Capítulo 28 - 140719

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Luna: Viu? Até que você é carinhosa.

Ayla: Haha você não é Ave Maria mas é cheia de graça.

Luna: Obrigada pela comparação. Enfim, nem acredito que o dia já acabou, amanhã começa tudo de novo.

Ayla: E se a gente não for trabalhar?

Luna: Quem irá te sustentar? Você come demais.

Ayla: Me acha gorda?

Luna: Eu não disse que você é gorda, você é só você.

Ela me beija desconfiada, nos abraçamos e a campainha toca de repente assustando a gente.

Luna: Está esperando alguém?

Ayla: Não! Já está tarde quem viria uma hora dessa?

Luna: Não acha que pode ser ele?

Ayla: Nem pensar, ele nunca vem sem avisar.

Luna: Então deve ser as meninas, elas podem ter esquecido alguma coisa.

Ayla: É a cara da Lana esquecer algo, vou zuar ela.

Ayla, que se levanta rapidamente da cama caminhando para fora do quarto, apressa seus passos com sorriso no rosto pronta para zombar de quem está atrás da porta. Me levanto indo atrás dela, mas, logo o clima perde a graça e se torna tenso quando percebo de longo o estranho silencio de Ayla, freio meus passos quando escuto sua voz trêmula saindo aos poucos, encarando a pessoa que está em sua frente na porta. É um senhor alto de cabelos grisalhos e compostura séria.

Ayla: Pa... pai...

Pai? É o pai dela? Me aproximo devagar com passos calmos atrás de Ayla e comprimento acenando com a mão para aquele senhor paralisado na porta, sua feição mostra surpresa levantando o queixo me encarando de cima embaixo.

Ayla: Devia ter me ligado antes de vir. Vou apresentá-los. Luna, este é o meu pai. Pai, está é a mulher de quem falei.

Espera! Ela falou de mim para seus pais? Ela havia dito mais cedo que eles não sabiam de nós. Minhas pernas estão trêmulas.

Luna: Muito prazer, senhor. Me chamo Luna.

Pai de Ayla: Certo. Vamos entrar.

Ayla, não se move do meu lado. Seu pai apenas me olha sem interesse, dando dois passos para frente de nós ele de repente para quando percebe que Ayla não se mexe para abrir espaço no caminho. Mesmo calmo a voz dele transparece nervosismo e impaciência em nos ver juntas.

Pai de Ayla: Não me ouviu? Vamos entrar, saia da frente da porta!

Luna: Bem... como não esperava isso, deve estar incomodado com a minha presença, mas gostaria de me apresentar formalmente outra hora.

Ayla: Pai...

Pai de Ayla: Vamos, saia do caminho!

Luna: Vou embora, senhor. Boa noite.

Olho para Ayla que vira o rosto me encarando surpresa, seu pai por sua vez não se deixa abater com minhas palavras, ele está irritado. Sendo assim me retiro da frente dos dois. Ele apenas quer entrar pra dentro só para chamar a atenção dela na minha frente, talvez, seu objetivo seja me fazer ver o que estou fazendo com a vida dela. Ela não está pronta para ouvir palavras duras de quem não se interessa em saber quem eu sou entre quatro paredes. Apenas pela sua postura posso decifrar que ele é um pai a moda antiga, com ensinamentos de que um relacionamento deve ser composto pelo modo tradicional, ou seja, homem e mulher.

Pai de Ayla: Não está me ouvindo, Ayla? Falei pra sair da frente da porta. Quero entrar!

Com passos rápidos me distância da casa dela, nesta noite fria e estrelada deixo meu amor para trás. Posso até ser uma covarde de estar indo embora assim, mas, há tristeza em meu coração. Os olhos dele estavam mais frios que o gelo desta noite. Peço um Uber e vou para a casa da minha irmã, ela que está acordada levando o lixo para fora, se assusta deparando comigo chegando no portão da casa.

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