Após Amy jantar, Leah e Alex deitaram-se com a menina e ficaram esperando ela dormir.
A garotinha chorou até que pegasse no sono novamente e Alex começou a cochilar assim que ouviu a respiração de Amy pesar.
Leah em compensação, cobriu as duas com uma manta que Helena costumava deixar perto da cama de Amy e saiu do quarto.
Por mais que ouvisse como não era saudável manter as coisas do jeito que a falecida esposa deixava, acabava fazendo tudo no automático como se a qualquer momento, Helena fosse voltar e ver que tudo estava exatamente do jeito que ela deixou.
Teve que tapar a boca para abafar os soluços e não acordá-las.
Pensava que a dor da saudade passaria com o tempo.
Mas parecia que a sensação de vazio só aumentava, junto com a raiva e a culpa.
Helena não deveria ter morrido e aquela tragédia só havia acontecido por causa de Leah.
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Leah estava absolutamente raivosa.
Há 100 dias da Copa do Mundo Feminina da Austrália havia sofrido com a famosa Ruptura do Ligamento Cruzado Anterior, infelizmente muito comum no futebol feminino.
Teve de assistir suas colegas, seu país perder a competição enquanto não podia fazer absolutamente nada.
Naquele dia 20 de agosto, sentiu tanto ódio de si que precisava descontar em alguém.
Infelizmente esse alguém acabou sendo Helena.
Assim que acabou o jogo, saiu quieta da sala deixando seus familiares, a esposa e sua filha desconfortáveis.
Estava no quarto tirando a camiseta da seleção quando Helena entrou cautelosa.
-Meu amor? Você está bem?
-Obviamente que não Helena, queria que eu estivesse como? -Respondeu com rispidez.
-Elas foram guerreiras amor... Mas tinha muitos desfalques e... -A jornalista tentou argumentar mas Leah estava sem paciência.
-Eu não quero ser consolada Helena. Quero ficar sozinha.
-Certo... Desculpe. Eu vou dormir com a Amy. Boa noite Leah. -Disse fechando a porta e deixando a zagueira sozinha.
Helena procurou compreender a indignação de Leah, havia perdido a chance de disputar aquela copa, viu seu time perder, tinha razão por estar com raiva e por isso saiu deixando a mulher quieta.
Leah ficou um tempo olhando as mãos, se culpando por ter deixado as companheiras sozinhas naquele momento.
Se não tivesse se lesionado, quem sabe poderia ter ajudado elas a lutarem um pouco mais.
Algumas horas mais tarde, acabou sentindo-se culpada por ter falado com a morena daquele jeito, não precisava ter sido tão estúpida.
Saiu do quarto vendo toda a casa já escura e ao abrir a porta do quarto de Amy, viu ela e Helena dormindo pesado.
A garota tinha a cabeça pousada no peito da mãe que mantinha os braços ao redor da menina.
Sorriu com aquela cena e resolveu sair para respirar um pouco de ar puro, decidindo pedir desculpas no dia seguinte.
Helena havia sido uma peça crucial para sua recuperação.
Ela acompanhou cada pequeno passo que a capitã deu desde que saiu daquele jogo machucada.
Lutou ao lado dela cada dia, vibrou com cada evolução e cuidou de Amy sozinha quando o emocional de Leah estava clamando por um tempo de privacidade.
A esposa estava cumprindo a parte "na saúde e na doença" enquanto ela sabia estar falhando.
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Tears In Heaven
RomanceQuão raro e lindo é encontrar alguém que te faça acreditar que o Universo foi feito para ser visto pelos seus olhos? E quão doloroso é acordar um dia, em um mundo onde esse alguém não existe mais? Como lidar com a presença constante de uma ausência...