4 - De volta à Cipher Pol

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Acordei assustada de madrugada, incomodada pelo calor do quarto abafado do navio. Vejo do meu lado Flick apagado. Fizemos o curso de formação juntos e agora estamos a caminho da base para reportar o relatório das nossas missões.

Ele se remexe quando eu me levanto da cama:

_ Aonde vai, S/n? Em poucas horas chegamos. Volta pra cama.

_ Vou... beber algo. Tá calor.

Saio dali de imediato querendo meu quarto. Odiava dormir junto com qualquer pessoa, especialmente após transar. Era intimidade demais e não queria isso, não estava pronta. E definitivamente não queria ficar íntima de Flick. Ele era ok, mas era mais um cara com um papo bom e sexo mediano. Foi uma boa companhia ao final de 6 longos meses de treino, isolada do mundo.

Chego ao meu dormitório, abro o armário e pego uma garrafa de saque escondida no fundo, embaixo de algumas roupas. Vou até a parte externa do navio, ergo a garrafa e diz:

_ A nós!

E penso: E por que encontrei agora com você depois de tanto tempo?

Flashback on:

Dois anos antes:

_ S/n, chega. Você já ficou tempo demais fazendo o que quer da vida. Está na hora de seguir seu caminho como uma agente. Você precisa se preparar para o teste.

Era de manhã cedo, e eu tinha acabado de chegar em casa. Meu pai achava que eu estava pelos bares da cidade, e eu estava, mas com um grupo de amigos jogando conversa fora entre músicas e muita bebida. E ele continua:

_ Você fez 18, e como combinado, irá para East Blue treinar habilidades para escolher um estilo de luta. Partimos amanhã quando o sol nascer. Esteja pronta.

Bufei. Custei a fazer amigos com quem era divertido conversar, agora terei que me despedir deles. Bom, eles não sabem que sou filha de um vice-almirante da Marinha, se soubessem, com certeza não seriam meus amigos. Mas isso agora não importava mais, porque fiz uma promessa que precisaria cumprir, em nome da minha mãe que me fez jurar em seu leito de morte que eu descobriria mais sobre nossa linhagem, e trabalhar para o Governo Mundial era o caminho mais curto. Meu pai não podia nem sonhar que a família da minha mãe era de piratas. Quando ela o conheceu, negava meus avós, mas depois encontrou um livro de bordo deles contando muitas coisas sobre o Novo Mundo e ela entendeu que não foi abandonada... Só que antes que eu pudesse ler esse livro, ela o jogou na fogueira para que meu pai não visse. Me mata de curiosidade.

No jantar, meu pai abre um vinho e brinda:

_ Feliz aniversário, S/n! Você será incrível como agente da Cipher Pol!

_ Eu espero ter as habilidades necessárias, pai... Seria tão mais fácil com uma Akumo no mi...

_ Sem atalhos! Você precisa aprender a lutar sem a fruta, assim não fica refém do mar.

Eu sorrio e brindo com ele.

Meu pai tinha grandes planos pra mim: aula de luta, espada, tiro... e depois um monte de outras coisas que eu não entendia bem. E eu só queria as informações que só o Governo Mundial tem.

Não rendi muito o papo no jantar, me deitei cedo, sem saber o que esperar nesse treinamento que ele planejou pra mim.

No dia seguinte partimos logo para East Blue. Alguns dias depois chegamos em um lugar chamado Vila Shimotsuki, um vilarejo pequeno, com um dojo que meu pai dizia ser um dos melhores no treinamento de luta com espadas.

_ S/n, nos vemos em um ano. Dê o seu melhor.

Assenti com a cabeça e dei um abraço nele. Meu pai era um exemplo de integridade de caráter, mas eu temia o que seu ranço por piratas poderia fazer. Eu entendia muito bem por que minha mãe escondeu dele quem eram seus pais. Se não tivesse ocultado essa informação, bem, eu não estaria aqui hoje.

Desde criança tinha o hábito de me esconder no escritório dele para ouvir as conversas de trabalho, eu gostava de brincar de espiã. Um dia o ouvi conversando com seu superior algo sobre o século perdido, Joyboy e piratas. Não entendia muito bem o que significava tudo, e não sei se ele sabe também. Ele ficou nervoso e seu superior o fez prometer discrição. Desde então eu também quero saber mais, mas nunca mais ouvi falar nada também.

_ S/n - Koshiro me chama - Venha, vou te apresentar a todos.

Eu realmente gostava de conversar, então esperava fazer amizades por lá. Um grupo se aproximou e se apresentou, perguntaram meu nome e fiquei entretida por conhecer tantas pessoas. Depois de um tempo me dei conta de um cara de cabelos verdes treinando ao fundo, muito concentrado.

_ Não liga, ele é na dele. Ele é o melhor espadachim daqui, treina como doido, mas não espere grandes interações com ele - um novo colega me alertou.

Não liguei.

Fui me ambientar com as espadas de madeira, entender o peso de uma katana e quase deixei-a cair quando fui desembainhar. Que vergonha!

O de cabelos verdes me olhou com olhar de desdém com aquela cena desengonçada enquanto os outros colegas riam. A espada era simplesmente pesada demais!

Saí para buscar água rindo da situação, quando saio do dojo e me deparo com o rapaz sério:

_ Vai ter que treinar pra conseguir segurar a katana. Você é fraca.

Congelei. Não entendi se era uma crítica ou um incentivo.

_ Obrigada...?

Ele continuou andando e eu pensei que realmente era fraca e esse ano seria penoso...

No dia seguinte cheguei para a minha primeira aula. As aulas eram pela manhã, a tarde os treinos eram livres onde os alunos costumavam treinar entre si e as noites eram livres. Ao terminar a aula da manhã eu já estava morta de cansada e resolvi pular os treinos da tarde para conhecer o lugar com a desculpa que meus braços doíam.

Avistei um córrego e perto daqui e O QUE????

Aquele doido do cabelo verde estava levantando duas pedras ENORMES???

Quem era ele afinal?

Fiquei olhando de longe, curiosa. Tomando cuidado para não ser notada. Lembrei das brincadeiras de criança escondida no escritório do meu pai. Pelo menos em algo eu era boa, e definitivamente não era em puxar peso.

Eu estava surpresa com aquilo, ele não estava brincando quando me chamou de fraca eu ri porque comparado a ele eu era fraca mesmo.

Nos dias que seguiram, comecei a ter mais habilidade em pegar a espada de madeira, já ensaiava uns golpes, mas era cansativo.

Um dia a noite, a caminho do jantar, o do cabelo verde se esbarra em mim de novo:

_ Você precisa treinar, senão não vai conseguir dar um golpe certeiro.

Fiquei puta:

_ Vai ficar só falando isso ou vai fazer alguma coisa de fato pra me ajudar?

Ele se assusta e ri de lado.

_ Amanhã à tarde no lugar de sempre.

Que? Então ele tem me visto observá-lo? Que vergonha.

_ Ta. - Engoli seco - Mas qual o seu nome?

_ Roronoa Zoro.


Oioi, autora aqui!

Quem vocês acham que é o pai da S/n?

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