Capítulo 31 - EI!

175 10 1
                                    

O sol já está se pondo, as pessoas caminham felizes pela ciclovia e o parque. Chego no meu condomínio e encontro o carro de Ayla estacionado do outro lado da rua, ela está lá dentro me olhando pela janela fechada.

Ayla: Pode entrar.

Luna: Estou fedendo a bebida.

Ela sorri gentilmente para mim e sai do carro.

Luna: Eu estava pensando em você, senti sua falta.

Ayla: Eu também. Você bebeu?

Luna: Sim, só um pouquinho por terem insistido.

Ayla: Luna...

Me aproximo dela quando ela começa a querer dizer algo. Não quero mais deixá-la triste, então a abraço forte.

Luna: Me desculpa por ter te pressionado no telefone. Vai ficar tudo bem, estaremos melhor quando tudo isso acabar.

Ayla: Sim... obrigado! Consigo ser firme porque você me ensinou.

Luna: Não sei para onde você foi hoje depois do trabalho mas seria um incômodo se caminharmos juntas agora?

Ayla: Você jamais me incomodaria. Mas... tem algo que não contei a você.

Luna: Não precisa me contar. Deixe-me caminhar ao seu lado. Foi você que disse que estar em um relacionamento é fazer as coisas juntas.

Entrelaço a minha mão na dela e caminhamos lentamente na calçada, deixando o vento nos guiar para qualquer lugar. Acho que eu sabia lá no fundo para onde ela foi, mesmo que ela tivesse contado. A Ayla se olha no espelho e vê alguém que os outros querem que ela seja ou se torne, por mais que ela dê o seu melhor todos os dias. É por isso... que ela teve que crescer sendo uma boa pessoa e filha, assim, os pais dela sentiriam orgulho.

Ayla: Seus amigos estão bem? Lana, não te deu trabalho?

Luna: Estão. Não se preocupe, ela é gente como a gente.

Ayla: Que bom! E você? Está bem?

Luna: Claro. Melhor agora caminhando segurando a sua mão. É primavera, mas ainda está frio mesmo com o sol se pondo, não é? E você está bem?

Ayla: Sim. Te ver faz todos os problemas irem embora dos meus pensamentos.

Luna: Como foi o seu dia? Você se alimentou bem?

Ayla: Sim, senhora! Eu almocei bem, descansei bem nos intervalos pequenos que tive.

Luna: Isso é bom.

Ayla: Agora estou exausta, é melhor a gente voltar. Podemos nos ver amanhã.

Luna: Tudo bem. Vamos voltar.

Há algo acontecendo com Ayla, seu timbre de voz está embargada, seu sorriso carrega uma áurea triste. No decorrer da minha vida percebi vendo através das pessoas que elas tem duas reações quando ficam magoadas. Algumas pessoas escondem a ferida e deixam que inflame, já outras pessoas exibem a ferida e crescem como árvores. Quando começamos a gostar de uma pessoa, queremos vê-la e ouvi-la muito mais, nossos sentidos se atentam a ela sem que percebamos. Como isso se repete, um caminho é criado, um caminho que só você pode decidir se quer seguir.

Redescobrindo o Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora