa e aflita pela expectativa.

Era a capitã do time afinal e sentia o peso da responsabilidade pesar em seus ombros.

Estava dando uma entrevista para sua melhor amiga, Alex e entre uma resposta e outra ela simplesmente travou.

Na área dos jornalistas, uma mulher fez a capitã do time inglês perder a fala.

Com os cabelos lisos, castanhos claros e curtos pouco abaixo dos ombros, olhos verdes como o gramado em que havia acabado de jogar e vestindo uma calça de lavagem clara com um moletom na cor preta, estava uma garota rindo de alguma coisa e olhando para trás.

Era a mulher mais linda que Leah já viu.

Ela sentiu como se o ar tivesse sido esvaziado de seus pulmões e não conseguia pronunciar uma sílaba que fosse.

-Leah? O que houve? -Ouviu de longe a voz da jornalista quando seus pés a guiaram por conta própria até ela ignorando sua amiga que a chamava.

Quando a jogadora foi se aproximando, os outros jornalistas que estavam ali dispararam perguntas mas ela não ouviu nenhuma.

Parou diretamente na frente da garota e com toda a confiança que sabia que tinha, cumprimentou.

-Olá... Tem alguma pergunta pra mim?

A moça que usava um crachá com o nome Helena escrito engoliu em seco ruborizando na hora pelo nervosismo.

Estava ali apenas como estagiária do jornal de Oxford e não esperava que nenhuma jogadora fosse falar com ela e Ethan, seu melhor amigo, cinegrafista e companheiro de estágio, quem dirá a capitã do time finalista.

-Boa noite Leah, parabéns pelo jogo. Vocês foram incríveis. Qual é a sensação de estar a um passo de ser a campeã europeia? -A garota perguntou da maneira mais profissional que conseguiu e Leah sentiu que seu coração iria explodir.

Não achava ser possível se apaixonar tão rápido por alguém que jamais havia visto, mas ali estava a prova de que o amor simplesmente acontece sem que a gente saiba explicar como e por quê.

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Após aquela entrevista, muitos vídeos circularam a internet com o título "O momento em que Leah Williamson se apaixonou pela jornalista de Oxford" pelo jeito que a jogadora olhou para Helena e o tom de flerte que usou com ela.

Até hoje Leah mantinha uma cópia salva em sua nuvem, pois era uma lembrança muito doce de como sua história de amor começou...

-Eu também gosto daquele vídeo Amy, foi naquele momento que eu percebi que meu coração era da sua mãe. -Respondeu recebendo um sorriso triste da filha. -Agora vamos, você deve dormir mocinha.

-Não precisa me colocar para dormir mamãe, já sou grande demais para isso. -A ruiva reclamou enquanto Leah a guiava até debaixo das cobertas. -Eu te amo mamãe.

-Te amo querida. E sua mãe também. -Respondeu garantindo enquanto dava um beijinho na testa da filha e se dirigia para fora apagando as luzes.

-Mãe... -Leah se virou antes de fechar a porta. -A mamãe nunca vai deixar a gente, o amor dela sempre vai nos acompanhar. -Ela repetiu as últimas palavras que ouviu de Helena antes dela partir.

-Eu sei meu amor. -Leah saiu e ao fechar a porta, usou as mãos tampando sua boca para que Amy não ouvisse seus soluços.

Quando estava em seu próprio quarto novamente, se permitiu sentar na ponta da cama e deixar que as lágrimas rolassem livres.

Lágrimas de tristeza, saudade, agonia e culpa.

Sua esposa havia falecido há 6 meses, mas ainda podia sentir o cheiro dela na casa e ouvir o som da sua risada alta pelos cômodos.

Ela não conseguia mais sentir paz após isso, seu coração nunca mais descansou e ela só continuava cada dia por Amy, a filha adotiva das duas que se mostrou muito mais forte que ela por mais tristeza e saudade que sentisse de Helena.

Nos anos em que a esposa conseguiu criar a filha delas e influenciar no temperamento, comportamento e educação da menina, ela a ensinou sobre como ser forte, perseverante, resiliente e ter muita coragem.

Essa criação foi fundamental para que ela hoje, conseguisse lidar com sua ausência muito melhor que Leah, que sentia-se incompleta e quebrada desde que a mulher se foi.

-Me perdoa Helena, eu sinto muito. -Falou baixinho deitando-se novamente e deixando que o rosto da amada viesse em sua mente tomando seus pensamentos.

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