Tears In Heaven

but i feel like i die 'till i feel your touch

-Na noite em que o Dr. Capshaw contou que eu ia ter alta e eu mandei você pra casa... -Helena começou um tanto trêmula.

Leah prestava atenção nas palavras da esposa enquanto notava o quão cansada e doente ela parecia.

-Durante a madrugada... Houve um crime no hospital.

-Que crime? -A loira perguntou.
Ruby revirou os olhos e fez um gesto com as mãos para que Helena continuasse.

Saber sobre o crime era só mais um detalhe naquele emaranhado problemático que estava se desenrolando ali.

-O hospital da família da Helena... -Alex começou pegando no braço da ruiva sabendo que ela não teria coragem de falar aquilo. -Está sendo alvo de uma série de roubos...

-O que estão roubando? Será que vocês poderiam ser diretas? -Leah falou gesticulando.

-Orgãos Leah Williamson. -Ruby cortou implicante. -Estão roubando órgãos no hospital da família Blake. Pulmões, córneas, fígados, rins e na noite em que a Helena morreu... -Fez aspas com as mãos. -Roubaram um coração de um adolescente que estava lá apenas para operar uma apendicite.

Um flash de memórias surgiu na cabeça de Leah ao lembrar-se do casal com expressões desoladas no rosto assim que ela saiu da sala do Dr. Capshaw ao saber sobre a morte de Helena.

Ela ouviu claramente a assistente social do hospital recebendo uma enxurrada de perguntas quando o casal quis saber como seu filho de 16 anos havia morrido após uma simples apendicectomia.

-Eu me lembro vagamente disso... Mas estava mais preocupada em absorver o fato de que você tinha morrido. -Leah jogou na cara da ruiva que se encolheu com a acusação. -E como que...

-Se você parasse de interromper e deixasse ela falar... -A policial alfinetou fazendo Leah ficar cada vez mais irritada.

-Ruby! -Helena chamou sua atenção e essa interação fez a jogadora estreitar os olhos. -A questão é que eu vi a ação dos bandidos... Eu vi eles assassinarem uma das enfermeiras e... E eles souberam que eu vi.

Os olhos azuis de Leah se arregalaram nesse momento e o ato de chegar mais perto da esposa mesmo querendo descobrir tudo antes de decidir se confiava nela foi involuntário para tentar confortá-la.

Aquele ato fez Ruby novamente revirar os olhos e Alex chegou a rir fraco do ciúmes da policial.

-Nós estávamos vigiando aquele hospital há um bom tempo... Por isso quando o crime aconteceu eu e o Dr. Capshaw tiramos a Helena do hospital... Mas ela rompeu os pontos, teve de fazer uma transfusão, teve complicações e quando acordou... Já tinha se passado alguns dias desde seu velório. -Ruby se intrometeu.

-Nós estávamos vigiando? Nós quem? Aliás, quem é você? -Leah perguntou com um tom irritadisso depois de mais uma interrupção da mulher.

Helena sorriu internamente sabendo que esse era o tom que ela usava quando estava com ciúmes.

-Ruby Langenheim. Comandante de investigação do caso de tráfico de órgãos nos hospitais mais famosos da Inglaterra e responsável pela proteção da testemunha Helena Blake Williamson. Faço parte da equipe da Scotland Yard.

Se Leah não estivesse absolutamente tomada pelo ciúmes da mulher teria ficado impressionada, mas achou desnecessária toda aquela narrativa exagerada.

-Que seja. -Respondeu fazendo Ruby sorrir sabendo que conseguiu ao menos deixar a jogadora insegura. -Vocês falaram no Dr. Capshaw? O médico que me disse que você tinha morrido... Sabia que você estava viva?

-Sim, e ele vem cuidando de mim todo esse tempo... -Essa informação fez Leah levantar uma sobrancelha.

-Bom, pelo visto não muito bem não é? -Leah perguntou apontando para a esposa. -Você me parece mais doente do que quando levou o tiro.